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Além do grupo Dia: veja outras empresas vendidas por 'preço simbólico'

Dia/Divulgação
Imagem: Dia/Divulgação
do UOL

Do UOL, em São Paulo

31/05/2024 16h47

O grupo varejista espanhol Dia afirmou nesta sexta-feira (31) vai vender seus negócios no Brasil por um "preço simbólico" de 100 euros. O grupo vai sair do país para se concentrar em mercados mais lucrativos, como Espanha e Argentina.

A gestora de ativos brasileira MAM Asset Management, que pertence ao Banco Master, comprará a rede de supermercados no Brasil.

Não é só o grupo espanhol que faz manobra semelhante e nem é um negócio que sai "praticamente de graça": é relativamente comum que empresas endividadas ou que representem grandes desafios serem vendidas por valores irrisórios apenas como uma formalidade.

Confira algumas delas:

Hopi Hari

Em 2009, o parque de diversões Hopi Hari acumulava dívidas de R$ 500 milhões. Acionistas da consultoria Íntegra Associados, reunidos na empresa HH II PT S/A, compraram o parque por R$ 0,01 o lote de 100 mil ações.

A Funcef (fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal), por exemplo, recebeu apenas R$ 6,36 por sua participação de 10,91% —o fundo havia pago R$ 12,4 milhões por essas ações dois anos antes. Outros fundos estatais, como Petros e Previ, também possuíam ações significativas do negócio.

O parque, localizado em Vinhedo (SP), está em uma recuperação judicial que se arrasta desde 2016. Um grupo de concorrentes —encabeçado por conhecidos nomes do setor, como Beto Carrero e Wet'n Wild — chegou a fazer proposta para a compra do negócio.

O plano de recuperação judicial do parque foi homologado em fevereiro de 2022 pela Justiça com dívida reajustada em R$ 420 milhões.

Abril

Em 2018, a família Civita fechou a venda do Grupo Abril para o empresário Fábio Carvalho, das redes de lojas Casa & Vídeo e Leader, sediadas no Rio, e deixou a imprensa depois de 68 anos.

O valor do negócio foi simbólico, de R$ 100 mil. O grupo tinha uma dívida de R$ 1,6 bilhão, sendo dois terços com Itaú, Bradesco e Santander, e estava em recuperação judicial.

Com a transação, fechada por valor simbólico, Carvalho assumiu cerca as dívidas e o controle da empresa criada em 1950 pela família Civita. Com receitas decadentes diante da crescente migração de receitas publicitárias de meios impressos para mídias digitais, a editora dona de títulos de alcance nacional, como a revista Veja, pediu recuperação judicial em 2017.

Daslu

Em 2011, o fundo de investimento Laep pagou simbolicamente R$ 1.000 por as lojas da Daslu, rede de luxo fundada pela empresária Eliana Tranchesi,.

A marca estava em recuperação judicial e tinha uma dívida de pelo menos R$ 80 milhões, além de impostos atrasados estimados em R$ 500 milhões.

Na assembleia de credores que aprovou a venda, ficou acertado que a Laep comprometeu a aportar nas novas operações 65,18 milhões de reais, sendo 21,16 milhões de reais em novos recursos.

Chelsea

Em 1982, o inglês Ken Bates adquiriu o Chelsea, clube de futebol de Londres, por uma libra esterlina. Na época, o time tinha dívidas de 1,5 milhões de libras.

Na década de 1970, o clube londrino empreendeu uma ambiciosa reforma no estádio de Stamford Bridge. No entanto, a recessão causada pela crise do petróleo de 1973 fez os custos das obras aumentarem rapidamente, gerando uma espiral de endividamento que chegou a 4 milhões de libras em 1977. Apesar de alguns sucessos em campo, o Chelsea foi rebaixado e teve que vender seus jovens talentos para tentar amortizar suas dívidas.

Bates adquiriu apenas o clube, não o estádio Stamford Bridge, que havia sido dissociado do clube e vendido à incorporadora imobiliária Marler Estates. O Chelsea passou a viver sob a ameaça constante de ser despejado de sua casa, com a possibilidade de o estádio ser demolido para dar lugar a um condomínio.

Em julho de 2003, ele aceitaria a oferta feita pelo russo Roman Abramovich, magnata do petróleo e gás, que adquiriu o clube por £140 milhões. Na transação, Bates teve lucro de £17 milhões.

Barings Bank

Em 1995, o Barings Bank, o mais antigo banco de investimentos da Inglaterra, fundado em 1762, foi vendido ao grupo holandês ING (Internationale Nederlanden Group) por apenas libra esterlina.

A instituição havia decretado falência naquele ano. Havia suspeitas de que diretores do Barings participaram ou foram displicentes diante das operações do operador Nick Leeson, em Cingapura, que levaram à falência do banco.

O grupo holandês forneceu 660 milhões de libras à vista para que o banco pudesse retomar suas atividades no mercado.

Celpa

Em 2012, a Equatorial Energia anunciou a compra de uma parte da Celpa (Centrais Elétricas do Pará) por um preço simbólico de 1 real.

Uma parcela de 61,37% do capital social e 65,18% do capital votante da empresa foi vendida pelo grupo Rede Energia.

A empresa paraense também estava em recuperação judicial e devia R$ 300 milhões de ICMS ao Pará, além de R$ 3 bilhões a bancos e fornecedores.

Leader

A rede de varejo Leader foi negociada em 2016 pelo valor simbólico de R$ 1. Comprada pela Legion Holdings, sociedade de investimentos especializada em reestruturação de empresas, a marca tinha quase R$ 1 bilhão em dívidas. O valor simbólico era necessário para consumar o negócio juridicamente.

Na época, a Leader tinha 6 mil funcionários e 160 lojas em todo o país. O banco BTG Pactual, envolvido na Operação Lava Jato, possuia 70% da rede de varejo e os fundadores do negócio, a família Gouvêa, o restante.

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