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ONU espera arrecadar US$ 3,85 bilhões contra a fome no Iêmen

01/03/2021 15h23

Dubai, 1 Mar 2021 (AFP) - A ONU espera arrecadar US$ 3,85 bilhões em uma conferência de doadores nesta segunda-feira (1) para evitar uma fome em grande escala no Iêmen devastado pela guerra, onde "a infância agora é um inferno".

Mais de 100 governos e doadores individuais estão participando de uma reunião virtual - patrocinada conjuntamente pela Suécia e Suíça - enquanto a violência local aumentou recentemente em Marib, no norte deste país pobre da Península Arábica.

Os rebeldes houthis retomaram a ofensiva no início de fevereiro para tomar este último reduto do governo no norte, enquanto intensificaram os ataques da vizinha Arábia Saudita.

O conflito, que já dura mais de seis anos, matou dezenas de milhares de pessoas e deixou milhões à beira da fome.

Segundo a ONU, é a pior crise humanitária do mundo. A queda no financiamento da ajuda no contexto da pandemia de coronavírus piorou a situação.

A ONU, que arrecadou apenas metade da ajuda necessária no ano passado, pediu "financiamento imediato" nesta segunda-feira.

"Peço a todos os doadores que financiem generosamente nosso apelo de hoje para acabar com a fome que assola o país. Cada dólar conta", disse o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterrez, abrindo a conferência virtual.

"Para a maioria das pessoas, a vida no Iêmen agora é insuportável. A infância agora é um inferno", ressaltou, pouco antes.

"Esta guerra está acabando com uma geração inteira de iemenitas. Este não é o momento de virar as costas ao Iêmen", acrescentou o alto diplomata em um comunicado.

- "Situação urgente" -A ONU está contando, em particular, com os países ricos do Golfo que cercam o Iêmen para levantar os US$ 3,85 bilhões (cerca de EUR 3,18 bilhões) necessários.

No ano passado, faltaram US$ 1,5 bilhão dos US $ 3,4 bilhões esperados.

Algumas das promessas dessa segunda-feira, entre elas US$ 191 milhões dos Estados Unidos e os US$ 430 milhões da Arábia Saudita, são menores que as doações de 2020.

Alemanha e Noruega aumentaram suas contribuições, prometendo respectivamente US$ 200 milhões para 2021. Os Emirados Árabes Unidos prometeram US$ 230 milhões na sexta-feira.

De acordo com os últimos dados da ONU, mais de 16 milhões de iemenitas, cerca de metade da população de 29 milhões, passarão fome este ano.

Cerca de 50.000 pessoas já estão "morrendo de fome ou em condições de quase fome" e 400.000 crianças menores de cinco anos podem morrer de desnutrição aguda "sem tratamento de emergência".

Em setembro de 2020, a ONU revelou que a ajuda essencial foi cortada em 300 centros de saúde no Iêmen devido à falta de financiamento, e que mais de um terço de seus principais programas humanitários no país foram cortados ou interrompidos completamente.

Doze organizações humanitárias, incluindo Save the Children, Oxfam e Action Against Hunger, alertaram sobre um "desastre" no caso de falta de financiamento.

"Com cinco milhões de pessoas à beira da fome e mais de dois terços da população do país necessitando de ajuda humanitária ou proteção, a situação não poderia ser mais urgente", afirmaram em um comunicado conjunto.

O Programa Mundial de Alimentos, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2020, anunciou no domingo que "enfrenta uma lacuna de financiamento significativa".

A conferência ocorre em um momento em que os Estados Unidos tentam reativar o diálogo político para resolver o conflito no Iêmen.

Washington retirou os rebeldes houthis da lista de "organizações terroristas" e parou de apoiar a intervenção militar da coalizão liderada pelos sauditas no país desde 2015.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, pressionou os rebeldes houthis para encerrar a ofensiva em Marib e afirmou que "apenas a ajuda humanitária não acabará com o conflito".

"Só podemos acabar com a crise humanitária no Iêmen acabando com a guerra... e os Estados Unidos reiniciaram seus esforços diplomáticos para acabar com essa guerra", declarou Blinken.

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