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Membro do Banco do Japão diz que órgão pode subir juro se impacto do iene na inflação for grande

29/05/2024 09h04

Por Leika Kihara e Takahiko Wada

TÓQUIO/KUMAMOTO, Japão (Reuters) - O Banco do Japão poderá aumentar as taxas de juros se as quedas acentuadas do iene impulsionarem a inflação ou se a percepção do público em relação aos preços futuros mudar mais do que o esperado, disse Seiji Adachi, membro da diretoria da autoridade monetária japonesa, nesta quarta-feira.

Embora os movimentos cambiais de curto prazo por si só não desencadeiem uma mudança de política, o banco central japonês poderá aumentar as taxas de juros se as quedas excessivas do iene persistirem e tiverem um grande impacto sobre as expectativas de inflação, disse Adachi em um discurso.

Ele também disse que o Banco do Japão deve considerar não apenas os riscos negativos para a economia e os preços, mas também os riscos positivos, ao orientar a política.

"Devemos, de todas as formas, evitar o aumento prematuro das taxas de juros. Porém, ao nos concentrarmos demais nos riscos negativos, poderemos ver a inflação acelerar de uma forma que nos obrigue a apertar a política monetária de forma acentuada mais tarde", disse Adachi.

"Enquanto a inflação subjacente continuar a se aproximar de 2%, é importante ajustar gradualmente o grau de suporte monetário, refletindo os desdobramentos econômicos, financeiros e de preços", disse ele, sinalizando a chance de um aumento da taxa no curto prazo.

As observações destacam a importância crescente que um iene fraco pode ter sobre o momento do próximo aumento da taxa de juros do Banco do Japão, que, segundo alguns analistas, pode ocorrer já em julho.

Os comentários não conseguiram sustentar o iene, que caiu para seu nível mais baixo em quatro semanas em relação ao dólar, devido ao aumento dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos. Depois de atingir uma alta intradiária de 157,41 ienes, o dólar ficou em 157,10 na quarta-feira.

Adachi disse que a inflação ao consumidor voltará a se acelerar do verão até o outono (no Hemisfério Norte) deste ano, devido ao aumento dos custos de importação e às perspectivas de ganhos salariais sustentados.

"Se as quedas do iene se acelerarem ou persistirem, a inflação ao consumidor poderá se recuperar mais cedo do que o esperado. Se isso acontecer em um momento em que há uma chance maior de a inflação exceder 2% de forma duradoura e estável, talvez seja necessário adiantar o momento de um aumento da taxa de juros", disse Adachi.

O ideal é que o Banco do Japão aumente as taxas em um "ritmo lento", de acordo com os aumentos constantes da inflação subjacente, disse Adachi em uma entrevista coletiva após o discurso para líderes empresariais em Kumamoto, no sul do Japão.

(Reportagem de Leika Kihara e Takahiko Wada)

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