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Aliados europeus e EUA relutam em enviar tropas à Ucrânia

27/02/2024 08h52

Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Espanha e outros aliados europeus de Kiev se opuseram, nesta terça-feira (27), ao envio de tropas ocidentais para a Ucrânia, depois de o presidente francês, Emmanuel Macron, não descartar esta ideia na véspera.

"Os EUA não enviarão tropas para lutar na Ucrânia", disse a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Adrienne Watson, ressaltando que o "caminho para a vitória" ucraniana passa pela aprovação no Congresso de uma ajuda militar bloqueada.

As declarações de Macron, ao fim de uma reunião de líderes europeus em Paris, provocaram um terremoto na Europa, que obrigou aliados e beligerantes a se posicionarem.

Perguntado em uma coletiva de imprensa sobre a possibilidade de envio de tropas ocidentais, Macron disse que não havia consenso, mas afirmou: "Não se deve descartar nada".

O primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, cujos detratores consideram próximo de Moscou, disse após a reunião que há países "dispostos a enviar os seus próprios soldados para a Ucrânia". 

"Não convém em nada a esses países e eles devem estar cientes disso", disse o porta-voz do governo russo, Dmitri Peskov, a jornalistas, considerando que o simples fato de levantar esta possibilidade representa "um novo elemento muito importante" no conflito. 

A Ucrânia considerou, ao contrário, um "bom sinal", disse à AFP um conselheiro da Presidência ucraniana, Mikhailo Podoliak, cujo país enfrenta o terceiro ano de guerra para repelir a invasão russa, mas que precisa de munições.

Nesta terça-feira, Moscou reivindicou a conquista de outra localidade ucraniana perto de Avdiivka, uma cidade da frente de batalha leste que o Exército russo conquistou no início do mês, após uma longa batalha, e afirmou ter destruído um tanque americano Abrams no leste do país.

A postura do presidente russo, Vladimir Putin, está se "fortalecendo" no front ucraniano e a nível interno, segundo Macron, para quem "a derrota da Rússia é essencial para a segurança e a estabilidade na Europa".

- Cinco áreas prioritárias -

Mas, assim como Washington, muitos aliados europeus de Kiev negaram-lhe a possibilidade do envio de tropas nesta terça-feira.

Alemanha, Espanha, Itália, Polônia, Suécia e República Tcheca se pronunciaram na mesma linha, assim como um funcionário da Otan que assegurou que "não há planos de enviar tropas de combate" à Ucrânia. O Reino Unido assegurou que não prevê uma "mobilização em larga escala".

Para Moscou, a presença de tropas de países-membros da Otan tornaria "inevitável" um confronto direto entre a Rússia e a aliança militar.

Mas o chanceler francês, Stéphane Sejourné, especificou que estas tropas seriam dedicadas a "novas ações" para apoiar a Ucrânia, como a desminagem ou o combate a ataques cibernéticos.

Para Rym Momtaz, pesquisador do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), "não estamos falando de soldados na linha de frente do combate, mas de atividades específicas longe do front". 

Macron falou em cinco áreas prioritárias: a desminagem, a segurança dos países vizinhos como a Moldávia, a luta contra os ciberataques, o apoio à Ucrânia na sua fronteira com Belarus com forças não militares e a fabricação conjunta de armas em solo ucraniano. 

Os aliados ocidentais da Ucrânia apoiaram a criação de uma nova coalizão para fornecer à Ucrânia "mísseis e bombas de médio e longo alcance" e uma iniciativa para ajudar Kiev a comprar munições fora da União Europeia.

- "Mensagem tripla" -

O envio de tropas representa um tabu para os países da Otan para evitar uma escalada com a potência nuclear russa, mas, ao longo do conflito, muitas linhas vermelhas caíram progressivamente, como o fornecimento de mísseis de cruzeiro. 

Para o ex-secretário-geral adjunto da aliança militar Camille Grand, as palavras de Macron representam um "importante sinal político".

"A mensagem é tripla: aos ucranianos, dizemos que estamos dispostos a correr riscos ao lado deles; à Rússia, que esta guerra é muito importante para nós; e à opinião pública, que o que está em jogo é tão importante que não podemos descartar esta possibilidade", disse à AFP.

Cada vez há mais dúvidas sobre a viabilidade do apoio a longo prazo dos EUA a Kiev, especialmente com a possibilidade de um retorno de Donald Trump à Casa Branca e enquanto um novo pacote de ajuda permanece bloqueado no Congresso. 

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© Agence France-Presse

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