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Famílias temem furtos e ficam em área alagada em Porto Alegre: 'não durmo'

Drone mostra o centro de Porto Alegre (RS) inundado neste domingo (5) - Renan Mattos/Reuters
Drone mostra o centro de Porto Alegre (RS) inundado neste domingo (5) Imagem: Renan Mattos/Reuters
do UOL

Lucas Azevedo

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

05/05/2024 16h42Atualizada em 05/05/2024 19h25

Moradores de áreas alagadas do centro histórico de Porto Alegre temem deixar suas casas por medo de saques e furtos. O Guaíba marca 5,28 metros de altura - superior a marcação da enchente de 1941.

O que aconteceu

Eni Verdejo reveza com o marido para dormir em lancheria por medo de furtos e saques - Lucas Azevedo/Colaboração para o UOL - Lucas Azevedo/Colaboração para o UOL
Eni Verdejo reveza com o marido para dormir em lancheria por medo de furtos e saques
Imagem: Lucas Azevedo/Colaboração para o UOL

Casal de comerciantes se reveza para dormir em loja. Eni Verdejo, 60 anos, tem uma lancheria com o marido próximo do apartamento ondem moram. Há três noites eles têm se revezado para cuidar do local. "Não conseguimos fechar as portas porque são elétricas. Então a gente tem que ficar cuidando com medo de entrar alguém ou mais água."

Pessoas desconhecidas têm sido vistas andando pela região, especialmente à noite. "Os últimos dias têm sido bem assustadores. Eu não consigo dormir a noite toda. Tem gente estranha passando aqui na frente do prédio", comenta Ingrid Machado, 27 anos. "Estou desde sexta dormindo pouco a pouco. É muita tensão."

Rodrigo Zazycky reforçou tranca do prédio e montou barricada improvisado em corredor de edifício - Lucas Azevedo/Colaboração para o UOL - Lucas Azevedo/Colaboração para o UOL
Rodrigo Zazycky reforçou tranca do prédio e montou barricada improvisado em corredor de edifício
Imagem: Lucas Azevedo/Colaboração para o UOL

Moradores reforçam segurança contra invasores. O personal Rodrigo Zazycky, 23 anos, conta que teve que incrementar uma tranca no portão do prédio. "A gente teve que colocar esse cadeado, que não tinha."

Sacos de areia formam barricada improvisada dentro do prédio. "Se subir mais, a água entra no prédio e pode alcançar nosso apartamento, que é térreo", comenta a esposa de Zazycky, a contadora Sabrina Souza, 41. Para controlar o nível do alagamento, chegaram a improvisar uma régua na parte externa do edifício.

'Está faltando o básico para a cidade', diz prefeito de Porto Alegre

Sebastião Melo (MDB) pediu "sensibilidade" de Lula para a liberação de mais recursos para socorrer as pessoas afetadas pelas enchentes. O presidente esteve neste domingo no Estado pela segunda vez desde o início das enchentes. "O senhor [Lula] tem que dispor todos os recursos que tem. Está faltando o básico para a cidade. Estão faltando botes, coletes na minha cidade, mas isso se estende para muitas dezenas de municípios. Não se pode esperar dois dias, tem que ser hoje, tem que ser agora."

Prefeito afirmou que 70% da capital está sem água. Melo destacou que os caminhões-pipa estão quase sem combustível. Segundo ele, o Hospital Mãe de Deus teve de ser evacuado com centenas de pacientes por causa do alagamento. "Temos que nos concentrar em salvar vidas e depois em reconstruir vidas."

Em dez dias, Rio Grande do Sul registrou o equivalente a três meses de chuva. Ao todo foram 420 milímetros de precipitação entre os dias 24 de abril a 4 de maio, conforme o governo do Estado.

Alagamentos fecharam 17 hospitais no Rio Grande do Sul. Outros 75 estão com atendimento parcial, segundo o governador. Ontem, pacientes foram transferidos de helicóptero após o HPSC (Hospital de Pronto Socorro de Canoas) ficar alagado.

Das 12 barragens que estão sob pressão, duas delas estão em nível de emergência. E cinco estão em alerta e outras 5 em nível de atenção. A barragem 14 de Julho, entre Cotiporã e Bento Gonçalves, se rompeu parcialmente na quinta-feira (2).

1 milhão de imóveis estão sem água no Estado. "Se colocar 3 pessoas por unidade, a gente está falando em 1/3 da população gaúcha desabastecida", disse o governador. Além disso, há 418 mil pontos sem energia, segundo Leite. Dezenas de municípios estão sem telefonia e internet.

Enchentes afetam rodovias. Há 187 pontos de bloqueios nas estradas - desses 142 são totais e 45 parciais, ainda conforme o governador.

Aeroporto Salgado Filho está fechado por tempo indeterminado. A pista e o pátio apresentaram alagamentos no sábado (4).

Defesa Civil emitiu um alerta de inundação para 16 municípios da região metropolitana de Porto Alegre. Além da capital gaúcha estão na lista: Barra do Ribeiro, Canoas, Cachoeirinha, Charqueadas, Eldorado do Sul, Gravataí, Guaíba, Montenegro, Nova Santa Rita, Novo Hamburgo, Pareci Novo, Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Taquara, Triunfo.

Nem todos os bairros serão atingidos da mesma forma, explica a Defesa Civil. "Áreas mais altas não serão afetadas com a mesma intensidade. Quem mora em áreas mais baixas deve buscar abrigo em locais seguros".

Chuvas no Rio Grande do Sul já mataram 78 pessoas, segundo boletim da Defesa Civil. São 105 desaparecidos e 175 feridos até o início da noite deste domingo (5).

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