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Júri começa deliberações em julgamento criminal de Donald Trump por suborno

29/05/2024 16h32

Por Luc Cohen e Jack Queen e Andy Sullivan

NOVA YORK (Reuters) - Os jurados do julgamento criminal de Donald Trump relacionado à compra do silêncio de uma estrela pornô deram início às deliberações nesta quarta-feira, reunindo-se a portas fechadas para avaliar evidências e depoimentos que ouviram e assistiram durante as últimas cinco semanas. 

Não há previsão de quanto tempo os jurados levarão para chegar a um veredito no primeiro julgamento criminal de um presidente dos Estados Unidos. 

Trump, de 77 anos, é acusado de falsificar documentos comerciais para acobertar um pagamento a uma estrela pornô pouco antes da eleição presidencial de 2016. Ele se declarou inocente e nega ter cometido irregularidades. 

“A Madre Teresa não conseguiria vencer essas acusações”, disse, a jornalistas, no tribunal, referindo-se à falecida vencedora do Prêmio Nobel da Paz. “A coisa toda é manipulada.” 

Pouco antes das deliberações começarem, o juiz  que supervisiona o julgamento disse aos jurados que eles não podem se basear exclusivamente no depoimento da principal testemunha, Michael Cohen, que teve um papel central no pagamento que está no coração do caso. 

O juiz Juan Merchan disse para os jurados examinarem Cohen, ex-faz-tudo de Trump, minuciosamente porque ele afirmou em depoimento que esteve diretamente envolvido na suposta tentativa de Trump de acobertar o pagamento à estrela pornô Stormy Daniels, pouco antes da eleição de 2016. 

“Mesmo se vocês concluírem que o depoimento de Michael Cohen é crível, vocês não podem condenar o réu exclusivamente com base naquele depoimento, a menos que concluam que ele foi corroborado por outras evidências”, afirmou Merchan. 

Os comentários de Merchan fizeram parte de suas instruções detalhadas aos 12 jurados e seis reservas que sentaram-se silenciosamente em um tribunal de Nova York durante semanas, enquanto os promotores apresentavam seu caso e os advogados de Trump tentavam derrubá-lo. 

“Vocês precisam deixar de lado qualquer opinião pessoal ou viés que possam ter a favor ou contra o réu”, disse Merchan.  

Um veredito de culpado pode virar a eleição presidencial de cabeça para baixo.  Trump, o candidato republicano, tenta recuperar a Casa Branca do presidente democrata, Joe Biden, em 5 de novembro. 

As instruções de Merchan sublinharam o papel fundamental de Cohen, que foi advogado e faz-tudo de Trump durante aproximadamente uma década antes dos dois se desentenderem. 

Cohen afirmou em depoimento que pagou 130.000 dólares do seu próprio bolso para impedir que Daniels contasse aos eleitores sobre o suposto encontro sexual com Trump que, segundo ela, ocorreu 10 anos antes da eleição de 2016. 

Cohen disse no depoimento que Trump aprovou o pagamento e concordou, depois da eleição, com um plano para reembolsar Cohen com prestações mensais disfarçadas de honorários legais. 

Os advogados de Trump argumentaram que os jurados não podem confiar que Cohen, um criminoso condenado com um longo histórico de mentiras, dirá a verdade. 

Em sua argumentação final na terça-feira, o promotor Joshua Steinglass apresentou mensagens de voz, emails e outros documentos aos jurados que, segundo ele, corroboram o depoimento de Cohen. 

Uma condenação não impedirá Trump de tentar retomar a Casa Branca. Tampouco o impedirá de assumir o cargo, caso vença.

Pesquisas de opinião mostram Trump e Biden em uma disputa apertada. Mas a pesquisa Reuters/Ipsos descobriu que um veredicto de culpado poderia causar impacto entre eleitores de Trump independentes e alguns republicanos.

Um veredito de inocência removeria uma barreira legal importante, liberando Trump da obrigação de fazer malabarismos entre as aparições no tribunal e as atividades de campanha. Caso condenado, a expectativa é que ele recorra. Trump enfrenta três outros processos criminais,  mas não há expectativa de que eles cheguem a julgamento antes da eleição de 5 de novembro.

Integrantes da campanha de Biden dizem que qualquer veredito não terá impacto substancial na dinâmica da eleição.

(Reportagem de Jack Queen e Luc Cohen em Nova York e Andy Sullivan em Washington)

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