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Taxas futuras de juros sobem com mercado à espera de mensagem dura do Copom

08/05/2024 16h46

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a sessão em alta firme, em meio à expectativa de que o Copom será mais duro na noite desta quarta-feira, ao anunciar o novo valor da taxa básica Selic, e com o avanço dos rendimentos dos Treasuries no exterior.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 10,215%, ante 10,212% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,46%, ante 10,419% do ajuste anterior.

Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,79%, ante 10,716%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,075%, ante 10,991%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,49%, ante 11,41%.

A expectativa em torno da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, prevista para o início da noite, permeou os negócios durante todo o dia.

A maioria dos investidores se posicionou no sentido de que o colegiado cortará a Selic em apenas 25 pontos-base, o que deu suporte à curva de juros durante o dia, mas as apostas em 50 pontos-base de corte não eram desprezíveis. Atualmente a Selic está em 10,75% ao ano.

“O que justifica a alta das taxas é a expectativa de que o Copom de fato virá mais duro, possivelmente com um consenso entre os diretores de que é melhor os 25 pontos-base de corte e com um abandono completo do forward guidance”, comentou Lais Costa, analista da Empiricus Research.

Segundo ela, considerando o aumento recente da incerteza, não faria sentido o BC ficar preso a uma orientação para o próximo encontro do Copom, como ocorreu nas reuniões mais recentes.

Além da expectativa em torno da decisão do Copom, a alta das taxas futuras no Brasil foi influenciada pelo avanço dos yields dos Treasuries, com investidores no exterior calibrando apostas sobre quando o Federal Reserve iniciará seu processo de corte de juros.

Internamente, chamou ainda atenção o resultado do Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI), que subiu 0,72% em abril, ante queda de 0,30% em março, conforme a Fundação Getulio Vargas (FGV). Com o resultado do mês passado o índice passou a acumular em 12 meses queda de 2,32%, desacelerando as perdas ante a baixa de 4,00% vista no acumulado do ano encerrado em março.

De acordo com o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, o IGP-DI teve uma “alta importante” em abril.

“Parece que acabou a deflação dos IGPs, e dos IPAs (índices do atacado) principalmente... Isso vai obviamente dificultar a vida do BC no controle da inflação”, avaliou Gala em comentário enviado a clientes.

“Tudo isso já tem aqui o efeito do câmbio mais desvalorizado. O câmbio acima de 5 reais é inflacionário, aumenta o custo de insumos importados e do que a gente exporta também, então é uma má notícia para a inflação no Brasil”, acrescentou.

Neste cenário, perto do fechamento a precificação da curva estava em 85% de probabilidade de corte de 25 pontos-base da Selic na noite desta quarta-feira e 15% para corte de 50 pontos-base.

Às 16h35, o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- subia 4 pontos-base, a 4,496%.

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