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UE quer impor tomadas universais para carregadores de celular e irrita Apple

23/09/2021 10h56

A Comissão Europeia bate de frente com gigantes da tecnologia, como a Apple, ao pedir a regulamentação do uso de tomadas USB de formato único para telefones celulares e outros pequenos objetos eletrônicos. O projeto foi revelado nesta quinta-feira (23) e visa defender o direito dos consumidores e diminuir o lixo tecnológico.

A diretiva proposta pelo Executivo europeu, que sem dúvida facilita a vida dos usuários, deve ser aprovada em breve pelos eurodeputados e os Estados membros. Ela visa harmonizar os modelos de tomadas USB para os carregadores de smartphones, tablets, máquinas fotográficas, fones de ouvido e consoles de videogame.

O projeto foi lançado em 2009 pela Comissão e foi tema de uma resolução votada em janeiro de 2020 pelo Parlamento Europeu, mas, até agora, sofreu resistência por parte da indústria. Desde então, a situação evoluiu: neste período o número de tomadas USB passou de 30 modelos para três: a micro USB, utilizada durante muito tempo na maior parte dos telefones, a USB-C, mais recente, e a Lightning, da Apple. 

Agora, o objetivo da UE é impor o uso da tomada USB-C a todos os aparelhos eletrônicos, o que permitiria a utilização de todo tipo de carregador. A harmonização das tecnologias utilizadas garantirá a mesma rapidez no carregamento da bateria. Esse não é o caso hoje, em função da marca do telefone. "Essa á uma vitória para os consumidores e para o meio-ambiente. Os europeus estão cansados de carregadores incompatíveis entupindo suas gavetas", escreveu, em um comunicado, a comissária europeia para a concorrência, Margrethe Vestager.   

Lixo eletrônico

A Apple justifica que sua tecnologia Lightning equipa mais de um bilhão de aparelhos em todo o planeta e manifestou sua oposição ao projeto. "Essa regulamentação vai prejudicar a inovação em vez de encorajá-la e prejudicará os consumidores na Europa e no mundo" declarou a marca.

A empresa estimou que, no ano passado, essa legislação geraria um "volume sem precedentes de lixo eletrônico", tornando obsoletos uma parte dos carregadores que ainda estavam em circulação. Além disso, a Apple chamou a atenção para o período de transição, de 24 meses, julgado insuficiente, e o problema que a decisão geraria em suas filiais de reciclagem, que estão atualmente em funcionamento.

A Comissão Europeia argumenta que os consumidores europeus, que gastam cerca de € 2,4 bilhões por ano para comprar carregadores, poderiam economizar pelo menos € 250 milhões por ano, e o lixo gerado por esses objetos, avaliado em 11 mil toneladas por ano, poderia ser reduzido em quase mil toneladas.

Bruxelas também assegura que quer preservar a inovação tecnológica, principalmente as técnicas de carregamento sem fio, excluídas do projeto de diretiva porque são consideradas pouco desenvolvidas, em um mercado "fragmentado."

(Com informações da AFP)

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