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Empresário acusado de drogar e abusar de 3 mulheres em PE cai no grampo com delegada

Empresário e político Rodrigo Cavalheira - Reprodução / Redes Sociais
Empresário e político Rodrigo Cavalheira Imagem: Reprodução / Redes Sociais

São Paulo

21/04/2024 15h48Atualizada em 21/04/2024 16h12

Conversas interceptadas pela Polícia Civil de Pernambuco mostram que o empresário Rodrigo Carvalheira, do ramo de restaurantes, tentou usar sua influência política para atrapalhar o andamento dos inquéritos que levaram ao seu indiciamento por estupro de vulnerável. Ele é acusado de drogar e abusar sexualmente de três mulheres entre 2009 e 2019.

Procurada pelo Estadão, a defesa ainda não havia se manifestado até a publicação deste texto. Quando ele foi denunciado pelo Ministério Público, no dia 17 de abril, no primeiro dos três casos, a advogada Graciele Queiroz afirmou que o empresário "sempre esteve à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários".

Os diálogos obtidos pela Polícia Civil de Pernambuco indicam que o empresário teria procurado os secretários estaduais de Turismo e Lazer, Daniel Coelho, e da Casa Civil, Túlio Vilaça, para tentar transferir as investigações que correm na Delegacia da Mulher.

Coelho não retornou a reportagem. Vilaça confirmou que foi procurado via WhatsApp pelo empresário, que segundo ele pediu uma reunião para tratar de um "assunto pessoal importante para caramba", sem adiantar sem detalhes. "Essa mensagem nunca foi respondida por mim e a reunião nunca ocorreu. Depois disso, não houve mais nenhuma tentativa de contato. Ainda assim, é preciso esclarecer: na época em que recebi a mensagem, dia 5 de março, as investigações sobre Rodrigo Carvalheira não eram de conhecimento público, portanto eu também as desconhecia."

Nas mensagens obtidas pela Polícia Civil, Rodrigo Carvalheira conversa sobre as investigações com a delegada Natasha Dolci. As mensagens levaram a corporação a pedir uma investigação à parte sobre a conduta dela, por suspeita de tráfico de influência e advocacia administrativa. Em entrevista ao Diário de Pernambuco, a delegada alegou que essa foi uma "conversa informal entre amigos".

A delegada afirma nas mensagens que o empresário está "esperando demais" e que poderia "ter corrido atrás". Carvalheira responde que está "esperando o negócio da filiação da turma, o prazo da galera para acalmar na política". Também afirma que "Daniel não quis se meter". "Aí só Túlio", emenda. O trecho seguinte é inaudível.

Os diálogos foram revelados pela blogueira Noélia Brito e confirmados pelo Estadão.

O juiz José Claudionor da Silva Filho, da 18.ª Vara Criminal da Capital, chegou a decretar a prisão preventiva do empresário, por suspeita de obstruir o inquérito.

"O investigado possui amizade dentro da própria Polícia Civil de Pernambuco e está fazendo uso de sua influência política para atrapalhar a presente investigação, além de estar intimidando vítimas e testemunhas do caso", justificou o magistrado.

A decisão atendeu a um pedido da Polícia Civil, reforçado pela 29.ª Promotoria de Justiça Criminal da Capital.

Dias depois, Carvalheira foi beneficiado por uma nova decisão e conseguiu a liberdade provisória, condicionada ao uso da tornozeleira eletrônica.

Ex-secretário de Turismo de São José da Coroa Grande, no sul de Pernambuco, Rodrigo Carvalheira foi denunciado por três mulheres que faziam parte do seu grupo de amigos. Todas relataram que não eram próximas dele, mas que conviviam no mesmo ciclo social. De acordo com a Polícia Civil, os supostos abusos aconteceram depois que as vítimas perderam a consciência pelo uso de comprimidos oferecidos pelo empresário.

Em um dos casos, a mulher relatou que foi estuprada depois de pegar carona com Carvalheira ao sair de uma festa. Ela narrou que estava consciente. O empresário nega as acusações.

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