'Não sinto o parceiro': como excesso de lubrificação pode atrapalhar o sexo
Até descobrirem que a excitação deveria ser mensurada pela ereção do clitóris, cientistas analisavam o desejo feminino medindo a quantidade de lubrificação na vagina. É que a secreção produzida ali dentro é uma resposta do corpo aos estímulos sexuais. E se para algumas mulheres ela é escassa e, por isso, provoca desconforto na transa, para outras, a lubrificação chega a escorrer pelas pernas.
É o caso da estudante de mestrado Virginia*, que percebeu a lubrificação por volta dos 12 anos, quando começou a se masturbar e a ficar com garotos. "Eu tinha vergonha na época, hoje, não mais. Mas durante o sexo, já cheguei a tirar o excesso com lençol", fala.
Espécie de sudorese
São as glândulas de Bartholin e as glândulas de Skene, localizadas na entrada do canal vaginal, que produzem esse muco. Além disso, quando a mulher está com desejo sexual há mais sangue circulando na vagina, que provoca uma espécie de sudorese, que se junta a secreção produzida pelas glândulas.
É o cenário hormonal quem dita a quantidade de lubrificação, por isso, cada mulher tem um padrão, umas lubrificam mais, outras menos.
O anticoncepcional pode reduzir um pouco a lubrificação. A menopausa, também. Já o período pré-ovulatório aumenta a secreção vaginal, é quando se torna possível perceber um muco com aspecto de clara de ovo.
"O excesso, contudo, tem uma desvantagem: diminui a sensibilidade na hora da penetração. Ela mais me ajuda do que atrapalha, mas, em alguns momentos, eu não sinto o pênis do parceiro, por não haver fricção", fala Virginia.
Nem sempre é saudável
É preciso diferenciar secreção saudável de infecção vaginal, que traz corrimento abundante, cheiro forte, coceira e desconforto durante a relação sexual. A secreção amarela, esverdeada, espessa e com grumos também indicam infecção. Nesse caso, será preciso buscar um médico para indicar um tratamento.
Não é o caso de Virginia, que sentia a lubrificação sendo produzida abundantemente antes mesmo de ter relação sexual, mas algumas mulheres podem perceber o canal vaginal bastante irrigado somente quando está próxima do orgasmo. Quando é esse o caso, a gente pode pensar em um caso de ejaculação feminina, que é fisiológico e normal.
Se afetar o prazer...
Sabendo que não há infecção, a lubrificação abundante não precisa de tratamento. Mas algumas dicas podem ajudar a sentir mais prazer na penetração. O uso de camisinha aumenta o atrito perdido com a secreção, por exemplo. Os modelos com textura são uma boa fica.
Encurtar a preliminar é outra sugestão. O ideal é que se parta para a penetração assim que a mulher se sentir bem lubrificada, porque, com muitas preliminares, ela vai ficar mais excitada e será difícil acontecer o atrito.
Fontes: Camila Ramos, ginecologista; Carolina Mocarzel, ginecologista e obstetra; Renato Gil Nisenbaum, ginecologista e obstetra.
*Com matéria publicada em 07/08/2018