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Caso Marielle: PGR se opõe à soltura de delegado e destaca elo com milícia

O delegado Rivaldo Barbosa em imagem de 2018; ele chefiava a Polícia Civil do RJ à época do crime - Fernando Frazão/Agência Brasil
O delegado Rivaldo Barbosa em imagem de 2018; ele chefiava a Polícia Civil do RJ à época do crime Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil
do UOL

Do UOL, em São Paulo

15/05/2024 18h11Atualizada em 15/05/2024 22h52

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, se manifestou contra a soltura do delegado Rivaldo Barbosa, acusado de ter ajudado no planejamento do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

O que aconteceu

PGR disse ser contra revogação da prisão preventiva de Rivaldo, porque, além de ter ajudado no planejamento do crime, ele tentou atrapalhar a investigação do caso. O delegado era chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro à época, em 2018. Ele foi preso em 24 de março juntamente com o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil) e o conselheiro do TCE-RJ Domingos Brazão e após decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes.

Gonet também apontou que Rivaldo "mantém relações ilícitas com os principais milicianos e contraventores do Rio de Janeiro". "Sua libertação, aliada ao poderio econômico de que dispõe e dos contatos com as redes ilícitas existentes no Município do Rio de Janeiro, poderá frustrar a própria aplicação da lei penal e comprometer a instrução criminal", escreveu.

A PF apontou que o delegado recebeu R$ 400 mil para evitar o avanço das investigações. Rivaldo foi alçado ao cargo de delegado chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro um dia antes do assassinato de Marielle.

PGR se manifesta sobre a solicitação da defesa, mas decisão é de Moraes.

Ao UOL, o advogado de Rivaldo Barbosa, Marcelo Ferreira, afirmou que seu cliente é inocente, e "não oferece qualquer risco à ordem pública". "A defesa confia na justiça que há de ser feita pelos ministros do STF, não só para conferir a Rivaldo Barbosa o direito de responder ao processo em liberdade, mas, principalmente, para restabelecer a dignidade", disse.

Denúncia contra o delegado e os irmãos Brazão foi apresentada na semana passada. A PGR também denunciou o PM Ronald Paulo Alves Ferreira, conhecido como major Ronald e apontado como ex-chefe da milícia da Muzema, na zona Oeste do Rio

Marielle era vista como obstáculo, e assassinato dela seria exemplo, diz a PGR. A denúncia apontouos irmãos Brazão mandaram matar a vereadora porque a chegada dela à Câmara do Rio, em 2016, mudou "radicalmente" a votação de propostas de flexibilização da regularização de terrenos em áreas de milícias na capital fluminense, tema de interesse dos irmãos. Ainda segundo a PGR, a morte dela serviria para inibir a atuação de outros opositores.

Hoje o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou a abertura de processo que pode cassar Chiquinho. Por 16 votos favoráveis e 1 contrário, o Conselho aprovou a representação que pedia a abertura do processo de cassação.

Famílias relataram surpresa com envolvimento de Rivaldo

Viúva de Marielle afirmou à época da prisão que Rivaldo foi a primeira autoridade a receber as famílias após o crime. "[Ele falou] que seria uma prioridade da Polícia Civil a elucidação desse caso e hoje saber que o homem o qual nos abraçou, prestou solidariedade e sorriu, hoje tem envolvimento é para nós entender que a Polícia Civil não foi só negligente", disse a vereadora do Rio Mônica Benício (PSOL).

"Apesar de não ter idealizado [o crime], ele [Rivaldo] foi o responsável por ter o controle do domínio final do fato", diz o documento da PF. Foi Rivaldo quem garantiu a impunidade do crime, disse em delação premiada à PF o ex-policial Ronnie Lessa, que executou os tiros.

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