'Tomei choque de 35 mil volts, pedi amputação e virei caso de estudo'
Após receber uma descarga elétrica de mais de 35 mil volts no trabalho, em 2012, e passar por 112 cirurgias, Daniel Londes, 31, surpreendeu por sua recuperação.
O empresário de Mossâmedes (GO) virou até caso de estudo na equipe —muitos não acreditavam que ele pudesse sobreviver.
Hoje, ele conta sua rotina de atividades físicas e dedicação à música nas redes sociais. Também tira as dúvidas de pessoas que querem saber como ele lida com a amputação do antebraço. Ao UOL, Daniel contou sua história.
44 dias em coma
"Estava trabalhando [ele era estagiário em uma empresa no setor elétrico], passando o cabeamento dentro de um prédio, mas ele ficava exposto, sem proteção. Ventou muito no dia e o cabeamento que eu estava segurando acabou pegando em um transformador —foi quando recebi uma descarga elétrica de 35.700 volts.
Não conheço ninguém que tenha sobrevivido a essa alta tensão e meu caso chegou a ser estudado pelos médicos porque foi raro.
O choque entrou pela minha mão direita, passou pelo meu corpo, saiu pelo braço e mão esquerda, pela cabeça. Por um milagre, estourou o crânio, mas não atingiu o cérebro.
Passou também pelas minhas costas e arrebentou o pé, atingindo o tendão de Aquiles e os ossos, o que me fez perder boa parte do movimento.
Durante os 44 dias que eu fiquei em coma, os médicos falavam que, se eu voltasse, não falaria e ficaria em estado vegetativo.
Quando acordei do coma, tinha perdido os dedos, mas ainda tinha parte do braço e o dedão [em condições críticas]. Pedi para amputar os sete centímetros [do antebraço direito], ou seja, a amputação que tenho foi um pedido meu. O médico até disse que conseguiria salvar o dedão, mas depois de 26 horas de cirurgia, não teve jeito.
Fiz 112 cirurgias, fui operado por um cirurgião plástico que é referência mundial e virei caso de estudo no hospital com outro médico que veio do Japão. Houve bastante interesse da medicina no meu caso.
Um furo de dois centímetros quadrados no meu pulmão acabou sendo regenerado:um médico viu a chapa em um dia, olhou no outro e ficou sem entender o que tinha acontecido. Ele disse que se tivesse alguém lá em cima, gostava muito de mim.
Também não perdi a fertilidade. Um médico me explicou que, a partir de 5 mil volts de descarga elétrica, o padrão é que a pessoa fique estéril, mas hoje sou pai de dois filhos, de 5 e 9 anos.
'Vida normal'
Nunca me dei por vencido, sou muito esforçado e, já que aconteceu, então bola pra frente.
Me adaptei muito bem e continuo fazendo o que gosto, como coisas de roça, andar a cavalo, pescar... Gosto de esportes, pratico vôlei e sou campeão de alguns torneios, jogando de igual para igual. Tenho 16 títulos em Goiânia e não conheço ninguém que jogue sem uma mão, isso é algo de que me orgulho muito.
Também consegui a habilitação de moto e abri as portas para outras pessoas com deficiência depois deste feito.
Hoje, não faço acompanhamento e nem uso medicamentos. Vivo uma vida normal, bem ativa e trabalho no ramo de construção civil.
Gosto de passar nos meus vídeos [ele faz publicações sobre sua trajetória nas redes sociais] mensagens de alto astral e para as pessoas não desistirem: não importa a situação financeira, condição física ou mental que você tenha, não desista.
O que eu passei não estava sob meu controle, mas o que vou fazer com a minha vida a partir daí só depende de mim."
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