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Companhia brasileira de Teatro Munganga completa 37 anos de presença na Holanda

20/04/2024 08h43

A companhia, dirigida por Carlos Lagoeiro e Claudia Maoli, se apresenta levando ao público os mais diversos tipos de espetáculos e temas, nos palcos da Holanda e até de outros continentes.

Clivia Caracciolo, da Holanda

Carlos e Claudia já eram profissionais no Brasil quando vieram para a Holanda. O casal, sentado no tablado do palco da Casa Munganga, lembra como decidiu assentar as raízes do Munganga em solos pantanosos de Amsterdã há quase quatro décadas.

Claudia revela que Munganga, palavra de origem africana, "significa comunicação sem a palavra, que se dá através dos gestos, da expressão facial, das caretas, dos movimentos exuberantes."  

O diretor Carlos Lagoeiro conta que a companhia se estabeleceu na Holanda, "quase que por acaso" quando vieram apresentar na Europa o espetáculo Parei na curva, em 1986. Ao passarem por Amsterdã os espetáculos fizeram sucesso e esta foi a motivação para o grupo se estabelecer na Holanda.

Público diversificado

Claudia diz que o público que frequenta o local é variado: "há shows noturnos para adultos e aos domingos de manhã as atividades são para crianças a partir de um ano e meio até 5 anos, aos sábados à tarde, os concertos são para crianças a partir dos 6 anos".

No passado, o público infanto-juvenil da Holanda e da Bélgica, recebia atenção da companhia de teatro, "que levava até os jovens temáticas para esta faixa de idade".

A programação do Munganga se destaca pela variedade de atividades temáticas e de estilos diferentes. De acordo com Carlos Lagoeiro, "acontecem shows de Jazz, música clássica, tango, gafieira, flamenco, fado, além das apresentações de peças teatrais, festivais de filmes, incluindo cinema de diretores indígenas e de povos da floresta, rodas de debates com temas que vão desde a nova ordem mundial, até a retirada das tropas estadunidenses do Afeganistão e a pandemia da Covid, na ocasião. Ou seja. Munganga tem as portas abertas para todos que nela baterem e "vierem nos visitar", resume Carlos.

Casa Munganga comemora 10 anos

A Casa Munganga, em 2024, comemora 10 anos de existência e com a principal característica em "ser um espaço de encontros", como enfatiza Claudia Maoli. Presenças ilustres já passaram pela sala do Munganga, como, por exemplo, líderes indígenas brasileiros, incluindo o cacique Dadá, o ativista e escritor Ailton Krenak, o pajé Kamarati entre outros.

Recentemente foi feita uma homenagem a Rita Lee, no show Ela por Elas com seis cantoras brasileiras baseadas na Holanda, cantando músicas da cantora, falecida ano passado.

A programação para este ano de decênio está se adaptando e prosseguem os encontros fixos mensais como as rodas de choro, a montagem do Cabaré Brasil, shows de forró e ainda, mais uma edição do festival de dança butô, com a participação de bailarinos vindos do mundo inteiro para participar.

A terceira margem do rio

O que vem lotando a Casa Munganga é a apresentação da peça solo A Terceira margem, uma adaptação de Carlos Lagoeiro do conto de Guimarães Rosa, "A Terceira margem do rio". Os bonecos são os personagens das histórias contadas ao longo do rio São Francisco.

Segundo Carlos, o "espetáculo foi baseado na obra de Guimarães Rosa, e ele criou a própria história e foi apresentada pela primeira vez em 2003 com enorme sucesso e recentemente, a convite, foi ao Brasil para se apresentar em um festival de teatro e agora, com bilheteria esgotada, na Casa Munganga".

Munganga pelo mundo representando a Holanda

A companhia de teatro Munganga, apesar de ser brasileira, sempre teve suas montagens com repercussão internacional e representou a Holanda em festivais de teatro em outros continentes, como no Japão, em 2005, com o espetáculo Mama Pia, representado por Claudia Maoli no papel principal e no Paquistão, em 2007 com a peça Mimo, sem contar as participações em várias cidades na Europa. 

De acordo com Carlos, "os espetáculos do Munganga são físicos com apelo imaginístico muito forte e é o que possibilita a apresentação em várias partes do mundo".

Convite para a festa de São João com traço cultural

"A Casa Munganga é um lugar de celebração, de inclusão, onde as pessoas se reúnem e se se sentem muito bem, e é muito importante colocar as pessoas neste contexto social", nas palavras de Carlos Lagoeiro.

Aproveitando a ocasião, Claudia Maoli já convida a todos para a festa de São João, "padrinho eleito do Munganga", no dia 23 de junho. Será mais um dos eventos em que haverá a possibilidade de trazer até Amsterdã uma face cultural genuinamente brasileira.

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