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Deputado: Corremos risco de ver a criação de campo de refugiados climáticos

do UOL

Colaboração para o UOL, em São Paulo

16/05/2024 19h09Atualizada em 16/05/2024 20h26

As cidades provisórias propostas para abrigar as vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul correm o risco de se transformar em um campo de refugiados climáticos, afirmou o deputado estadual Matheus Gomes (PSOL-RS) ao UOL News nesta quinta (16).

O governo gaúcho planeja contratar uma empresa para construção destas cidades temporárias em Porto Alegre, Canoas, Guaíba e São Leopoldo. Objetivo é abrigar 77 mil desabrigados. Já são 151 mortos pela tragédia e mais de 800 feridos em todo estado.

Penso que as cidades provisórias estão surgindo como alternativa de forma desorganizada e isso me preocupa muito. Porque o Estado já não tinha planejamento para lidar com uma evacuação de centenas de milhares de pessoas, e agora [estão] improvisando de forma destrambelhada.

O presidente Lula apresentou uma série de políticas para lidar com o problema da moradia a curto, médio e longo prazo. Então é mais viável a gente trabalhar a partir dessa perspectiva do que correr um risco de criar um grave problema social.

A gente corre sim um grande risco aqui de ter um novo problema social na cidade de Porto Alegre: que é a criação de um campo de refugiados climáticos. O que não nos parece adequado diante de da possibilidade de dar uma moradia digna, mesmo que temporária, às pessoas que estão nessa situação. Matheus Gomes, deputado estadual (PSOL-RS)

O deputado afirma que estão sendo apresentadas outras alternativas para as prefeituras, como a possibilidade de abrigar as vítimas em imóveis desocupados e hotéis.

As prefeituras têm apresentado essa ideia das cidades provisórias como forma de ir lá e se livrar de um problema das classes mais baixas que são atingidas nesse momento pelas enchentes e inundações. Nós poderíamos estar discutindo uma política mais adequada, humanizada e de caráter temporário que poderia ser financiado também pelo orçamento público.

Querem uma cidade provisória no Porto Seco, que é uma região periférica extremamente precarizada, sem condições de infraestrutura adequada, com uma série de problemas. E nós poderíamos estar tentando construir outras alternativas agora. Por exemplo, é possível utilizar o instrumento da requisição administrativa combinado com o aluguel social para que a gente abrigue pessoas em imóveis desocupados.

Temos cerca de 100 mil imóveis desocupados na cidade de Porto Alegre. Nesse momento em que se discute uma série de créditos, financiamento, liberação de recursos para poder acolher as pessoas, me parece que seria mais adequado fazer abrigamento em imóveis desocupados, nas redes de hotéis, mas não jogar as pessoas em ambientes precários, temporários, que vão acabar aprofundando as questões de desigualdade social. Matheus Gomes, deputado estadual (PSOL-RS)

"A gente já está perdendo um pouco da esperança", diz voluntária

Também no UOL News, a voluntária Adrissa Bender, moradora de São Leopoldo contou que a volta das chuvas, o frio e a falta de perspectiva de voltar para casa de forma definitiva vêm minando a esperança das pessoas que buscaram abrigo após as enchentes.

A gente já tá perdendo um pouco da esperança assim [de melhora]. Vejo pelo pessoal que tá aqui que eles foram perdendo o brilho. No começo eles pensavam que na outra semana iam voltar para suas casas, mas não é o que está acontecendo.

Abrimos as portas do abrigo sem nada. Fomos conseguindo doação cada um com o que pode. A gente não tem água também, temos luz, mas não temos água. Mais de 15 dias sem água. A gente vai se virando como a gente pode, mas está muito complicada nossa situação aqui, voltou a chover de novo. Está muito frio.

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Quando: De segunda a sexta, às 10h e 17h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

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