Empreendedorismo indígena: ações ajudam a gerar renda e empoderar mulheres
Aperfeiçoar produtos, gerar renda e empoderar as mulheres indígenas. Estes são alguns objetivos de projetos e programas de capacitação voltados para o empreendedorismo indígena. Desde dezembro de 2023, a Associação das Mulheres Indígenas do Rio Negro (Amarn), em Manaus (AM), está fazendo parte do projeto "Parentas que fazem", da FAS (Fundação Amazônia Sustentável).
O projeto veio fortalecer a associação com a realização de oficinas para o aprimoramento do nosso artesanato, mas sem perder a técnica ancestral dos nossos povos indígenas.
Clarice Tukano, diretora-presidente da Amarn
Após essas capacitações, já houve aumento de 50% nas vendas dos produtos, segundo ela.
Associação tem mulheres de 10 povos indígenas
A Amarn existe há 37 anos. Hoje, a associação tem 71 mulheres de dez povos indígenas do Alto Rio Negro.
Elas produzem acessórios, vestimentas e itens de decoração. As peças são vendidas na própria associação, em feiras de artesanato e no Instagram (@numiakura). O nome da loja virtual é Numiã Kurá (tradução na língua tukana para Amarn, a sigla da associação).
No final do ano passado, a Amarn foi selecionada para o projeto da FAS. As mulheres vêm passando por capacitações para aperfeiçoar o negócio. "Essas capacitações abordam questões mercadológicas, precificação, fortalecimento das redes sociais e até o aperfeiçoamento das nossas peças, respeitando os saberes ancestrais das mulheres indígenas", afirma Clarice Tukano, diretora-presidente da Amarn.
Projeto selecionou 5 associações da AM
O projeto "Parentas que fazem" foi lançado em 2023. É uma parceria da FAS com o Google.org (instituição filantrópica do Google), a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e a Makira-e'ta (Rede de Mulheres Indígenas do Estado do Amazonas). A FAS é uma organização da sociedade civil que atua pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia.
Cinco associações de mulheres indígenas do Amazonas foram selecionadas. Além de capacitações, cada uma irá receber R$ 250 mil, para compra de matéria-prima, maquinário, etc.
A FAS também mapeou organizações, grupos e coletivos formais e informais liderados por mulheres indígenas na Amazônia. A intenção é identificar potenciais atividades que possam ser alvos de investimentos. Cerca de 118 organizações e grupos foram mapeados em nove estados e em dez atividades econômicas, como artesanato, extrativismo, moda indígena e culinária.
Sebrae faz curso para indígenas
Em abril, o Sebrae realizou pela primeira vez o curso Empretec em uma aldeia indígena. O Empretec é o principal programa de formação de empreendedores do mundo, criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) e promovido em 40 países. No Brasil, é exclusivo do Sebrae.
O "Empretec indígena" foi realizado para cerca de 30 mulheres indígenas da aldeia Anodi, da etnia Ofaié, em Brasilândia (MS). Elas fazem pinturas e bordados em tecidos inspirados na fauna e flora da reserva indígena, para a produção de ecobag, colchas, capas de almofadas e jogos americanos, entre outros itens.
O Empretec trouxe inovação e abriu a mente das mulheres sobre a capacidade que todas nós temos. Mostrou que a gente tem capacidade grande de produzir, vender, trabalhar.
Ramona Pereira, vice-cacique da aldeia Anodi, do povo Ofaié
Após o curso, as mulheres passaram a se engajar mais no trabalho de divulgação dos produtos. Começaram a vender também pelo WhatsApp.
Essa foi a primeira turma voltada para esse público. Segundo Eduardo Curado, gerente de soluções do Sebrae Nacional, após a realização do Empretec, as mulheres indígenas estão sendo incentivadas a se formalizar como MEI (microempreendedor individual).
A realização do Empretec dentro da própria comunidade valorizou as tradições locais, integrando práticas empreendedoras alinhadas aos seus valores e modos de vida. Isso fortalece a comunidade, preserva a cultura e promove um desenvolvimento econômico sustentável e inclusivo.
Eduardo Curado, gerente de Soluções do Sebrae Nacional
A próxima comunidade indígena a receber o Empretec é da etnia Terena, em Miranda (MS). Ainda sem previsão de data.