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Aos 80 anos, ela ficou 2 dias 'sumida' no RS: 'Pulei da janela do 3º andar'

Marina dos Santos, 80, pulou do terceiro andar para ser resgatada em Canoas - Arquivo pessoal
Marina dos Santos, 80, pulou do terceiro andar para ser resgatada em Canoas Imagem: Arquivo pessoal
do UOL

Do UOL, em São Paulo

09/05/2024 08h12

A aposentada Marina dos Santos, 80, de Porto Alegre, viveu dias de tensão em Canoas (RS). Na cidade para acompanhar a irmã Ana Santos, 86, internada em um hospital por uma fratura na perna, ela acabou ilhada no apartamento de Ana devido às enchentes.

'Pulei da janela'

Acordei na sexta com uma falação dos vizinhos e quando fui ver [a água] tinha subido muito. Estávamos no segundo andar, mas tivemos de passar para a casa de uma vizinha no terceiro.
Marina dos Santos

O socorro veio somente no domingo de manhã. "Passaram muitos helicópteros esses dias, mas nenhum vinha ajudar. Só no domingo, já clareando o dia, que um bombeiro escalou. Eles chegaram, e o peito dele [bombeiro] estava na altura dos meus pés. Pulei da janela do terceiro andar e ele me segurou."

Dois dias 'desaparecida'

Antes de ser resgatada, Marina ficou dois dias incomunicável. "Minha filha ficou doidona me procurando", conta Marina. "A última pessoa que falou com minha mãe foi meu pai. Perdi a comunicação com ela dois dias antes de ela ser resgatada e fiquei 24 horas falando com pessoas e ligando em lugares para tentarem resgatar ela", diz a psicóloga Helen Santos, 42, filha de Marina.

O contato só ocorreu quando Marina chegou ao hospital universitário da Ulbra (Universidade Luterana do Brasil) e conseguiu carregar o celular. "Agradeço por ter vindo para o lugar certo e conseguir falar com minha filha."

Marina está abrigada no hospital universitário da ULBRA e divide o quarto com outras pessoas. - Arquivo pessoal/Marina Santos - Arquivo pessoal/Marina Santos
Marina está abrigada no hospital universitário da ULBRA e divide o quarto com outras pessoas.
Imagem: Arquivo pessoal/Marina Santos

Preferiu ficar para acompanhar a irmã

A Ulbra e o seu hospital universitário receberam cerca de 6 mil desabrigados nos últimos dias. O entorno da região não está alagado e a aposentada preferiu ficar no local para visitar a irmã, internada no hospital —e onde Marina também está recebendo atendimento médico.

Estão me dando remédio para dor, porque minha perna já não estava muito boa e acabou forçando um pouco na hora do resgate. Marina dos Santos

Helen afirma que a mãe também tem receio de sair do local e não encontrar atendimento médico disponível. "Ela já não estava com o joelho muito bom e os próprios médicos pediram para que minha mãe ficasse, porque minha tia está acamada e com pouca mobilidade."

Falta de comida e pessoas armadas

Apesar de ajudar a irmã no leito do hospital, Marina fica em uma área do abrigo do hospital, que divide com outras famílias. "Ontem faltou comida na hora do almoço, mas no jantar estava normal. Ontem apareceu um homem armado com revólver, mas foi detido. Agora colocaram mais guardas e tem um no banheiro", afirma.

Marina afirma que médicos e residentes ajudam no bem-estar de todos. "Trazem roupas de doação todos os dias, os médicos residentes ajudam a varrer o chão e trazem café para a gente."

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