Não caia em cilada! Saiba como fazer compras seguras na internet
As compras onlines em plataformas ou em sites do varejo bateram recordes no Brasil em 2023. Foram 87,8 milhões de compradores e 395,1 milhões de pedidos, aponta a Abcomm (Associação Brasileira de E-Commerce). O crescimento vira um campo fértil para golpes por meio eletrônico, o que requer atenção redobrada no momento de fazer qualquer transação de e-commerce.
"A maioria dos problemas que acontecem atualmente ainda passam pelo momento de distração do consumidor, de digitalizar os dados em sites onde não devem, de confiar em sites que não têm criptografia ou, até mesmo, serem atraídos pelos descontos agressivos quando, na verdade, isso é economicamente inviável para uma loja oferecer", analisa Maurício Salvador, presidente da Abcomm.
Em 2022, o Brasil registrou um aumento de 189% nos estelionatos por meio eletrônico, o que tem tornado a prática desse crime cada vez mais presente no cenário virtual, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. No mesmo ano, foram R$ 551 milhões em prejuízos.
"O mercado do cibercrime movimenta muito dinheiro, e existem hackers e criminosos constantemente buscando novas formas de fraudar. As empresas, por seu lado, investem cada vez mais em sua proteção. Infelizmente, ainda não há qualquer organização que possa afirmar estar 100% protegida ou que não possa ser invadida", aponta Fernando Moulin, professor especializado em negócios.
Embora os dados sobre golpes eletrônicos pareçam preocupantes, o risco em compras onlines é quase zero se o consumidor se atentar aos sinais que os golpistas deixam escapar, dizem especialistas ouvidos por Tilt.
Oferta irresistível com preço abaixo do mercado
Aquela oferta tentadora pode ser cilada. Uma estratégia usada por golpistas para fazer as vítimas clicarem em algum link é a divulgação de algum produto com valor bem abaixo do praticado. Sempre desconfie, principalmente, se apenas aquela empresa for a única a adotar o referido preço.
"O consumidor deve desconfiar de ofertas exorbitantes, que oferecem muita vantagem ao pagar através de transferência bancária, boleto ou PIX, que são formas de pagamento onde o consumidor não pode contestar compra. Normalmente, as lojas que fraudam consumidores recebem esse tipo de pagamento, oferecem descontos muito agressivos, que destoam do mercado em geral", alerta Salvador.
Reputação da empresa
A credibilidade da empresa no mercado online é um fator para ser considerado, diz Patrícia Camillo, gerente da Serasa. Os comentários de pessoas que já tiveram alguma experiência de compra com a loja ou plataforma na internet são um termômetro.
"Faz-se necessário checar a idoneidade da empresa e reputação, através de plataformas como Reclame Aqui. As redes sociais também são ótimas ferramentas para descobrir se há reclamações em torno desses serviços e a opinião de outros consumidores. Nessa dica, é bom verificar se a empresa responde aos comentários e se ela se importa em resolver os problemas relatados", orientou.
Confirme os dados da empresa
A dúvida é um guia para desconfiar se, de fato, aquela empresa existe. Em geral, as que têm boa reputação no mercado possuem no rodapé dos seus sites um número de telefone, chato de atendimento, endereço da matriz e o número do CNPJ.
De acordo com Patrícia, buscar em fontes confiáveis a veracidade dos dados disponibilizados pela empresa é uma mecanismo para fazer uma compra segura. No caso do CNPJ, por exemplo, o número pode ser consultado neste link na Receita Federal.
"O consumidor deve checar a idoneidade da empresa e conhecer sua reputação. As plataformas online devem apresentar contatos da empresa, bem como políticas de proteção de dados do usuário [no site]", comentou.
Verifique a URL dos sites
Um golpe comum no meio online é a criação de sites iguais aos de grandes varejistas para fazer as vítimas imaginarem que estão fazendo uma compra segura. E algo passa despercebido que faz a pessoa cair no golpe: a URL — o endereço que a gente digita para acessar um site no navegador do celular ou computador.
"Os layouts de páginas enganosas costumam apresentar características que destoam de sites mais conhecidos. Por exemplo, a ausência de um padrão de imagens, textos, cores usadas na página, além de URLs duvidosas", comentou Maurício Salvador, da Abcomm.
Criptografia dos sites
Fernando Moulin destaca que os sites seguros para compras possuem um cadeado verdade ao lado do endereço da URL no navegador. "Isso garante que a transmissão de dados é criptografada", afirmou. Na prática, isso significa que as informações que você insere no site, como número de cartão de crédito, são embaralhadas, não sendo possível descriptografá-las por terceiros, como um hacker.
"As lojas virtuais que se preocupam com a segurança buscam obter selos de segurança e certificações digitais que protegem os dados fornecidos pelos clientes. O 'cadeadinho' aparece na barra de navegação e confere se o endereço eletrônico tem as letras https, indicando que o site é seguro", corrobora Patrícia Camillo.
Outra forma de saber se o site é seguro é digitar o endereço no "Status de Navegação Segura", ferramenta disponibilizada pelo Google e que avalia se a URL é segura.
Use cartão virtual
Alguns bancos disponibilizam o cartão de crédito virtual além do físico. Nele, o código CVV — os três dígitos que ficam no verso — são temporários. Ou seja, para cada compra é gerado um novo número através do aplicativo da instituição financeira. Isso torna a compra mais segura e protege o consumidor em caso de vazamento de dados do número do cartão de crédito.
"Os cartões virtuais oferecem uma camada adicional de segurança, pois são temporários e não têm os mesmos riscos associados aos cartões físicos tradicionais. Essa prática reduz a exposição de informações sensíveis, proporcionando maior tranquilidade durante as transações online caso a empresa tenha seus dados comprometidos", pontua Daniel Barbosa, especialista em segurança da informação da ESET — empresa de cibersegurança.
Softwares atualizados
É importante também que o dispositivo usado para a compra na internet esteja com algum aplicativo (celular) ou software (computador), como um antivírus para detectar alguma ameaça a partir do acesso aos sites maliciosos.
"Para evitar ser vítima de códigos maliciosos é imprescindível ter um software de proteção instalado em todos os dispositivos e assegurar-se de que ele está devidamente atualizado e configurado para bloquear ameaças", ratifica Barbosa.