Padre vira alvo do MPF após dizer que RS 'abraçou a bruxaria e o satanismo'
O MPF (Ministério Público Federal) do Mato Grosso do Sul abriu uma "notícia de fato" para apurar a declaração de um padre que relacionou o desastre no Rio Grande do Sul à falta de fé, declarando que o estado "abraçou a bruxaria e o satanismo".
O que aconteceu
MPF recebeu denúncia na segunda-feira (20) no canal eletrônico de atendimento ao cidadão. A denúncia apontava o "preconceito religioso por parte de um pároco do município de Nova Andradina, Mato Grosso do Sul". Até esta quarta-feira (22), ao menos 162 pessoas morreram e outros 2.342.460 foram afetados pela tragédia no estado, segundo o governo local.
As declarações foram realizadas pelo padre Paulo Santos, da paróquia São Vicente de Paulo. Gaúcho, o religioso fez as falas ao lado de uma bandeira do estado durante "Missa Solidária, em oração por Rio Grande do Sul", ocorrida no último dia 8 na igreja, segundo a Folha de S.Paulo.
Procuradoria da República no município de Dourados abriu uma notícia de fato, confirmou o MPF ao UOL. A denúncia, distribuída na terça-feira (21), irá apurar a suspeita de "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional".
Após autuação, começa a contar o prazo de 30 dias, possível de prorrogação por até 90 dias. Neste período, o membro da procuradoria de Dourados deve colher informações preliminares para deliberar sobre a instauração de eventuais procedimentos contra os envolvidos no caso.
Procurada pelo UOL, a Paróquia informou que ela e o padre não têm nada a declarar sobre o caso e qualquer posicionamento será dado pelos "órgãos responsáveis". A reportagem também procurou a Diocese de Naviraí, mas não teve retorno. O texto será atualizado tão logo haja manifestação.
Declarações do padre
Padre afirmou que o sofrimento "não vem de Deus" e que o sentimento é inerente à existência humana. Ele continuou declarando que a situação era muito difícil no estado e que amigos e sacerdotes perderam tudo em razão da tragédia. A transmissão ao vivo da missa com a fala começou a repercutir nas redes sociais.
Então, o religioso fez "alerta" aos fiéis. "O Rio Grande do Sul há muito tempo abraçou a bruxaria e o satanismo. Há muito tempo o meu povo tem se afastado de Deus. Deus não precisa mandar sofrimento para nossa vida porque ele não faz isso, mas nós mesmos às vezes buscamos na fragilidade humana coisas ruins para nós", disse.
Padre também declarou que o Rio Grande do Sul é o "estado mais ateu da federação". E ainda citou que o secularismo, separação entre as instituições governamentais e instituições religioso, "chegou" no estado.
Existem mais centros de macumba na cidade de Porto Alegre do que no estado da Bahia inteiro.
Padre Paulo Santos, da paróquia São Vicente de Paulo
Influenciadora foi denunciada por associar tragédia à "macumba"
O Ministério Público de Minas Gerais denunciou na última sexta-feira (17) a influenciadora Michele Dias Abreu, 43, por intolerância religiosa. No começo do mês, a mulher associou a tragédia climática no Rio Grande do Sul a religiões de matriz africana.
Michele, que também é empresária, é mineira de Governador Valadares. Ela foi denunciada por "incitação de intolerância religiosa por meio de publicação em rede social", informa o MP em nota.
A declaração foi publicada em um vídeo no dia 5 de maio. Ela tem quase de 32 mil seguidores, mas seu vídeo foi compartilhado em diversos perfis e passou de 3 milhões de visualizações. Depois da polêmica, a influenciadora tornou privada suas redes sociais. O UOL não conseguiu contato com a empresária.
O estado do Rio Grande do Sul é um dos estados com maior número de terreiros de macumba. Alguns profetas já estavam anunciando sobre algo que ia acontecer no Rio Grande do Sul, devido à ira de Deus.
Michele Dias Abreu, em vídeo no dia 5 de maio