Mais de 40 países acusam Putin pela morte de Navalny e exigem investigação internacional independente
Mais de 40 países exigiram na segunda-feira (4) uma investigação internacional independente sobre a morte do líder da oposição russa Alexei Navalny - e disseram que o presidente Vladimir Putin era o responsável.
Membros da União Europeia, Estados Unidos, Grã-Bretanha, Ucrânia, Austrália, Canadá, Nova Zelândia e Noruega estavam entre os países que expressaram indignação com a morte de Navalny no Conselho de Direitos Humanos da ONU.
"Estamos indignados com a morte do opositor Alexei Navalny, pela qual a responsabilidade final cabe ao presidente Putin e às autoridades russas", disse a embaixadora da UE, Lotte Knudsen, ao órgão de direitos humanos da ONU em nome de 43 países.
"A Rússia deve permitir uma investigação internacional independente e transparente sobre as circunstâncias da morte súbita" de Navalny, o que é visto como "mais um sinal da repressão acelerada e sistemática na Rússia".
Os países disseram estar profundamente preocupados com a "repressão sistemática da sociedade civil".
O grupo de países pediu que a Rússia liberte imediata e incondicionalmente todos os presos políticos, defensores dos direitos humanos, jornalistas e ativista antiguerra detidos por exercerem pacificamente seus direitos e por se oporem à guerra da Rússia na Ucrânia.
"Pedimos à Federação Russa para acabar com este clima de impunidade e para que um ambiente seguro para a oposição política e vozes críticas", afirmou o comunicado.
Eles também pediram para a Rússia "abolir a legislação opressiva e acabar com o uso político indevido do poder judicial".
"A liderança política e as autoridades da Rússia devem ser responsabilizadas", disse Knudsen.
"A coragem, o sacrifício e o compromisso inabalável de Navalny com a causa da justiça, da liberdade e da democracia nunca serão esquecidos."
Tendências piorando
A morte do mais ferrenho oponente de Putin foi anunciada em 16 de fevereiro, enquanto o líder do Kremlin fazia campanha para garantir um novo mandato de seis anos, numa eleição em meados de março, onde não enfrentará nenhuma concorrência real.
Por sua vez, o chefe dos direitos humanos da ONU, Volker Turk, disse que a morte de Navalny faz aumentar a preocupação diante das eleições ainda este mês e a perspectiva de maior perseguição de opositores.
As autoridades russas intensificaram ainda mais a repressão às vozes dissidentes, disse Turk, diante do Conselho de Direitos Humanos.
Vários candidatos foram impedidos de concorrer, devido a alegadas irregularidades administrativas, segundo Turk.
"Desde o início da guerra da Rússia contra a Ucrânia, milhares de políticos, jornalistas, defensores dos direitos humanos, advogados e pessoas que simplesmente expressaram o que pensam nas redes sociais enfrentaram acusações administrativas e criminais, e essa tendência parece ter piorado nos últimos meses", disse.
Ele pediu uma revisão de todos esses casos e "o fim imediato da repressão às vozes independentes".
"O futuro do país depende de um espaço aberto."
Respondendo a Turk, o representante da Rússia na Câmara disse que o Conselho de Direitos Humanos da ONU estava produzindo "relatórios anti-Rússia" que "com invenções da Ucrânia e do Ocidente".
"Não falta material abertamente falso que tem como alvo o nosso país. Isto parece particularmente cínico", disse ele.
Ele disse a Turk e ao Conselho "para começarem a fazer uma avaliação objetiva da situação no mundo, para não perderem a confiança que ainda têm".
(com AFP)