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OPINIÃO

Reinaldo: Lula entre veto e meio-termo na correta taxação da Shein e afins

do UOL

Colaboração para o UOL

23/05/2024 15h40Atualizada em 23/05/2024 15h40

O colunista Reinaldo Azevedo afirmou no Olha Aqui! desta quinta (23) que taxar ou não as compras internacionais de até US$ 50 na Shein e outras loja será uma decisão difícil e eleitoralmente perigosa para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Tem setores da economia que pressionam pela taxação, os governadores pressionam, porque a gente está falando de ICMS, imposto estadual — claro que uma porcentagem também vai para arrecadação federal — e, quando você tiver com o IVA [Imposto sobre Valor Agregado], a lógica muda mais ainda, tem a parcela que vai para o estado. Então, você tem os setores da economia que estão pressionando, porque acham que essa concorrência é desleal, uma vez que não há isenção abaixo de um determinado valor. E, se há pra um produto que vem de fora, você tem uma desigualdade estabelecida aí. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL

Reinaldo destacou que, apesar de se tratar de produtos de pequenos valores individualmente, sua comercialização representa no todo um montante alto e, portanto, é muito dinheiro que deixa de ser arrecadado.

O raciocínio que o Lula estabeleceu me parece que joga a favor ou da não taxação ou de uma tentativa de achar um meio de caminho aí. Porque ele fala: 'Quem viaja, e tem 25 milhões [de brasileiros] que podem viajar mais de uma vez por ano, essa gente tem isenção [de imposto] de até US$ 1000'. Ele está falando, você tem uma parcela do Brasil que, viajando, tem até US$ 1000 de isenção, e quando falamos desses produtos de até US$ 50, em último caso, ele está dizendo: 'Estamos lidando com produtos para pobres'. O [Artur] Lira [presidente da Câmara pelo PP de Alagoas] veio com esse negócio que a maioria que compra é rica, não sei de onde vem essa conta exatamente, mas, me parece que endinheirados e não endinheirados compram dessas chinesas que, enfim, de fato, se a gente não tomar cuidado nessa área e em outras todas, hoje, a China tem condições de competir com qualquer país no que diz respeito a manufaturas, e colocar as suas a preço competitivo. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL

[Isenção] Até US$ 50, mas quando você considera o volume é muita coisa. Entendo que deixar como está, não taxar, é ruim pro Brasil, porque deixa de arrecadar. E é ruim para os setores econômicos nacionais, porque a competição é desigual. Por outro lado, também tem o consumidor. (...) Que não taxe como seria o desejo eventualmente da arrecadação dos setores econômicos brasileiros, mas que não deixe como está. É claro que para o governo é um incômodo, porque ninguém gosta de pagar imposto. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL

Reinaldo destacou ainda que, embora interessados e favoráveis à taxação, nem governadores nem os setores econômicos falarão abertamente sobre suas preferências nem vão debater a questão com o governo.

E, eventualmente, se não tiver meio do caminho, não é impossível que [Lula] vete, porque a direita e a extrema direita compraram a pauta do consumidor. Esses que se dizem defensores da economia brasileira, do capitalismo e não sei o quê, se for pra fazer demagogia, que se dane o capitalismo brasileiro, que se dane o empresariado brasileiro, a gente não está nem aí. A gente quer é bater no Lula. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL

Eu sou a favor de taxar. Agora, você tem uma extrema direita no Brasil, populista, mixuruca que, em tese, a gente deveria ter uma esquerda — veja como o mundo mudou — preocupada com os trabalhadores, com não sei o quê, e os empresários que lutem pra tentar... Antes era a direita que defendia esse interesses. Mas, hoje, você tem um extrema direita populista que não está nem aí, ela não quer proteger nada. Caso se passe a taxar, isso vai virar campanha eleitoral - 'A taxação para os coitados que compravam nas chinesas, olha aí o que aconteceu, foi no governo Lula' - sem saber se isso protege empregos, a quem isso beneficia, o que isso traz de positivo pra economia brasileira. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL

O Tarcísio [de Freitas, governador de São Paulo] não vai aparecer pra dizer que é favorável, o Ratinho [Júnior, governador do Paraná] não vai aparecer pra dizer que é favorável, o [Ronaldo] Caiado [governador de Goiás] não vai aparecer pra dizer que é favorável, a direita não vai aparecer pra dizer 'Não, é isso mesmo, isso é o correto'. É uma decisão difícil, porque ela é eleitoralmente perigosa. Sem dúvida nenhuma. Mas, o governante tem que pensar nisso? Será que ninguém pensa nisso, só o Lula pensa nisso? Todo mundo pensa nisso. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL

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