Europa condenada a tomar medidas drásticas contra a pandemia
Genebra, 21 Jan 2021 (AFP) - A Europa deve se preparar para tomar medidas mais rígidas "nas próximas semanas" contra a pandemia do coronavírus, alertou sua agência de vigilância sanitária nesta quinta-feira (21), enquanto nos Estados Unidos o governo do novo presidente Joe Biden anunciou seu retorno à OMS.
Os 27 líderes europeus abriram uma cúpula em Bruxelas para decidir fortalecer a coordenação, dada a pressão imparável sobre seus sistemas de saúde, oprimidos pelo aumento das infecções.
O governo recém-empossado de Joe Biden quis se distanciar rapidamente da política de seu antecessor e concretizou nesta quinta a sua reincorporação à Organização Mundial da Saúde, garantindo o seu apoio financeiro à instituição e elogiando o seu papel no combate à pandemia.
"A mensagem essencial é se preparar para uma escalada rápida nas próximas semanas para preservar as capacidades de saúde, bem como acelerar as campanhas de vacinação", disse o Centro de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) com base em Estocolmo.
Alguns países não esperaram pelos avisos. Portugal, que bate recordes de infecções, anunciou o fechamento das suas escolas durante 15 dias.
O Parlamento holandês aprovou o primeiro toque de recolher a ser imposto no país, a partir das 21h.
Na Espanha, que novamente registrou um número recorde de casos na quinta-feira, com mais de 44 mil novas infecções, as regiões estão pedindo ao governo central que as autorize a tomar medidas mais duras.
Durante a primeira onda, a Espanha impôs um dos confinamentos mais rígidos do mundo, que só permitia que as pessoas saíssem de casa por motivos de força maior, algo que o governo central prefere evitar.
- EUA retorna à OMS -Ao contrário do clima sombrio na Europa, o novo governo democrata nos Estados Unidos iniciou com vigor e uma avalanche de medidas a nova etapa no combate ao coronavírus.
Biden prometeu que voltaria a pagar as dívidas à Organização Mundial da Saúde (OMS), duramente golpeada durante a Presidência do republicano Donald Trump por causa de seu papel hesitante no início da crise.
Os Estados Unidos acusaram a OMS em 2020 de ser excessivamente leniente com a China, onde surgiu a pandemia. Uma comissão de especialistas da organização deve preparar um relatório ao final de uma investigação naquele país.
O imunologista Anthony Fauci agradeceu à OMS pela "liderança na resposta global a esta pandemia" e garantiu que Washington honrará "suas obrigações financeiras para com a organização".
Na quarta-feira, o número de mortos por covid-19 nos Estados Unidos ultrapassou o número de soldados americanos mortos durante a Segunda Guerra Mundial. A pandemia já fez 405.500 vítimas fatais no país, sendo o mais atingido do mundo.
- Situação caótica em Manaus -Em todo o mundo, o vírus já matou ao menos 2,07 milhões de pessoas e as autoridades estão alarmadas com o surgimento de novas variantes que apareceram no Reino Unido, África do Sul e Brasil, e que são mais contagiosas.
A cepa britânica já atingiu pelo menos 60 nações, segundo a OMS, enquanto a cepa sul-africana foi detectada em 23 países e territórios.
A vacinação em Manaus, capital do Amazonas, foi suspensa, após denúncias de fraude na administração de doses para pessoas de grupos não prioritários
A situação na região é caótica. Com quase 240 mil casos e mais de 6.500 mortes, o Amazonas é o segundo dos 27 estados brasileiros com maior percentual de mortes.
O Brasil é o segundo país do mundo mais atingido pela pandemia, com 212.831 mortes e 8,6 milhões de infecções.
O nervosismo com o gigantesco desafio global da vacinação se espalha para outros países.
Médicos panamenhos denunciaram ter ficado de fora do plano de vacinação, enquanto outras autoridades foram privilegiadas, a quem o governo já ameaçou demitir.
A campanha de vacinação, com 12.840 doses da vacina Pfizer/BioNtech, começou apenas nesta quarta-feira no país.
A região de Madri também foi obrigada a suspender temporariamente a campanha de injecções, por falta de doses, numa nova crítica ao governo central por falta de previsão.
- Presidente argentino vacinado -Na Argentina, o presidente Alberto Fernández, de 61 anos, recebeu a primeira dose da vacina russa Sputnik V e instou a população a fazer o mesmo.
O Equador também iniciou sua campanha de vacinação, em parceria com as empresas farmacêuticas Pfizer/BioNTech.
Na Índia, um dos países onde a campanha de vacinação é mais complexa, um incêndio atingiu as instalações do maior fabricante do planeta, o Sorum Institute. Cinco pessoas morreram no acidente, que as autoridades dizem não afetará a capacidade de produção.
O Serum Institute deve fornecer milhões de doses para o Brasil, entre outros países.
E na África do Sul foram aplicadas as primeiras doses da vacina desenvolvida pela AstraZeneca / Oxford, quase 2,5 vezes mais cara que na Europa, informou o Ministério da Saúde do país africano.
"O preço de 5,25 dólares (cerca de 4,32 euros) é o que nos foi comunicado", disse à AFP o ministério em causa, sem explicar o motivo desta diferença.
O 1,5 milhão de vacinas esperadas na África do Sul nas próximas semanas, obtidas no âmbito de negociações bilaterais entre o governo e a aliança AstraZeneca/Oxford, também estão sendo fabricadas pelo Instituto Serum.
De acordo com uma contagem da AFP na quinta-feira, 63 países ou territórios iniciaram campanhas de vacinação. Mas 12 países respondem por 90% dos 54 milhões de doses injetadas.
burs-jz/eg/ap/mvv
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.