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'Pelo amor de Deus': delegado preso no caso Marielle faz súplica a Moraes

Delegado Rivaldo Barbosa foi chefe da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro - Fernando Frazão/Agência Brasil
Delegado Rivaldo Barbosa foi chefe da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil
do UOL

Do UOL, em São Paulo

23/05/2024 10h48Atualizada em 23/05/2024 16h59

O delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, enviou uma "súplica" ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, para que, "pelo amor de Deus", seja ouvido pela Polícia Federal. Ele foi preso por suspeita de colaborar com os mandantes dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018.

O que aconteceu

O pedido foi enviado a Moraes em um recado. "Por misericórdia, solicito que V.Exa. faça os investigadores me ouvirem, pelo amor de Deus", escreveu Barbosa no topo de um mandato de notificação entregue por um oficial de justiça na Penitenciária Federal de Brasília. A informação foi noticiada pelo jornal O Globo e confirmada pelo UOL.

A forma como o pedido foi feito surpreendeu os advogados de Barbosa, Felipe Dalleprane e Marcelo Ferreira. "No campo onde deveria assinar e escrever a data dizendo que recebeu a notificação [do oficial de justiça], ele fez esse pedido de socorro, que surpreendeu muito a gente, demonstrando o desespero dele com o fato de ainda não ter sido ouvido", disse Dalleprane ao UOL.

Na resposta a Moraes, o oficial de Justiça comunicou sobre a "súplica" de Barbosa. Ao informar que a notificação foi entregue às 14h40 do dia 20 de maio, o servidor público escreveu que Barbosa recebeu a notificação e fez uma "súplica" no documento.

O delegado já havia pedido a Moraes para prestar depoimento há cerca de um mês. Na ocasião, ele disse que não foi chamado para prestar depoimento mesmo após ordem judicial.

bilhete rivaldo barbosa - Reprodução - Reprodução
Bilhete escrito pelo delegado Rivaldo Barbosa a Alexandre de Moraes
Imagem: Reprodução

Como a gente não estava presente, não nos surpreendeu o teor, mas a forma que ele fez [o apelo]. E foi até uma forma inteligente de chamar a atenção porque ele não foi ouvido quando foi preso, nem quando foi denunciado, e isso é um ponto muito negativo para a Polícia Federal porque havia determinação expressa do ministro Alexandre de Morais.
Marcelo Ferreira, advogado de Barbosa

Barbosa foi preso preventivamente no dia 24 de março e denunciado pela Procuradoria-Geral da República no último dia 10. Também acabaram presos e denunciados os supostos mandantes do crime: o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Domingos Brazão e seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ).

Por que o delegado foi preso?

recado - Reprodução - Reprodução
Local no mandato de notificação em que Barbosa escreveu a súplica a Moraes
Imagem: Reprodução

Barbosa foi apontado como "peça-chave" na consumação dos homicídios de Marielle e Anderson Gomes. O delegado teria cuidado para que os suspeitos não fossem incomodados pelo inquérito aberto para investigar o crime, segundo delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, que teria participado dos assassinatos.

Os irmãos Domingos e Chiquinho Brasão teriam avisado Barbosa sobre o plano de mandar matar Marielle. Segundo a denúncia da PGR, o delegado usou seu cargo de chefe de Polícia Civil "para oferecer a garantia necessária aos autores intelectuais do crime de que todos permaneceriam impunes".

Rivaldo [Barbosa] ocupava, ao tempo do planejamento do crime, a função de diretor da Divisão de Homicídios, tendo sido empossado, no dia imediatamente anterior às execuções, como chefe de Polícia Civil.
Hindenburgo Chateubriand Filho, vice-procurador-geral da República

O aval do chefe da Polícia Civil seria parte do plano dos irmãos Brazão. "Ele detinha o controle dos meios necessários para garantir a impunidade do crime", continua Chateubriand Filho, que assina a denúncia.

montagem - delegado rivaldo barbosa e irmãos brazão - Arte/UOL - Arte/UOL
Delegado Rivaldo Barbosa com os irmãos Brazão
Imagem: Arte/UOL

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