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Coppola e seu épico 'Megalopolis' finalmente estreiam em Cannes

16/05/2024 09h36

"Megalopolis", o aguardado filme da lenda do cinema Francis Ford Coppola, uma obra monumental que demorou anos, estreou nesta quinta-feira (16) em Cannes, onde disputa a Palma de Ouro. 

Uma obra-prima ou uma história caótica? A imprensa parecia dividida antes da cerimônia de gala, que reuniu no tapete vermelho uma constelação de Holywood liderada pelo protagonista Adam Driver. 

Acompanhando o cineasta, apareceram Jon Voight, Shia Labeouf, Laurence Fishburne e Aubrey Plaza, entre outros.

O veterano diretor chegou com um chapéu de palha e uma bengala na mão, ao lado de sua neta, Romy Mars, filha da também cineasta Sofia Coppola.

Alguns jornalistas que estiveram em exibições anteriores vaiaram e outros aplaudiram, constatou a AFP. Ao final da gala oficial, o longa de mais de duas horas foi aplaudido, embora alguns presentes não tenham demonstrado muito entusiasmo.

"Megalopolis" conta os esforços de um arquiteto (Drive) ambicioso para fazer renascer Nova York, enquanto enfrenta a oposição do prefeito (Giancarlo Esposito).

Mas Coppola, de 85 anos, traça a história como uma parábola: Nova York como a Roma republicana, os Estados Unidos como um império em decadência.

As alusões à história clássica do Império Romano são constantes, especialmente à história de Catilina, um político com uma reputação sangrenta que viveu entre 108 e 62 a.C.

E também há monólogos de Shakespeare, um pouco de latim, combates de gladiadores, reflexões sobre a história norte-americana, números musicais e um truque inesperado, uma artimanha que só poderia sair do chapéu de um gênio, e que torna "Megalopolis" um filme realmente difícil de distribuir pelo mundo todo.

A imprensa especializada de Hollywood relatou a perplexidade dos distribuidores que assistiram ao filme antes de Cannes.

Ainda assim, a rede de cinemas Imax, especializada em telas de grande formato, anunciou nesta quinta-feira que está disposta a apresentá-lo em todo o mundo.

- Nada pela metade -

Coppola é um cineasta que não faz as coisas pela metade. Para "Megalopolis", precisou hipotecar parte de suas propriedades. O orçamento do filme girou em torno de 120 milhões de dólares (R$ 615 milhões na cotação atual).

Ele declarou em entrevistas que há 40 anos pensa nesta obra, que já reescreveu diversas vezes. 

"Eu diria que é o filme mais ambicioso no qual trabalhei, mais do que 'Apocalypse Now'", afirmou o diretor. 

Há um mês, Coppola perdeu a esposa, Eleanor, seu apoio incondicional há mais de seis décadas, e dedicou a ela este projeto, que pode ser seu último.

- Momento de nostalgia -

Cannes viveu um momento de nostalgia que se repetirá várias vezes nesta 77ª edição, já que, além de Coppola, há vários mestres de sua geração, dentro e fora da competição oficial.

Paul Schrader, diretor de "Gigolô Americano", de 77 anos, concorre com "Oh, Canada", estrelado por Richard Gere. 

George Lucas, que acaba de completar 80 anos, receberá a Palma de Ouro honorária, assim como Meryl Streep, de 74 anos, homenageada no dia de abertura do festival. 

George Miller, criador de "Mad Max", apresentou na quarta-feira, fora da competição, "Furiosa", mais um capítulo da saga. 

Coppola ganhou sua primeira Palma de Ouro em 1974 com "A Conversação" e sua segunda com "Apocalypse Now" em 1979.

Seu legado não é apenas visual. Ele faz parte de uma geração que mudou a forma de financiar o cinema em relação à época dos grandes estúdios.

"Como cineasta e showman, Coppola sempre mirou alto (...) Ele desafiou a lógica de sua carreira", disse à AFP o veterano jornalista de cinema americano Tim Gray.

"Acho admirável que este homem de 85 anos se comporte como um cineasta independente, como um artista que quer vir mostrar seu trabalho. Cannes é importante para ele e ele é importante para Cannes", destacou recentemente Thierry Frémaux, diretor-geral do festival.

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© Agence France-Presse

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