Missão tripulada da Boeing Starliner adiada pouco antes da decolagem
O primeiro lançamento tripulado da nave espacial Starliner da Boeing para a Estação Espacial Internacional (ISS), que enfrenta um atraso de vários anos, foi adiado na segunda-feira (6), duas horas antes da decolagem devido a um problema de segurança.
"Adiada a tentativa de lançamento desta noite", anunciou na rede social X o diretor da Nasa (Agência Espacial dos Estados Unidos), Bill Nelson. "A prioridade da Nasa é a segurança. Iremos quando estivermos prontos", acrescentou.
O fabricante do lançador, o grupo United Launch Alliance (ULA), explicou que detectou uma anomalia em uma válvula do foguete Atlas V que impulsionaria a cápsula Starliner para a órbita.
A nova tentativa de decolagem dependerá da análise dos técnicos da ULA, uma empresa conjunta da Boeing e da Lockheed Martin.
Em caso de necessidade de substituição da válvula, a operação levará "vários dias", declarou Tory Bruno, diretor da ULA.
Bruno explicou que a equipe trabalharia durante toda a noite para apresentar sua análise nesta terça-feira. Também afirmou que "a tripulação nunca esteve em perigo".
Os astronautas Butch Wilmore e Suni Williams, que decolariam da base de Cabo Canaveral na Flórida, já estavam em seus assentos se preparando para a decolagem quando o cancelamento foi anunciado.
Os preparativos, no entanto, aconteceram sem problemas: o foguete recebeu combustível, o tempo era considerado ideal e os astronautas estavam acomodados em seus assentos.
A Boeing tem muito em jogo com o programa de desenvolvimento do Starliner, que virou uma saga marcada por surpresas desagradáveis, atrasos e contratempos.
A gigante aeroespacial precisa demonstrar que sua cápsula é segura antes de iniciar missões regulares à ISS, com quatro anos de atraso para a SpaceX.
Para a Nasa, que encomendou o veículo há dez anos, a tarefa também representa um desafio muito importante.
Ter um segundo veículo além do desenvolvido pela SpaceX para transportar astronautas americanos permitirá responder melhor a "diferentes cenários de emergência", por exemplo em caso de problema com uma das naves, destacou Dana Weigel, diretor do programa da ISS.
- Dificuldades -
O sucesso da missão também seria mais que bem-vindo para a Boeing, que enfrenta problemas com a segurança das suas aeronaves e um grande atraso no programa Starliner.
Em 2019, durante um primeiro teste não tripulado, a cápsula não entrou na trajetória correta e retornou sem alcançar a Estação Espacial.
Dois anos depois, quando o foguete estava na plataforma de lançamento para uma nova tentativa de voo, um problema com válvulas bloqueadas, desta vez na cápsula, provocou outro adiamento.
Apenas em maio de 2022 a nave sem tripulantes conseguiu atracar pela primeira vez na ISS.
A Boeing acreditava que poderia fazer o primeiro voo tripulado no mesmo ano, mas problemas detectados no último momento nos paraquedas que freiam a cápsula ao entrar na atmosfera forçaram um novo adiamento.
- Superada pela SpaceX -
Apenas algumas naves espaciais americanas já conseguiram transportar astronautas com sucesso. A cápsula Dragon da SpaceX passou a integrar a lista em 2020, sucedendo os lendários programas Mercury, Gemini, Apollo e os ônibus espaciais.
Após a aposentadoria dos ônibus espaciais, os astronautas da Nasa precisaram recorrer às naves russas Soyuz.
Para acabar com esta dependência, a Nasa assinou em 2014 um contrato de 4,2 bilhões de dólares com a Boeing e outro de US$ 2,6 bilhões com a SpaceX para o desenvolvimento de ovas naves espaciais.
Apesar da diferença de financiamento, "a SpaceX terminou quatro anos antes" da concorrente, destacou o proprietário da SpaceX, o magnata Elon Musk, na segunda-feira.
Quando o Starliner estiver operacional, a Nasa espera alternar voos da SpaceX e da Boeing para transportar seus astronautas à ISS.
A partir de 2030, quando a Nasa deve concretizar sua saída da ISS, as duas naves espaciais poderão ser utilizadas para transportar humanos a futuras estações espaciais privadas.
la/tmt/zm/avl/fp
© Agence France-Presse
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