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Prefeito de Porto Alegre diz que dique parou de vazar, mas mantém evacuação

do UOL

Do UOL, em São Paulo

05/05/2024 17h05Atualizada em 05/05/2024 20h50

A Prefeitura de Porto Alegre pediu que os moradores do bairro Sarandi, na zona norte da capital, saíam de suas casas em razão do transbordamento do dique da Fiergs (Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul). Embora não tenha se rompido, o dique começou a extravasar no sábado (4).

O que aconteceu

Prefeito reafirmou que não houve rompimento e que o dique parou de transbordar neste domingo (5). "Hoje circulou de que um dique tinha estourado. Rapidamente fiz questão de repor que isso não é verdade e, neste momento, o dique está nivelado com o nível do Guaíba e do Gravataí. Portanto, não está mais extravasando nesse momento", afirmou Sebastião Melo (MDB) em entrevista coletiva.

Mesmo assim, Melo ressaltou que é necessário que os moradores evacuem Sarandi. Não é pelo fato de não estar mais extravasando que as pessoas não devem sair dessas regiões que eu tenho apelado. Porque as regiões estão todas alagadas. E nós teremos quatro ou cinco dias em um situação muito parecida do que está hoje. Claro, em uma expectativa de diminuição. Não é pelo fato de não ter rompido o dique que as pessoas não devem deixar a região", acrescentou.

Região pode ser inundada e gera riscos às pessoas que transitam na área. "É urgente que todos os moradores do Sarandi aceitem resgate e acolhimento", informou o Centro Integrado de Coordenação de Serviços, órgão da Prefeitura de Porto Alegre.

Nesta noite, a Defesa Civil do estado alertou para a possibilidade do transbordamento do dique da Fiergs. "A recomendação é que os moradores do bairro Sarandi e da área compreendida do dique até a avenida Assis Brasil, próximo à avenida Sertório, deixem o local e procurem abrigo seguro."

A indicação é que todos os populares saíam de suas casas e se desloquem para o Teatro Renascença. O espaço está localizado na Avenida Érico Veríssimo, número 307, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre.

No teatro, as famílias passarão por triagem para o encaminhamento aos abrigos temporários. "Nossas equipes estão na área trabalhando no resgate de todos", informou o órgão.

Por volta das 15h (horário de Brasília), o órgão negou o rompimento do dique. Eles comunicaram que o transbordamento estava com mais vazão de água, "o que acabou nivelando a parte superior da inferior". "As equipes trabalharam para elevar o nível da estrutura, com enchimentos e pedras."

Chuvas já deixaram ao menos 78 mortos no estado

A Defesa Civil informou que é de 78 o número de mortos em meio às fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul. A última atualização foi divulgada no início da noite deste domingo (5).

Autoridades ainda investigam quatro mortes que podem estar relacionadas aos temporais. São 105 desaparecidos e 175 feridos, segundo o boletim da Defesa Civil.

Mais de 844 mil pessoas foram afetadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul. Ao menos 115.844 ficaram desalojadas e 18.487 mil estão em abrigos.

Dos 497 municípios gaúchos, 341 sofreram alguma consequência dos temporais. Na região metropolitana de Porto Alegre, a água deixou pessoas ilhadas e fechou hospitais em Canoas. O clima é de "zona de guerra".

Números de mortes e desaparecidos ainda podem "crescer exponencialmente", diz governador. Eduardo Leite (PSDB) afirmou que os dados podem ser alterados em razão das situações que continuam sendo levantadas pelos órgãos competentes.

Alta do Guaíba também põe Porto Alegre em alerta

A Defesa Civil emitiu um alerta de inundação para a região metropolitana de Porto Alegre por causa da elevação do Guaíba. Alerta de inundações da Defesa Civil vale para ao menos 16 municípios da região metropolitana de Porto Alegre.

Além da capital gaúcha estão na lista: Barra do Ribeiro, Canoas, Cachoeirinha, Charqueadas, Eldorado do Sul, Gravataí, Guaíba, Montenegro, Nova Santa Rita, Novo Hamburgo, Pareci Novo, Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Taquara, e Triunfo.

Região tem mais de 3 milhões de habitantes, segundo dados do IBGE. Porém, a Defesa Civil não especificou o total de moradores afetados.

Nem todos os bairros serão atingidos da mesma forma, explica a Defesa Civil. "Áreas mais altas não serão afetadas com a mesma intensidade. Quem mora em áreas mais baixas deve buscar abrigo em locais seguros."

"Intenção não é de causar pânico", disse o chefe da Casa Civil após a divulgação do mapa. O coronel Luciano Boeira salientou para a Rádio Gaúcha que, apesar das marcações em vermelho, é preciso levar em conta a topografia de cada município. "Nós temos muitos casos de pessoas que não acreditam que o rio vai continuar subindo e acabam, no meio da noite, tendo que sair de suas casas", disse na entrevista.

O nível do Guaíba chegou a 5,31 metros de altura às 16h de hoje. Os dados são da régua da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA), Serviço Geológico do Brasil (SGB) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Lula volta do Estado acompanhado de ministros e políticos. O presidente viajou acompanhado da primeira-dama, Janja, de 13 ministros de seu governo, além dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Ministros do STF e do TCU também fazem parte do grupo.

Áreas mais altas não serão afetadas com a mesma intensidade do que as mais baixas.Quem mora em áreas mais baixas deve buscar abrigo em locais seguros, longe da zona vermelha do mapa. https://t.co/3cTVU7rQrO

-- Defesa Civil RS (@DefesaCivilRS) May 5, 2024

Na região metropolitana, a cidade de Canoas é uma das mais atingidas. A elevação rápida do Rio dos Sinos deixou famílias ilhadas e fechou hospitais. Autoridades pedem que moradores dos bairros Harmonia, Cinco Colônias, Mathias Velho, Central Park e Fátima deixem suas casas e busquem abrigo em áreas altas da cidade.

Voluntários chegaram a fazer um cordão humano para carregar pessoas ilhadas. Situação ocorreu no bairro Mathias Velho, um dos mais atingidos.

Guaíba deve ficar acima dos 4 metros de altura por 5 a 10 dias, estima Defesa Civil. Na cheia de 1941, o Guaíba ficou com o nível acima dos 3 metros durante 25 dias e, segundo o órgão, "como essa cheia [de 2024] foi maior, a gente tem a perspectiva de ter esses valores também".

Porto Alegre é protegida por muros e comportas. Contudo, apesar das barreiras, na região central da cidade, o muro Mauá já está sofrendo rupturas — a estrutura suporta uma enchente de até 6 metros.

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