Assalto ajudou Maria Ribeiro a se ver como escritora: 'Deixa o laptop?'
Convidada desta terça (9) do Otalab, Maria Ribeiro contou que levou para seu primeiro romance um momento que passou na vida real: assim como sua protagonista, foi só ao ser assaltada que ela se entendeu como escritora.
O cara falou 'passa tudo' e eu disse pra ele 'Você pode deixar só o laptop? Porque eu sou escritora. Minha amiga, que estava atrás do carro, me mandou entregar tudo e eu entreguei. O mais doido é que até então eu não conseguia falar que eu era escritora. Serviu pra isso
Maria Ribeiro
Ela explica que, antes do assalto, tinha um certo pudor quanto a se ver como escritora. "Eu achava que escritora é [só] a Clarice Lispector", diz. Entre risos, ela também conta que aprendeu a lição e que hoje tem cópias de todos os seus textos, inclusive na nuvem.
Ainda sobre seu romance de estreia, Maria Ribeiro explicou que a escolha do título é a união de suas memórias da infância em Ilha Grande (RJ) e uma metáfora concreta para a solidão humana. "A gente é ilha. É infinito e, ao mesmo tempo, existe a solidão do ser humano que não tem jeito".
Nesta quinta (11), ela estreou a segunda temporada do "Maria Vai com os Outros", seu programa de entrevistas em Universa no UOL.
A primeira convidada é a atriz Deborah Secco, que abre o jogo sobre relacionamento, sexo e muito mais. Novos episódios serão disponibilizados toda quinta, às 15h30, e incluem convidados como Mel Lisboa, Samuel Assis e Bella Campos.
Descrença em Deus 'não pega bem'
No Otalab desta semana, Maria Ribeiro também explicou sua fala em um podcast sobre ser muito cética e de que tende a não acreditar no que não é ciência.
Eu tenho dificuldade de acreditar em signo, em Deus... mas isso é péssimo de falar! Eu já entendi que não pega bem e eu vou passar a mentir
Maria Ribeiro
Questionada sobre sua fé, a atriz disse não acreditar em universos paralelos, vida após a morte ou reencarnação. Ela diz acreditar somentes nas pessoas e no que está acontecendo aqui e agora.
"Mas eu rezo todas as noites, casei na igreja e batizei meus filhos porque fui criada na Igreja Católica. Também tenho muito interesse na história dos santos, gosto de visitar igrejas... mas não consigo achar que pessoas em guerra tenham que pagar por algo [de outra vida]", declarou a artista.
A força de Marielle Franco contra milícia: 'Ela peitava'
No papo com Otaviano Costa, Maria Ribeiro também levantou uma questão que julga importante no assassinato de Marielle Franco. Para a atriz, a falta de representatividade de mulheres na política, principalmente negras, é um fator que não pode passar batido.
Por trás de tudo tinha uma mulher negra. A gente vive uma desigualdade [de gênero e raça] muito grande na política. E a Marielle era corajosa, ela não tinha medo, ela peitava. (...) Acho que existe uma coisa muito grave, que está por trás de tudo, que é um desequilíbrio de poder enorme.
Maria Ribeiro
O episódio do Otalab foi gravado no fim de março, quando os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa foram presos pela PF (Polícia Federal), suspeitos de envolvimento na morte de Marielle.
"Essa noite eu quase não dormi, foi um gatilhão, porque eu participei muito ativamente daquele momento. Eu conhecia a Marielle, sou amiga do Freixo", diz a atriz. Para ela, o fato de Marielle ser uma mulher negra incomodava quem quer fosse o mandante do crime.
Ao apresentador, ela também falou sobre representatividade em outras esferas, como o cinema, destacando o filme "Barbie" — que, segundo ela, pode passar a ideia de que as mulheres estão contra os homens.
Nós não estamos contra os homens. A gente quer os homens do nosso lado, inclusive para segurar a onda das contas, quando for necessário, ou cuidar dos filhos enquanto a gente trabalha
Maria Ribeiro
Otalab no UOL:
Novos episódios do Otalab vão ao ar todas as terças-feiras, às 11h, no Canal UOL e no canal de Splash no YouTube. Assista ao episódio com Maria Ribeiro: