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Apple muda estratégia, abraça IA e provoca rivais: 'Coisa de marketing'

iPhone 15 Pro e 15 Pro Max durante o lançamento da Apple em Cupertino, Califórnia (EUA) - Bruna Souza Cruz/UOL
iPhone 15 Pro e 15 Pro Max durante o lançamento da Apple em Cupertino, Califórnia (EUA) Imagem: Bruna Souza Cruz/UOL
do UOL

De Tilt, em Nova York*

21/05/2024 04h00Atualizada em 10/06/2024 17h16

A Apple até ano passado evitava associar diretamente as palavras inteligência artificial aos seus produtos e sistemas, mas o jogo virou com o lançamento do iPad Pro e do novo processador M4, criado especificamente para rodar mais aplicações com IA.

Em conversa com o UOL e mais cinco profissionais latino-americanos, no último dia 7, a Apple argumentou que preferia uma abordagem mais discreta, mas que está há anos por dentro de pesquisas e desenvolvimento da IA.

A companhia ainda cutucou concorrentes ao dizer que muitos usam as palavras inteligência artificial por puro marketing.

"Estamos prontos [para a IA]. Estamos nesse caminho há muito tempo. Pode parecer que não, mas nós realmente temos participado disso discretamente", afirmou um representante da Apple envolvido com o desenvolvimento do processador M4.

Todo esse campo não é novo para nós. Desenvolvemos silício e hardware há anos. O que acontece é que tudo isso [a IA] está explodindo agora. E estamos muito bem posicionados para isso.

É tudo marketing?

Segundo o profissional, algumas empresas do mercado de silício, componente usado para fazer processadores, tentam despertar o interesse do mercado para vender PCs e fazer com que todos se interessem pela IA.

Para isso, elas acabam propagandeando demais o uso dessa tecnologia: "então isso uma coisa de marketing. É absolutamente uma coisa de marketing", afirmou.

Desafios atuais

O desafio da indústria atual, para a Apple, é colocar a NPU (Unidade de Processamento Neural) —chip neural— no processador que será usado em dispositivos como computadores, celulares e tablets.

Esse processo, basicamente, impacta na capacidade que o aparelho terá de executar tarefas da IA.

Nesse contexto, a empresa voltou a contar vantagem: "é isso que os fornecedores de chips estão começando a fazer. Fazemos isso desde 2017, nosso primeiro mecanismo neural existia naquela época e tem progredido ao longo do tempo."

"Para nós, é um pouco divertido observar os pontos de discussão que todos os outros fornecedores de silício estão criando em torno da IA. E é divertido porque, quando apresentamos essas coisas, não houve conversa de marketing. Nós os apresentamos porque reconhecemos o valor desta tecnologia emergente", completou outro representante da Apple.

Um dos exemplos dado pelos profissionais envolveu pesquisas para o reconhecimento de objetos e imagens pelo computador. Avanços nesse setor possibilitaram a criação do mecanismo de computação para fotos tiradas com os iPhones atuais e modelos mais antigos.

O sistema Face ID, inaugurado com o iPhone X em 2017, também foi outro exemplo dado. A partir da identificação de pontos do rosto da pessoa, o celular mapeia, compara e desbloqueia a tela do celular. Isso foi possível graças ao chip da época: o A11 Bionic, denominado processador neural.

"Gosto de dizer que construímos nossas fichas não porque queremos bater no peito e dizer que temos as melhores fichas. Nós as construímos para viabilizar o produto. É tudo uma questão de produto", afirmou um dos funcionários.

E IA generativa?

Sobre a tecnologia do momento, a Apple afirmou que está entusiasmada com a IA generativa, capaz de criar coisas a partir de comandos (como o GPT-4, Meta AI, Gemini, entre outros). Contudo, não deu detalhes sobre o que isso significa na prática e nem se pretende lançar a sua própria ou ter parceria com soluções já existentes.

"Temos muitas ideias interessantes sobre como a IA generativa será transformadora. E achamos que o M4 será incrível [para isso]", concluiu.

*A jornalista viajou a convite da Apple

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