Chanceleres de Venezuela e Guiana conversam em meio a tensões sobre Essequibo
Os ministros das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, e da Guiana, Hugh Todd, conversaram por telefone nesta quarta-feira (6), em meio à escalada das tensões entre os dois países sobre o Essequibo, território rico em petróleo, alvo de uma disputa centenária, anunciou o governo venezuelano em nota.
"A pedido da parte guianesa, o chanceler Hugh Todd manteve uma conversa por telefone com o chanceler Yván Gil para tratar do tema da controvérsia territorial", depois de um referendo realizado no domingo na Venezuela, no qual foi aprovada a criação de uma província venezuelana no Essequibo e dar a nacionalidade a seus 125.000 habitantes, segundo a nota.
As duas partes "acordaram manter os canais de comunicação abertos", segundo o texto.
"A parte venezuelana aproveitou para atualizar o governo da Guiana sobre a participação avassaladora que a consulta popular teve, gerando um mandato inapelável", destacou.
A nota também "expressou a necessidade de deter as ações de agravamento da controvérsia".
Na terça-feira, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou que a estatal petroleira PDVSA vai entregar licenças para exploração de petróleo, gás e minerais nesta região de 160.000 km2, atualmente sob a jurisdição da Guiana.
Maduro também criou uma nova zona militar a cerca de 100 km desta região.
Seu contraparte guianês, Irfaan Ali, qualificou estes anúncios como "uma ameaça direta" e advertiu que recorrerá ao Conselho de Segurança da ONU para denunciar a situação e que suas Forças Armadas estão em "alerta" e em contato com "parceiros" como os Estados Unidos.
A Venezuela sustenta que o Essequibo faz parte de seu território, como em 1777, quando era colônia do Reino da Espanha, e apela ao acordo de Genebra, assinado em 1966 antes da independência da Guiana do Reino Unido, que estabelecia as bases para uma solução negociada e anulava um laudo de 1899, que definiu os limites atuais.
A Guiana defende este laudo e pede que seja ratificado pela Corte Internacional de Justiça (CIJ) em Haia, cuja jurisdição Caracas não reconhece.
erc/tm/mvv/rpr
© Agence France-Presse
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