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Maré, vento e mais: por que o Guaíba demora a baixar mesmo sem chuva

Homem caminha por rua alagada no centro histórico de Porto Alegre - Anselmo Cunha / AFP
Homem caminha por rua alagada no centro histórico de Porto Alegre Imagem: Anselmo Cunha / AFP
do UOL

Colaboração para o UOL

15/05/2024 13h56

Apesar da trégua nas chuvas no Rio Grande do Sul, o Guaíba continua com nível elevado e a cheia que inunda Porto Alegre ainda deverá levar dias para retornar a patamares seguros.

Entenda por que nível da água não diminui

A cota do Guaíba chegou hoje a 5,19 metros e é considerada estável. A expectativa é de que a água comece a baixar mais expressivamente nos próximos dias — ainda que lentamente e dependendo do volume das chuvas.

Basicamente, a vazão e o vento — além das chuvas — são os fatores responsáveis pela estabilização do lago Guaíba. Segundo o Metsul, o vento sul passou a soprar mais fraco e o pico da vazão na região acontece neste momento. Esse vento sul é o que gera represamento e contribui para manter o Guaíba elevado.

Características da bacia hidrográfica também colaboram. O Guaíba escoa para o mar através da Lagoa dos Patos. No entanto, a vazão a caminho do mar já é naturalmente lenta devido ao desnível ser pequeno. Além disso, o final da lagoa tem uma passagem estreita e, quando a maré está alta, as águas encontram mais dificuldades para desembocar no oceano.

O relevo é outro fator explica por que o nível do Guaíba não desce: região fica em uma área plana, entre rios e morros.

Infraestrutura prejudicada. Porto Alegre tem um sistema antienchentes que foi construído em 1970 e funciona como uma "muralha" que protege a cidade ao longo de 60 quilômetros. A capital tem 23 estações de bombeamento, mas parte delas ficou danificada pelas inundações. Até a última segunda-feira (13), somente oito delas estavam em funcionamento.

Nível "absurdamente alto" deve prolongar enchentes. Ainda de acordo com o Metsul, as inundações na cidade de Porto Alegre, ainda que gradualmente menores, vão seguir por muito tempo, possivelmente se estendendo até o começo de junho. "A razão é simples: o nível está absurdamente alto", diz o instituto em nota.

Nível acima de 4 metros durante esta semana. Já segundo o IPH (Instituto de Pesquisas Hidrológicas) da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), as previsões indicam estabilização em nível elevado acima dos 5 metros e uma recessão lenta nos próximos dias, ficando acima de 4 metros durante esta semana.

"A duração da recessão com níveis elevados poderá ser prolongada a depender do volume de futuras chuvas", reforça o órgão.

As ruas de Porto Alegre ainda ficarão alagadas por semanas. Especialistas concordam que o nível das águas levará cerca de um mês para baixar.

Números da tragédia

Dos 497 municípios gaúchos, 446 sofreram alguma consequência dos temporais. As cidades atingidas no estado representam quase 90% do total.

Número de afetados pelos temporais no Rio Grande do Sul é de 2.124.553. Ao menos 538.245 pessoas ficaram desalojadas e 76.580 estão em abrigos. A informação foi divulgada na manhã de hoje.

Mortes chegam a 149. Os municípios com maior registro de mortes foram Canoas (19), Caxias do Sul (10) e Roca Sales (10). Ainda são 108 desaparecidos, além de 806 feridos, segundo o boletim da Defesa Civil Estadual.

Cerca de 76.588 pessoas foram resgatadas. Já o número de animais salvos chegou a 11.427.

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