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Ministro do MEC edita currículo após universidade não reconhecer pós-doc

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e Carlos Alberto Decotelli da Silva, novo ministro da Educação - Reprodução/Facebook
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e Carlos Alberto Decotelli da Silva, novo ministro da Educação Imagem: Reprodução/Facebook
do UOL

Do UOL, em São Paulo

29/06/2020 15h03

O novo ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli da Silva, editou novamente o seu currículo Lattes, desta vez após a Universidade de Wuppertal, na Alemanha, não reconhecer o pós-doutorado do economista. O site do MEC também foi atualizado. Na semana passada, Decotelli também modificou o currículo depois de o reitor da Universidade de Rosário, Franco Bartolacci, afirmar que ele não fez doutorado na instituição argentina.

Na edição de hoje, Decotelli retirou a titulação de pós-doutorado e no resumo deixou apenas: "Tendo trabalhado como professor de gestão de riscos em derivativos no agronegócio em vários cursos no Brasil, construiu um projeto de pesquisa intitulado 'Sustentabilidade e Produtividade na automação de máquinas agrícolas', que foi submetido à Bergische Universitat Wuppertal, na Alemanha, tendo por base pesquisa específica que teve o apoio da empresa Krone".

Em nota, a instituição alemã ao UOL que: "Carlos Decotelli veio para a cadeira da profa. Dra Brigitte Wolf para uma pesquisa de três meses em 2 de janeiro de 2016. Até 2017 ela era professora de teoria do design, com foco em metodologia, planejamento e estratégia na Universidade de Wuppertal e agora é emérita. Ele não adquiriu nenhum título em nossa universidade. A Universidade de Wuppertal não pode fazer nenhuma declaração sobre títulos obtidos no Brasil".

Ministro do MEC, Carlos Decotelli edita novamente o currículo Lattes após universidade alemã não reconhecer pós-doutorado do economista - Reprodução - Reprodução
Ministro do MEC, Carlos Decotelli edita novamente o currículo Lattes após universidade alemã não reconhecer pós-doutorado do economista
Imagem: Reprodução

A posse de Decotelli foi adiada pelo governo de Jair Bolsonaro depois de reveladas incoerências em seu currículo. A cerimônia estava marcada para amanhã, às 16 horas, mas segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, o Planalto já avisou que ela não ocorrerá nesta data.

O próprio grupo militar que indicou o ex-professor está constrangido porque foi surpreendido pelos problemas acadêmicos e está avaliando a repercussão do caso. Ele também perdeu o apoio que tinha entre professores da Fundação Getulio Vargas (FGV). Enquanto isso, alas mais ideológicos estão fortemente tentando derrubá-lo antes mesmo de tomar posse.

Contradições no Lattes

As contradições com o currículo do novo ministro começaram na sexta-feira (26), quando o reitor da Universidade de Rosário afirmou à Folha de S.Paulo que Decotelli "cursou o doutorado, mas não finalizou, portanto não completou os requisitos exigidos para obter a titulação de doutor na Universidade Nacional de Rosario".

Semana passada, a assessoria de imprensa do MEC (Ministério da Educação) informou ao UOL que o novo comandante da pasta concluiu os créditos das disciplinas necessárias da universidade argentina, mas a pasta não respondeu se ele tinha defendido a tese de doutorado, necessária para a obtenção do título de doutor.

MEC diz que Decotelli concluiu créditos necessários para doutorado na Universidade de Rosário e apresenta certificado emitido pela instituição - Reprodução - Reprodução
MEC diz que Decotelli concluiu créditos necessários para doutorado na Universidade de Rosário e apresenta certificado emitido pela instituição
Imagem: Reprodução

Já no final de semana, a FGV (Fundação Getúlio Vargas) anunciou que iria apurar a denúncia de plágio na dissertação de mestrado de Decotelli. Em nota, a instituição informou que está localizando o orientador do trabalho para buscar informações a respeito do assunto.

O ministro afirmou na sequência, em nota publicada pelo MEC, que não cometeu plágios em sua dissertação de mestrado na FGV, e afirmou que, se houver omissões, trata-se de "falhas técnicas".

"O ministro refuta as alegações de dolo, informa que o trabalho foi aprovado pela instituição de ensino e que procurou creditar todos os pesquisadores e autores que serviram de referência e cujo conhecimento contribuiu sobremaneira para enriquecer seu trabalho. O ministro destaca que, caso tenha cometido quaisquer omissões, estas se deveram a falhas técnicas ou metodológicas", disse o MEC.

Em post para anunciar o novo titular do MEC, na quinta (25), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que Decotelli é bacharel em Ciências Econômicas pela UERJ, Mestre pela FGV, Doutor pela Universidade de Rosário, na Argentina, e Pós-Doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha.

Na condição de oficial da Marinha, Decotelli é tido como uma nomeação de confiança do núcleo militar do governo. Ao mesmo tempo, é alinhado com o presidente da República em questões ideológicas e se mostra "fiel aos conceitos de guerra cultural", o que pode agradar aos "olavistas" (ala de adeptos do ideólogo Olavo de Carvalho).

Decotelli será o responsável por fazer "a conexão da academia" com a gestão que os militares constataram que faltava na gestão Weintraub.

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