Império de homens: como o mais rico da América Latina planeja sucessão
Carlos Slim Helú, 84, é o homem mais rico da América Latina. O bilionário vem se preparando há anos para a sua aposentadoria, e tem dado prioridade aos homens da família —filhos, genros e netos— nos cargos administrativos de seu império.
Quem é Carlos Slim Helú
Carlos Slim Helú é a pessoa mais rica do México —e da América Latina. Segundo a Forbes, sua fortuna é avaliada em US$ 101,8 bilhões (cerca de R$ 505,9 bilhões). O mexicano foi o 8º colocado da edição de 2023 da lista de bilionários da revista.
Slim e sua família controlam a América Móvil, a maior empresa de telecomunicações móveis da América Latina. No Brasil, a empresa controla as operações de marcas como a Claro e Embratel. Além disso, a família Slim também possui 76% do Grupo Carso, um dos maiores conglomerados da América Latina.
Negócios em diversas áreas. Ainda segundo a revista, o empresário tem participações em empresas mexicanas de bens de consumo, construção, imobiliárias e mineração. Anteriormente, ele detinha uma participação de 17% no jornal The New York Times.
Filho de imigrantes libaneses, Slim nasceu em 28 de janeiro de 1940 na Cidade do México. O sobrenome original da família Slim, inclusive, é Salim, segundo o jornalista mexicano Diego Enrique Osorno, autor da biografia não autorizada "Slim: Biografía Política del Mexicano Más Rico del Mundo" ("Slim: biografia política do mexicano mais rico do mundo", em tradução livre, sem versão brasileira).
O pai de Slim fez fortuna no ramo do comércio. Segundo a revista norte-americana New Yorker, por influência do pai, Slim começou a lidar com dinheiro muito cedo. Aos dez anos, ele abriu uma conta corrente e aplicou na poupança. Aos 12, ganhou do pai um livro para anotar suas movimentações a partir da mesada de cinco pesos semanais que ganhava.
Começo nos negócios. Apesar de ter estudado engenharia civil na Universidade Nacional Autônoma do México, Slim fundou, em 1965, a corretora de valores Inversora Bursatil. No ano seguinte, criou também a Imobiliária Carso, hoje Carso Inversiones. Ainda seguindo os passos do pai, Slim foi adquirindo o controle de diversas companhias mexicanas e vendo seus negócios prosperarem.
Seu império nas telecomunicações começou em 1990, quando comprou a Telmex, a estatal mexicana de telefonia. A empresa foi desmembrada em 2001 para a criação da América Móvil.
Slim foi casado com Soumaya Domit, também descendente de libaneses. O casal teve seis filhos: Carlos, Marco Antonio, Patrick, Johanna, Vanessa e Soumaya.
Em 1997, Slim passou por um susto durante uma cirurgia cardíaca. Uma válvula implantada no procedimento se rompeu e o empresário teve uma hemorragia grave, precisando de 130 bolsas de sangue. Depois do episódio, ele passou o controle diário das empresas para os filhos e genros.
Controle nas mãos dos homens da família
Slim vem se preparando há muitos anos para a aposentadoria. Segundo o jornal argentino La Nación, seus três filhos homens já ocupam cargos administrativos nas empresas da família há anos: Carlos Jr. é presidente dos Conselhos de Administração da América Móvil, Grupo Sanborns, Telefonos de México, Grupo Carso, Promotora Musical e US Commercial Corp; Marco Antonio é presidente do Conselho do Grupo Financiero Inbursa, Inversora Bursátil, Seguros Inbursa, Promotor de Desenvolvimento e Emprego na América Latina e do Instituto de Saúde Carlos Slim; e Patrick é diretor do Grupo Sanborns, CCO da Telmex, presidente da Ferrosur, vice-presidente dos conselhos da América Móvil e do Grupo Carso.
Em 2016, o bilionário também colocou Daniel e Rodrigo Hajj Slim, dois de seus netos, nos conselhos de suas empresas. Na época, ambos estavam na casa dos 20 anos. Slim disse publicamente que o seu plano de sucessão estava concluído.
Importância da família. "Slim deu a seus próprios filhos cargos seniores quando eles eram jovens e a importância da família sempre foi um mantra para ele", disse Andrew Paxman, historiador de negócios, à Forbes na época das nomeações.
Os genros de Slim também estão envolvidos direta ou indiretamente nos negócios da família. Enquanto isso, as três filhas de Slim —Vanessa, Soumaya e Johanna— atuam nas fundações filantrópicas e galerias de arte da família.
"Cultura sexista". "Na verdade, as filhas não são responsáveis pelos seus negócios, mas os genros [seus maridos] são. E agora se diz que os netos estão assumindo cargos de gestão em todos os negócios", explicou ao La Nación Mario Maldonado, jornalista, colunista do El Universal e diretor do El CEO, que investigou a rede de empresas e negócios do bilionário. O especialista ainda lamenta que "no México ainda exista muito desta cultura um tanto sexista de Conselhos de Administração em que a maioria dos gestores são homens."
Cargos ocupados pelas mulheres. Entre as filhas de Slim, Soumaya é vice-presidente do Museu Soumaya; Vanessa é presidente da Associação de Melhoramento para o México e América Latina, além de dirigir os programas de bem-estar da Fundação Carlos Slim e da Fundação Telmex; e Johanna é diretora do Programa de Educação Inicial da Fundação Carlos Slim e membro do Conselho de Administração do Grupo Sanborns.