Topo
Notícias

Quanto o trabalhador PJ precisaria poupar para ter 13º e férias todo ano

Considerando o salário médio de R$ 2.846, o investidor teria que salvar 16% ao mês para que tivesse o valor adicional de mais de R$ 5 mil.  - Getty Images/Maskot
Considerando o salário médio de R$ 2.846, o investidor teria que salvar 16% ao mês para que tivesse o valor adicional de mais de R$ 5 mil. Imagem: Getty Images/Maskot
do UOL

Gabriela Bulhões

Colaboração para o UOL, em São Paulo

26/05/2024 04h00

Quem trabalha como pessoa jurídica para diversos clientes costuma ter a rotina irregular, bem como a renda mensal. Também não tem os mesmos direitos que trabalhadores com carteira assinada. É possível poupar mensalmente para, ao final de cada ano, juntar o suficiente para sacar o equivalente ao 13º e férias remuneradas, benefícios do trabalhador com carteira assinada. Saiba como a seguir.

CLT X PJ

Contrato CLT é o que vem com a carteira de trabalho registrada. É o modelo tradicional de emprego, quando a empresa registra o funcionário e segue todas as normas previstas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

São exemplos de benefícios incluídos nesse tipo de contrato: férias remuneradas, 13º salário, Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS) e aposentadoria pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS).

Já o contrato PJ é um acordo entre pessoas jurídicas, ou seja, entre empresas. A pessoa abre o seu próprio negócio como profissional autônomo pelo Microempreendedor Individual (MEI) e passa a emitir nota fiscal dos serviços prestados para diversas empresas. E também todo mês, precisa pagar uma taxa referente ao trabalho.

Como garantir por conta própria os benefícios sendo PJ?

Caso o trabalhador queira tirar férias ou ter aposentadoria, precisa ser por conta própria. É necessário separar um valor por mês para que acumule o montante e potencialize os ganhos através dos investimentos.

MEI pode fazer a contribuição mensal de 5% do salário mínimo para o INSS. Seria em torno de R$ 70 reais, para poder ter direito ao INSS. Mas não deixa de ser importante que ele pense na previdência privada, para ter um pouco mais de conforto em sua aposentadoria.

A pedido do UOL, o analista do time de research da Rico, Antônio Sanches, fez um levantamento. O objetivo foi de encontrar quanto o trabalhador PJ precisaria poupar da sua renda mensal para conseguir criar sua reserva de emergência e usufruir todo ano de 13º e férias remuneradas.

Considerando o salário médio de R$ 2.846, o investidor teria que salvar 16% ao mês para que tivesse o valor adicional de mais de R$ 5 mil. É o equivalente a esses benefícios de um trabalhador CLT.

Também é importante ter uma reserva de emergência para períodos de crise. Esse valor deve ser de seis a 12 meses da renda.

Exemplo prático

  • Renda média mensal PJ: R$ 2.846,00
  • Benefício CLT: 16% = R$ 455,36 - suficiente para garantir R$ 5.000 anuais, para férias e 13°
  • Reserva de emergência: 14% = R$ 398,44 - suficiente para acumular a reserva em três anos

Onde você pode investir

Para objetivos de longo prazo pensando na aposentadoria: Tesouro IPCA, Tesouro Renda Mais, fundos de previdência e produtos mais voltados para a previdência do investidor.

Para objetivos de curto prazo focado na reserva de emergência, férias e 13º: investimentos de baixo risco e alta liquidez como Tesouro Selic, CDBs de bancos sólidos e Fundos DI Simples, como o Trend DI Simples.

Porcentagem aplicada por mês e em quais ativos investir depende de cada realidade. Pode ser que consiga poupar mais ou menos dinheiro e que outros investimentos façam mais sentido para a sua vida. Aqui é apenas um exemplo de cenário e é importante o acompanhamento de um profissional da área.

O PJ tem uma renda variável, dependendo de sua atividade profissional. É ainda mais importante que ele tenha uma reserva de emergência para poder se precaver em momentos de volatilidade.
Antônio Sanches, analista do time de research da Rico

    Tudo na ponta do lápis

    Organizar as finanças já não é uma tarefa fácil e manter tudo sob controle também não. O educador financeiro e diretor da Martello Educação Financeira, Thiago Martello explica que a disciplina faz parte do pacote e a renda tem que ser menor do que o faturamento médio da empresa.

    Não confunda o faturamento com o salário. É uma linha de raciocínio que, muitas vezes, leva ao endividamento. A dica é separar a remuneração pessoal da profissional, por exemplo, se o faturamento é em média R$ 10 mil por mês, o salário pessoa física deveria ser R$ 8 mil e ajustar conforme o valor recebido mensalmente.

    Após retirar uma quantia como remuneração mensal, o restante fica como se fosse um caixa da pessoa jurídica. Depois de um tempo, o montante pode garantir férias ou 13º, explica o educador financeiro.

    A conta de quanto do montante é retirado para o próprio bolso inclui as contas fixas e variáveis. Mapeie quanto gasta por mês com aluguel, mercado, luz e água, ou seja, as contas principais. O próximo passo é adicionar quanto gasta com lazer, cinema, delivery e festas, por exemplo. O ideal é ter um valor que contemple, mas sem desfalcar o faturamento. "Tem que ter caixa na empresa para conseguir continuar bancando o salário do profissional. Então essa é a lógica, entender que o dinheiro da empresa é da empresa e o salário é um pedaço desse dinheiro menor do que a média", diz Thiago Martello, educador financeiro e diretor da Martello Educação Financeira.

    Notícias