Topo
Notícias

Esse conteúdo é antigo

Morre um dos líderes da guerrilha ELN após bombardeio militar na Colômbia

28/09/2021 12h46

Bogotá, 28 Set 2021 (AFP) - Um dos comandantes do Exército de Libertação Nacional (ELN), último grupo guerrilheiro ainda ativo na Colômbia, morreu em decorrência de ferimentos de um bombardeio militar realizado há duas semanas - informou o ministro da Defesa, Diego Molano, nesta terça-feira (28).

Conhecido como "Fabián", Ogli Ángel Padilla Romero havia sido alvo de um bombardeio em 18 de setembro que deixou sete mortos e vários feridos no departamento de Chocó (noroeste).

O líder foi encontrado ferido na selva perto do local do ataque e morreu em um hospital, explicou o ministro da Defesa, Diego Molano.

"Ele foi encontrado ferido, coberto de arbustos e de vegetação, ontem (segunda-feira). Ele estava muito perto do local onde ocorreu a operação aérea", disse Molano.

Faleceu enquanto recebia atendimento médico na cidade de Cali (sudoeste).

O presidente Iván Duque confirmou no Twitter que "foi neutralizado o narcoterrorista vulgo 'Fabián', assassino de lideranças sociais, narcotraficante e principal comandante do ELN na Colômbia, que havia sido capturado ferido".

"Continuamos na luta contra todas as formas de crime", acrescentou.

As autoridades suspeitavam de que o comandante estava no acampamento atacado, após encontrar seus pertences em meio aos corpos de outros sete guerrilheiros mortos.

El Chocó é um dos redutos da guerrilha guevarista, a última ativa na Colômbia depois do acordo de paz de 2016 que desarmou as então Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Membro do Comando Central, o órgão de direção do ELN, "Fabián" liderava a chamada Frente de Guerra Ocidental, a segunda com maior expansão depois do pacto histórico.

"Era um criminoso da maior periculosidade. Foi autor de muitos assassinatos, sequestros (...), líder de narcotráfico" e culpado do deslocamento de "milhares de pessoas", acrescentou o ministro.

Também organizou ataques às forças de segurança e atos de vandalismo durante os multitudinários protestos contra o governo que abalaram o país entre abril e junho deste ano, segundo a polícia. Dezenas de pessoas morreram.

Nas últimas semanas, o governo atribuiu ao ELN vários ataques contra as forças de segurança.

Padilla ingressou na guerrilha ainda adolescente e fez parte da ala radical da organização que recorre ao tráfico de cocaína em suas áreas de influência, assim como a sequestros, como fontes de recursos para a insurreição.

Contra ele pesava um mandado de prisão pelos crimes de rebelião, sequestro e homicídio agravado pelo assassinato de uma liderança indígena.

Sua morte é o golpe militar mais importante contra o grupo rebelde desde que "Uriel", uma das figuras mais midiáticas do ELN, foi assassinado em outubro de 2020 na mesma região.

A densa selva de Chocó é o epicentro de uma disputa territorial entre a guerrilha e o Clã do Golfo, maior gangue de narcotráfico do país, herdeira dos paramilitares.

É também um dos pontos de saída estratégicos dos carregamentos de cocaína que saem do Pacífico colombiano com destino à América Central e aos Estados Unidos. Além disso, é um enclave de garimpo ilegal de ouro, cujas receitas, segundo a Promotoria, superam as do narcotráfico.

O ELN tem cerca de 2.300 combatentes no país e uma extensa rede de apoio urbano.

De acordo com o centro de pesquisa criminal Insight Crime, a Frente de Guerra Ocidental é a segunda em importância, depois da Frente de Guerra Oriental. Esta última opera na fronteira com a Venezuela e comandada por "Pablito".

No início de 2019, o presidente Iván Duque enterrou as negociações de paz mantidas com o ELN por seu antecessor, o Nobel da Paz Juan Manuel Santos, em decorrência de um atentado com carro-bomba contra uma academia de polícia. Nele, 22 cadetes e o agressor morreram.

Especialistas alertam para a dificuldade de negociação com os guerrilheiros, devido à sua estrutura federada com diferentes lideranças. O ELN opera em 10% dos 1.100 municípios da Colômbia, segundo fontes oficiais.

Sem diálogo estabelecido, as operações militares contra a guerrilha continuam. "Terroristas que tentam colocar a Colômbia contra a parede com essa violência e crime devem sofrer o mesmo destino", disse Molano.

A Colômbia está mergulhada em um conflito armado há seis décadas com mais de nove milhões de vítimas, em sua maioria deslocados.

Em algumas regiões, o ELN disputa a receita do narcotráfico com grupos dissidentes das Farc que não aceitaram o acordo de paz, embora, segundo Duque, tenham feito alianças nos últimos meses para atacar as forças públicas.

O ELN acumula quase 60 anos de uma insurreição armada malsucedida. A Colômbia é o maior produtor de cocaína do mundo, segundo a ONU, e os Estados Unidos são o principal consumidor dessa droga.

das-jss/rsr/mr/tt

Twitter

Notícias