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China acusa presidente Lai de empurrar Taiwan para a 'guerra'

23/05/2024 23h47

A China acusou nesta sexta-feira (24) o novo presidente taiwanês, Lai Ching-te, de empurrar a ilha autônoma para a "guerra" e ameaçou reforçar as "contramedidas", no segundo dia das grandes manobras militares ao redor de Taiwan.

"Desde que tomou posse do cargo (na segunda-feira), o dirigente da região de Taiwan tem questionado seriamente o princípio de uma só China (...) o que está empurrando os nossos compatriotas de Taiwan para uma situação perigosa de guerra", afirmou Wu Qian, porta-voz do Ministério da Defesa, em um comunicado. 

"Isto se chama brincar com o fogo. E quem brinca com o fogo, certamente ficará queimado", acrescentou.

"Cada vez que (o movimento que apoia) 'a independência de Taiwan' nos provocar, nós vamos dar um passo a mais com nossas contramedidas, até conseguir a reunificação completa da pátria", advertiu o porta-voz. 

O Exército chinês iniciou na quinta-feira dois dias de exercícios militares ao redor de Taiwan, que na segunda-feira celebrou a posse de Lai Ching-te como presidente, considerado por Pequim como um "perigoso separatista".

O Ministério da Defesa de Taiwan disse que "desde as 7h14 de hoje (20h14 de quinta-feira no horário de Brasília) foram detectados 62 aviões (...), 47 dos quais cruzaram a linha média", em referência à linha que divide o estreito de Taiwan, localizado entre a ilha e a China continental.

Trata-se do maior número de aviões observados em 24 horas este ano. O ministério também contou 27 barcos da Marinha e Guarda Costeira chinesas, mobilizados para esses exercícios.

O dispositivo faz parte de uma campanha de escalada da pressão militar da China sobre esta ilha de regime democrático, com incursões quase diárias de navios e aviões em seu entorno e vários exercícios em grande escala desde 2022.

O objetivo é verificar "a capacidade para tomar o poder, atacar conjuntamente e controlar territórios-chave", destacou nesta sexta-feira o porta-voz militar chinês Li Xi.

- Unificação "inevitável" -

Em Pingtan, ilha chinesa situada no estreito de Taiwan, turistas posavam nesta sexta-feira diante de um cartaz que dizia "A distância mais próxima entre a pátria mãe e a ilha de Taiwan", de 126 km.

"Compartilhamos raízes comuns", declarou à AFP Chen Yan, uma mulher de 60 anos de Wuhan, no centro da China. "Então, acredito que é inevitável que haja uma unificação."

Imagens divulgadas pelo Exército chinês mostram soldados saindo de um prédio para ocupar seus postos de combate e aviões militares decolando ao som de uma música marcial.

A rede estatal CCTV informou que marinheiros chineses se comunicaram com seus pares taiwaneses em alto-mar e os advertiram que não deveriam "resistir à reunificação pela força".

E um gráfico animado publicado pelas Forças Armadas chinesas recria uma chuva de mísseis contra alvos-chave no norte, no sul e no leste da ilha, assegurando que vão "cortar os vasos sanguíneos da independência de Taiwan".

A Guarda Costeira de Taiwan denunciou que quatro navios da Guarda Costeira chinesa haviam entrado em "águas restritas" de seu território, e exigiu de Pequim a "interrupção imediata do comportamento irracional".

As Nações Unidas pediram nesta sexta a todas as partes que evitem uma escalada, e os Estados Unidos, principal aliado e fornecedor de armas de Taipé, instaram "firmemente" a China a agir "com moderação".

A China e Taiwan são governados separadamente desde o fim da guerra civil chinesa em 1949, mas Pequim reivindica sua soberania sobre a ilha e não descarta o uso da força para tomar seu controle.

O território tem relações diplomáticas oficiais com apenas 12 países do mundo, mas possui governo, exército e moeda própria e desempenha um papel crucial na economia mundial como principal produtor de semicondutores.

Antes da vitória de Lai nas eleições presidenciais de janeiro, a China alertou que se ele fosse eleito, levaria "guerra e declínio" à ilha.

Em um discurso de posse que enfureceu Pequim, Lai celebrou uma época "gloriosa" para a democracia de Taiwan e instou a China a "cessar sua intimidação política e militar".

Nesta sexta-feira, a agência de notícias Xinhua e o Diário do Povo do Partido Comunista publicaram editoriais elogiando as manobras militares, atacando o "comportamento traidor" de Lai e prometendo "um duro golpe".

Na véspera, o porta-voz da diplomacia de Pequim, Wang Wenbin, assegurou que as manobras eram uma "séria advertência" dirigida aos "independentistas" da ilha, que acabarão "ensanguentados".

Os exercícios ocorrem no estreito de Taiwan e ao norte, sul e leste do território, assim como nas ilhas administradas por Taipé de Kinmen, Matsu, Wuqiu e Dongyin.

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© Agence France-Presse

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