Após bombardeio russo a central térmica, Ucrânia é obrigada a reduzir consumo de eletricidade
As autoridades ucranianas pediram nesta quinta-feira (7) a redução do consumo de eletricidade após um ataque a uma central térmica perto do front. O apelo surge num momento em que a ajuda ocidental a Kiev, que lhe permitiu resistir aos bombardeios russos contra seu sistema energético no ano passado, está ameaçada por questões políticas.
Um envelope de € 50 bilhões planejado para consolidar o apoio europeu à Ucrânia está bloqueado pela resistência de alguns Estados-membros, assim como a nova ajuda americana, abrandada no Congresso por parlamentares republicanos.
Entretanto, a Ucrânia teme uma nova campanha de ataques russos a suas centrais elétricas e infraestruturas, como aconteceu no inverno anterior, quando milhões de ucranianos foram privados de aquecimento e electricidade.
Nesta quinta-feira, um ataque russo teve como alvo "uma central térmica na zona da linha da frente", informou o Ministério da Energia ucraniano num comunicado, sem revelar a localização exata.
"O equipamento ficou seriamente danificado", acrescentou, especificando que "duas unidades elétricas" foram desligadas.
"Devido ao encerramento destas unidades térmicas, bem como à diminuição da temperatura exterior (relacionada com as condições meteorológicas e que leva ao aumento do consumo), é reportada uma escassez temporária de energia elétrica na rede", continuou. .
Por isso o ministério pediu aos "consumidores para apoiarem os trabalhadores do setor energético", utilizando a electricidade "de forma sensata e econômica, especialmente durante as horas de pico".
Queda das temperaturas
No Facebook, o primeiro-ministro ucraniano, Denys Chmygal, esclareceu que esta escassez estava ligada à "queda das temperaturas, às reparações de emergência e ao funcionamento limitado das centrais solares devido ao tempo nublado".
"O governo e as empresas de energia pedem a todos que reduzam o consumo de eletricidade, especialmente das 9h às 19h", escreveu.
Em particular, ele recomendou que os ucranianos não conectem aparelhos que consomem muita energia ao mesmo tempo, adiem a lavagem na máquina para a noite e reduzam o brilho dos letreiros comerciais.
"Tudo isto poderia nos ajudar a evitar a introdução de cortes de energia", acrescentou.
Em 23 de novembro, a operadora Ukrenergo já tinha reportado uma situação "difícil" na rede elétrica ucraniana, danificada pelos bombardeios russos no ano passado.
Ukrenergo anunciou então que teria de recorrer à "assistência de emergência" de três países vizinhos: Romênia, Eslováquia e Polônia.
Nesta quinta-feira, o primeiro-ministro lembrou que a operadora foi "obrigada" a solicitar estas importações emergenciais de eletricidade da Europa, mas que esses pedidos nem "sempre" tiveram resultados garantidos.
Até agora, a Rússia não realizou novos bombardeios massivos na rede eléctrica, mas no início de outubro, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que Moscou iria trabalhar neste inverno para "destruir" o sistema elétrico de seu país.
Para enfrentar esta ameaça, Kiev exige novos sistemas de defesa antiaérea aos seus aliados ocidentais.
(Com AFP)