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Vice de Mogi é barrada em seu próprio gabinete após romper com o prefeito

Priscila Yamagami (Progressistas), vice-prefeita de Mogi das Cruzes, teve a senha de acesso ao seu próprio gabinete invalidada nesta terça (16). A situação aconteceu após ela romper politicamente com Caio Cunha (Podemos), prefeito da cidade, no começo do mês.

O que aconteceu

Vice tentou validar senha em aparelho, mas sua impressão digital não foi reconhecida. Foi preciso que uma servidora liberasse a entrada para que Priscila pudesse buscar itens dentro de sua sala. Ao entrar, ela verificou ainda que uma chave da sala não estava no local onde era sempre guardada.

Priscila afirma ainda que o prefeito exonerou membros de sua assessoria. Segundo ela, Cunha também solicitou instrumentos de trabalho usados por ela em sua atividade, como computador e celular. Ela acionou a Justiça para tentar entender o que aconteceu.

Legislação não permite que prefeito demita vice. Assim como os titulares das prefeituras, os vice-prefeitos são eleitos e só podem ser afastados por processo de impeachment e outros instrumentos legais — nenhum deles baseado apenas na iniciativa do prefeito.

Continuo como vice-prefeita da cidade, tenho mandato
Priscila Yamagami, vice-prefeita de Mogi das Cruzes, em vídeo divulgado na terça (16)

"Priscila nunca foi barrada de acessar sua sala e nunca será", diz prefeito. Em vídeo enviado ao UOL após a publicação da reportagem, Cunha explicou que há duas formas de se acessar o gabinete do prefeito, onde o gabinete da vice fica localizado. A primeira é por pessoas de confiança, que tem acesso livre ao local. A segunda, válida para qualquer pessoa, prevê que a pessoa seja anunciada pelas recepcionistas e recebida por uma assessora, como, segundo ele, aconteceu com Priscila.

Nova sala será oferecida a vice-prefeita fora do ambiente do gabinete do prefeito. Segundo ele, o formato era usado em outras gestões e será retomado após a situação.

Já a assessoria da vice-prefeita enviou uma nota oficial divulgada também nas redes sociais.

"Preciso traçar novos projetos e novas possibilidades", afirmou vice ao anunciar rompimento. Em vídeo divulgado no Instagram no último dia 5, Priscila sinalizou que pretende seguir ativa na vida política da cidade e agradeceu o apoio dos eleitores nos últimos anos.

Começo agora uma nova jornada e subo mais um degrau na direção do que acredito
Priscila Yamagami, vice-prefeita de Mogi das Cruzes, em vídeo do começo do mês

Cunha tem histórico de polêmicas

Prefeitura foi condenada em primeira instância por assédio moral em 2023, mas sentença foi anulada. Em outubro, o Tribunal de Justiça de São Paulo deu ganho de causa ao servidor Sérgio Passos em uma ação movida contra Cunha. Transferido três vezes em um mesmo ano, ele acusava o prefeito de perseguição. A decisão previa ainda o pagamento de indenização de R$ 35 mil. No começo de abril, nova decisão da Justiça anulou a sentença inicial, por "necessidade de complementação da prova documental".

Cunha é alvo de outras acusações. Funcionários da prefeitura afirmam que o prefeito persegue pessoas que, na sua avaliação, seriam ligadas ao governo anterior. Os servidores citam uma lista com nomes "malvistos", situações vexatórias, transferências que teriam o objetivo de "punir" os funcionários e até ameaça de morte.

Ao UOL, prefeito negou todas as acusações. Em entrevista publicada em janeiro, ele disse que as denúncias partem da oposição e apontou que o advogado de vários dos servidores que o acionaram judicialmente é pré-candidato à prefeitura — o que Marcos Soares, à época, não confirmou.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado inicialmente, a Prefeitura de Mogi das Cruzes (e não o prefeito Caio Cunha) foram condenados em primeira instância por assédio moral no caso do servidor Sergio Passos.

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