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'PM atirou do nada, só tinha morador', diz testemunha sobre morte de idosa

Cadeiras de bar em que Severina da Silva Nunes, 63s, foi atingida durante ação da PM - Reprodução
Cadeiras de bar em que Severina da Silva Nunes, 63s, foi atingida durante ação da PM Imagem: Reprodução
do UOL

Do UOL, no Rio

16/06/2023 04h00

Uma comerciante do Morro do Turano, zona norte do Rio, testemunhou a ação da Polícia Militar que terminou com uma idosa morta e uma grávida ferida. Renata da Silva, 26, e outros moradores afirmam que a movimentação era normal na rua até policiais dispararem a esmo, enquanto a corporação diz que os agentes foram atacados por criminosos.

O que aconteceu

Segundo Renata, PMs começaram a disparar de dentro do carro e continuaram atirando ao descer da viatura — tudo aconteceu por volta das 11h de ontem. Moradores tentaram se abrigar, mas Severina da Silva Nunes, 63, foi atingida.

A comerciante afirma que a idosa já estava morta quando os policiais a levaram na viatura sob pretexto de socorro — o que impossibilita uma perícia no corpo ainda no local.

Severina estava acompanhada do filho, que aparece em vídeos que circulam nas redes sociais gritando com os PMs. "Ele ficou perguntando o que eles tinham feito, desesperado", conta a testemunha.

A mulher grávida ferida foi identificada como Kécia de Souza Silva, 30.

'Não havia indícios de tiroteio'

Renata afirma que o movimento na rua era normal, sem indícios de tiroteio ou circulação de traficantes. "Meu filho de 5 anos brincava ali, enquanto eu e minha mãe cozinhávamos. Quando ele cansou, sentou dentro da loja. Minutos depois, comecei a escutar os tiros."

A comerciante conta que ela e a mãe começaram a gritar para que os policiais parassem de atirar — o que só aconteceu quando eles viram Severina caída de bruços no chão.

A idosa estava sentada na cadeira de um bar, tomando café como costumava fazer em algumas manhãs. O local em que ela foi baleada fica a 100 m de uma base de UPP e a 200 m de uma escola.

É uma reta que estava livre, não tinha nada na frente deles. Começaram a atirar do nada, e eles viram que só tinha moradores. Uma cliente com um bebêzinho no colo... Todo mundo tentou se abrigar na minha loja.
Renata Silva, testemunha de ação da PM em morro no Rio

O que diz a PM

Em nota oficial, a PM afirma que equipes da UPP Turano foram atacadas por criminosos armados durante policiamento na comunidade.

A Polícia Civil não respondeu ao UOL se houve perícia no local.

A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga a morte de Severina da Silva Nunes, de 63 anos. Uma segunda pessoa ficou ferida na ação. Os policiais militares foram ouvidos e as armas apreendidas. Diligências estão em andamento para esclarecer todos os fatos.
Nota oficial da Polícia Civil

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