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Vento muda de direção e pode ser um obstáculo para a água baixar no RS

Stella Borges e Laila Nery
do UOL

Do UOL, em São Paulo e colaboração para o UOL

09/05/2024 14h02Atualizada em 09/05/2024 16h02

A direção dos ventos no Rio Grande do Sul mudou nesta quinta-feira (9), o que pode dificultar o escoamento da água das enchentes que atingiram várias regiões do estado.

O que aconteceu

Direção e a velocidade do vento são fatores determinantes para vazão ou retenção. O sistema de escoamento é extremamente dependente da Lagoa dos Patos —que recebe as águas dos rios e do Guaíba. A lagoa começa na região metropolitana de Porto Alegre e deságua no mar, na cidade de Rio Grande.

Ventos no sentido do Sul e do Sudeste represam a água, elevando o nível da Lagoa dos Patos. No caminho inverso, ventos no sentido do Norte e do Noroeste são aliados por conduzir a água com maior rapidez ao oceano.

Chegada de frente fria, chuva e mudança da direção dos ventos para o Sul prolongam enchentes. Embora o Guaíba tenha recuado nesta quinta-feira para 4,90 metros, após atingir seu recorde de 5,32 m na segunda-feira (6), essas condições climáticas são favoráveis para que as inundações continuem, com novos momentos de elevação do nível, segundo a MetSul Meteorologia.

Saída estreita da Lagoa dos Patos para o litoral não é suficiente para escoar a quantidade de água que se acumulou em tão pouco tempo. "Boa parte das bacias hidrográficas do RS vão para a Lagoa dos Patos e só é separada do mar por um estirão de areia. Uma saída muito restrita faz a água ficar aprisionada por mais tempo na lagoa dos patos, leva um tempo maior para baixar", explica o pesquisador Ricardo Fraga, da Universidade Federal da Bahia.

Antes e depois do Guaíba - European Union, Copernicus Sentinel-2 imagery - European Union, Copernicus Sentinel-2 imagery
Antes e depois do Guaíba
Imagem: European Union, Copernicus Sentinel-2 imagery

Até que a água comece a baixar, um grande acúmulo deve atingir a região de Pelotas e de Rio Grande. Alertas do governo do estado já foram emitidos para que todos que tiveram suas casas alagadas nesses municípios nas últimas cheias da Lagoa dos Patos deixem suas casas. "Não tem como estimar a quantidade de lama que vai ser jogada em Rio Grande, são cidades planas e isso intensifica os riscos de alagamentos", afirma Luis Felipe Mendonça, professor de oceanografia da UFBA.

O governador do estado, Eduardo Leite (PSDB), emitiu um alerta para quem mora na região da Lagoa dos Patos. "Toda essa água que está aqui causando esse transtorno vai descer e subir muito o nível da lagoa", ele relembrou a enchente de 1941, que causou estragos na região e afirmou estar em contato com os prefeitos da região para a tomada de providencias.

Mais chuvas devem atingir o estado; temporais já mataram 107

Nesta sexta-feira (10), o Rio Grande do Sul voltará a ser atingido por chuvas fortes. Segundo o Inmet, entre os dias 10, 11 e 12, a chuva com maior intensidade será entre o centro-norte e o leste gaúcho, incluindo o litoral norte do estado e o sul de Santa Catarina.

Volumes de chuva podem passar dos cem milímetros. "É importante ressaltar que os volumes de chuva previstos podem causar novos transtornos em áreas já afetadas anteriormente. Por este motivo, o Inmet alerta e recomenda acompanhar e seguir as orientações da Defesa Civil Nacional", informou o instituto.

Mais de 1,4 milhão de pessoas já foram afetadas. 136 pessoas estão desaparecidas e 165.112 desalojadas. Ao todo, 428 dos 487 municípios gaúchos —o equivalente a 86% deles — foram afetados.

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