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Padrasto é preso suspeito de matar enteado com golpes de ripa de madeira

Luiz Fellipe Darulis, de 12 anos, foi morto em Monte Mor, em São Paulo - Reprodução/TV Globo
Luiz Fellipe Darulis, de 12 anos, foi morto em Monte Mor, em São Paulo Imagem: Reprodução/TV Globo
do UOL

Do UOL, em São Paulo

29/04/2024 20h04Atualizada em 29/04/2024 21h07

Um homem de 46 anos foi preso por suspeita de matar o próprio enteado, de 12 anos, com golpes de ripa de madeira e castigos físicos no Jardim Campos Dourados, no município de Monte Mor, em São Paulo, no sábado (27).

O que aconteceu

Padrasto teria obrigado o menino a fazer agachamentos repetidas vezes até que ele se cansasse e ficasse com dificuldades para respirar, diz a polícia. Depois, o homem teria agredido o adolescente, identificado como Luiz Fellipe Darulis, com pedaços (ripas) de madeira nas pernas. Ele teria confirmado à polícia que agrediu o garoto duas vezes nas pernas, mas não deu mais informações em depoimento à Polícia Civil.

Médico plantonista de hospital acionou a GCM (Guarda Civil Metropolitana) após suspeitar da morte do menino na noite de sábado. O profissional de saúde informou aos agentes que os responsáveis disseram no hospital que o menino teria passado mal em casa, com falta de ar e fraqueza.

Menino já chegou morto ao hospital, segundo o médico que o atendeu. A equipe percebeu que o adolescente tinha hematomas nas pernas. As informações foram repassadas pela Secretaria de Segurança do município ao UOL.

Padrasto teria dito à GCM que obrigou Luiz a fazer agachamentos como "corretivo por uma atitude de desrespeito". Ele também teria afirmado que, "por agir com graça e zombando" da situação, decidiu agredir Luiz nas pernas com uma ripa de madeira por mais de uma vez. O homem não detalhou qual "atitude de desrespeito" o garoto teria realizado.

Mãe e o padrasto do menino foram conduzidos à delegacia. O homem foi preso em flagrante por homicídio simples e ficou à disposição da Justiça. Após audiência de custódia, a Justiça determinou que ele fique preso ao menos até a apuração da causa da morte do garoto. A mãe do adolescente, que não teve o nome divulgado, não foi detida.

Corpo de Luiz foi encaminhado ao IML (Instituto Médico Legal) de Americana, no interior de São Paulo, para realização de exame necroscópico. O menino foi velado e enterrado nesta segunda-feira (29) em Monte Mor.

Como o nome do padrasto não foi divulgado pelas autoridades, não foi possível encontrar a defesa dele para pedido de posicionamento. O espaço segue aberto para manifestação.

Indício de homofobia no crime é investigado

Delegado apura indício de homofobia no crime. Segundo a EPTV (afiliada da TV Globo), pessoas próximas ao menino informaram que ele teria medo do padrasto porque gostava de brincar com bonecas. "Tudo vai ser investigado, inclusive, essa situação de envolver homofobia [no crime]", disse o delegado Fernando Bueno à emissora.

Resultados de exames devem ajudar investigação. As autoridades buscam entender o motivo da morte, incluindo se a agressão com a ripa de madeira foi o que levou ao óbito do menino. Outras testemunhas ligadas à família serão ouvidas para saber como era a relação da família com a vítima.

Antônio Gonçalves, professor de Luís Felipe, disse à emissora que o menino era comunicativo e carismático. "Ele era do 6º ano, mas tinha amizade com todos. Muito triste você perder um adolescente dessa forma, que nunca falou alto, nunca disse uma palavra de baixo calão, era um aluno respeitoso. Ele gostava de brincar. Era um garoto que, na idade dele, brincava com as bonecas, era uma das coisas que ele gostava de fazer", disse à EPTV.

Segundo o docente, às vezes, ele e os outros professores escutavam o menino falando que o padrasto não gostava dele. O adolescente ainda relatava que se o padrasto soubesse de algo que aconteceu na escola e não gostasse, ele levaria bronca.

Escola avisou sobre suspeita de maus tratos contra o menino

Escola diz que encaminhou suspeita ao setor da Secretaria de Educação do município. A prefeitura disse ao UOL que os profissionais que receberam a solicitação deram, em conjunto com a escola e a mãe de Luiz, "encaminhamento necessário" do caso e enviaram a questão do menino ao Conselho Tutelar da região após avaliação técnica em junho de 2023. Não há informações sobre o prosseguimento do caso dentro do Conselho Tutelar local.

Prefeitura lamentou a morte do menino. A gestão municipal informou que trata a questão da violência contra a criança, com iniciativas que prestam acolhimento às vítimas e acompanhamento Tutelar e de Justiça em casos suspeitos ou comprovados de agressões.

"Por fim, tudo o que couber em relação às questões de investigação e justiça, por parte dos órgãos da Prefeitura de Monte Mor, haverá total colaboração", finalizou a gestão municipal em nota.

Em caso de violência, denuncie

Ao presenciar um episódio de agressão contra crianças e adolescentes, ligue para 190 e denuncie o caso às autoridades.

Homofobia é crime

Em junho de 2019, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu pela criminalização da homofobia e da transfobia, determinando que a conduta passe a ser punida pela Lei de Racismo (7716/89).

Constitui crime praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito em razão da orientação sexual de qualquer pessoa.

A pena pode variar de um a três anos, mais multa, podendo chegar a cinco anos se houver divulgação do ato homofóbico em meios de comunicação, como nas redes sociais.

Para denunciar casos de homofobia de qualquer lugar do Brasil, ligue para o Disque Direitos Humanos - Disque 100.

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