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Ucrânia tenta 'estabilizar' linha de frente diante do avanço russo no nordeste

16/05/2024 07h07

A Ucrânia afirmou, nesta quinta-feira (16), que está tentando "estabilizar" a linha da frente, diante do avanço das tropas russas no nordeste do país, onde Moscou lançou uma ofensiva surpresa que lhe trouxe as maiores conquistas territoriais no período de um ano e meio.

As autoridades ucranianas acusaram os militares russos de executar pelo menos um civil ucraniano e de usar dezenas como "escudos humanos" em Vovchansk, cidade na província de Kharkiv.

Do outro lado da fronteira, o governador da província russa de Belgorod, Viacheslav Gladkov, informou que um ataque de drones ucranianos atingiu um veículo e matou uma mãe e seu filho de quatro anos.

Entre 9 e 15 de maio, as forças russas conquistaram 257 km² na região nordeste, epicentro de um novo ataque de Moscou, segundo uma análise realizada nesta quinta-feira pela AFP com base em dados do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), com sede nos Estados Unidos.

Além disso, as tropas russas ocuparam outros 21 km2 em diversas áreas do front, segundo a mesma fonte.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou, nesta quinta-feira, pelo Telegram, que reuniu o comando militar na cidade de Kharkiv, a segunda maior do país, e considerou que a situação na província homônima é "extremamente difícil", mas que "no geral está sob controle".

As forças ucranianas "conseguiram estabilizar parcialmente a situação", disse o porta-voz do Exército, Nazar Voloshin, afirmando que "o avanço do inimigo em algumas áreas e localidades foi travado", embora as forças russas ainda estejam tentando avançar. 

O governador Oleg Synegubov afirmou que o "inimigo" seguia avançando na província de Liptsi e tentava "tomar Vovchansk".

"Não podemos dizer que os nossos soldados conseguiram estabilizar a linha da frente", admitiu, embora considere que a fase "ativa" do avanço "foi reduzida".

- Escudos humanos -

O Ministro do Interior ucraniano, Igor Klimenko, citando relatórios de inteligência, denunciou que as tropas russas estão prendendo e matando civis em Vovchansk. 

A polícia da província afirmou que as forças de Moscou mantêm entre 35 e 40 civis em Vovchansk e os utilizam como "escudos humanos, uma vez que o seu quartel-general fica próximo".

Um idoso morador da província, que tentava fugir a pé para um território controlado pela Ucrânia, morreu após levar um tiro na cabeça, segundo a mesma fonte.

A AFP não pôde confirmar de forma independente estas alegações, enquanto a Rússia não se manifestou imediatamente.

As forças russas foram acusadas de numerosos abusos documentados na Ucrânia, mais notavelmente do massacre de centenas de civis em Bucha, subúrbio de Kiev que ocuparam no início da invasão, em 2022.

Moscou lançou uma ofensiva em Kharkiv se valendo do enfraquecimento nos últimos meses das forças ucranianas, afetadas pela falta de soldados e também de munições, esta última devido à lentidão na entrega da ajuda militar ocidental.

- Putin, satisfeito -

Segundo os serviços de resgate, 8.800 pessoas foram evacuadas nos últimos dias na província de Vovchansk.

Alguns civis continuam chegando a um centro humanitário na cidade de Kharkiv. 

Entre eles estava Nadia Borodina, 85 anos, acompanhada de seu cachorro e gato. "Os soldados vieram e gritaram 'Vámos, vámos', e saímos em cinco minutos", disse ela. 

Além de Kharkiv, Moscou continua sua ofensiva no Donbass, também no leste da Ucrânia, onde tenta tomar a cidade estrategicamente importante de Chasiv Yar e avançar para o oeste de Avdiivka, conquistada em fevereiro.

Na noite desta quinta-feira, o Exército ucraniano disse que não houve mudanças significativas no front, mas que algumas tropas tiveram que se "reagrupar" na província de Pokrovski, perto de Donetsk, "por causa de um fogo intenso e ataques".

O presidente russo, Vladimir Putin, em visita à China, afirmou em um comunicado conjunto divulgado pelo Kremlin que tanto Moscou como Pequim "apontam para a necessidade de parar qualquer medida que contribua para a propagação das hostilidades e uma escalada do conflito".

Na véspera, o líder russo comemorou o progresso de seu Exército "em todas as frentes".

No entanto, um alto comandante da Otan disse nesta quinta-feira que a Rússia não tem forças suficientes "para empreender um avanço estratégico" na Ucrânia.

"Além do mais, eles não têm a destreza, nem a habilidade para fazê-lo", disse aos repórteres o general norte-americano Christopher Cavoli, Comandante Supremo das Forças Aliadas da Otan na Europa.

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© Agence France-Presse

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