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Eleições europeias podem consolidar fortalecimento da extrema direita

06/05/2024 06h09

As eleições europeias de junho poderão permitir que os partidos de extrema direita consolidem a sua influência crescente e, embora não estejam no centro do poder, as forças políticas tradicionais já estão abrindo as portas a alianças específicas com alguns destes movimentos. 

Cerca de 370 milhões de eleitores serão chamados às urnas de 6 a 9 de junho nos 27 países da União para eleger 720 novos deputados ao Parlamento Europeu, o que abrirá uma nova legislatura. 

As eleições começarão na quinta-feira, 6 de junho, nos Países Baixos, embora a maioria dos países o fará no domingo, 9 de junho.

O Parlamento tem atualmente uma enorme coalizão - mais ou menos fraca, dependendo dos assuntos - que une o Partido Popular Europeu (PPE), os Sociais-Democratas (S&D) e os centristas liberais (Renovar Europa). 

É um bloco dentro do qual são elaborados os principais acordos que permitem a adoção de projetos de lei fundamentais. 

Contudo, as pesquisas concordam que as eleições de junho promoverão um fortalecimento da extrema direita. 

"Estas forças populistas da direita radical, algumas delas extremistas (...) irão progredir, mas não será uma onda gigantesca", disse Pascale Joannin, diretora-geral da Fundação Robert Schuman.

O bloco de extrema direita está dividido em dois no Parlamento Europeu, entre os blocos Conservadores e Reformistas Europeus (ECR) e Identidade e Democracia (ID). 

O divisor de águas nesta disputa é a postura de aberta desconfiança do bloco do ID nas instituições europeias. 

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, candidata a um segundo mandato e do PPE (direita), principal grupo político do Parlamento, descartou a cooperação com o grupo ID.

No entanto, deixou a porta aberta a entendimentos com o bloco ECR, liderado pela líder italiana Giorgia Meloni e do qual faz parte o grupo espanhol de extrema direita Vox. 

Em uma declaração que provocou fúria entre os sociais-democratas e os verdes, Von der Leyen disse que as alianças dependerão "da composição do Parlamento e de quem está em cada grupo". 

Na opinião de Joannin, porém, a única opção para uma "coalizão estável" é aquela que está atualmente no poder, com o PPE, os sociais-democratas e os centristas.

- Influência crescente -

De acordo com as pesquisas, o PPE continuará sendo a principal força política no Parlamento, seguido pelos sociais-democratas, embora estes dois grupos perderiam alguns assentos. 

A dúvida, porém, está voltada para a situação dos centristas e liberais do Renovar Europa, que poderiam ser superados pela extrema direita. 

Mas mesmo que o bloco Renovar Europa seja relegado para o quarto lugar, a sua coalizão com o PPE e os sociais-democratas ainda será capaz de dar as cartas, disse Joannin. 

Meloni se lançou à campanha como cabeça de lista do seu partido, Frateli d'Italia, e pode ter um papel influente em questões sensíveis para a extrema direita, como a política migratória.

A legisladora Terry Reintke, copresidente do bloco dos Verdes, destacou que um fortalecimento da direita radical tornaria "mais difícil organizar maiorias a favor do clima, das preocupações sociais ou de uma postura clara contra governos autoritários". 

Para Nathalie Brack e Awenig Marié, do Instituto Jacques Delors, a atual coalizão dominante deverá continuar à frente do processo de tomada de decisões após estas eleições. 

No entanto, acrescentaram em um estudo, o fortalecimento dos partidos nacionalistas "poderia aumentar a frequência de coalizões de direita formadas pelo PPE e pelo ECR".

No bloco ECR há partidos que estiveram ou estão no poder e, em geral, apoiam a Ucrânia, enquanto os principais atores do grupo ID são mais favoráveis à Rússia, observou Joannin, referindo-se às diferenças entre estes dois blocos. 

O equilíbrio político resultante das eleições determinará a distribuição dos principais cargos nas três principais instituições da UE: o Conselho, a Comissão e o Parlamento. 

O Parlamento Europeu (também chamado Eurocâmara) é a única instituição da UE cujos membros são eleitos diretamente pelos cidadãos, mediante voto universal e secreto.

Uma vez constituído, o Legislativo elege por maioria absoluta a presidência da Comissão e os comissários europeus. Sua principal função é discutir e votar projetos de lei enviados pela Comissão, instituição que controla. 

A base administrativa do Parlamento Europeu encontra-se na cidade francesa de Estrasburgo, onde mantém as suas sessões plenárias, embora tenha importantes instalações em Bruxelas, onde se reúnem as suas comissões e se realizam sessões complementares. 

Após as eleições de junho, iniciará a sua décima legislatura.

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© Agence France-Presse

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