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Sebastião Salgado é o grande homenageado do ano pela Organização Mundial de Fotografia

19/04/2024 07h10

O renomado fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado é o grande homenageado do ano pela Organização Mundial de Fotografia em reconhecimento à sua contribuição à linguagem visual da fotografia. Os vencedores do 17° prêmio Sony World Photography Awards 2024 foram anunciados em uma cerimônia em Londres.

Yula Rocha, correspondente da RFI em Londres

Sebastião Salgado recebeu o prêmio Outstanding Contribution to Photography (Contribuição Notável para a Fotografia), sendo o primeiro brasileiro e o segundo latino-americano agraciado com a honraria.

Uma seleta retrospectiva dos mais famosos trabalhos de Salgado faz parte da exposição de fotógrafos finalistas do prêmio aberta nesta sexta-feira (19) ao público na Somerset House, na capital britânica.

"Zona de Sacrifício" e "Entre Esperança e Distópia" são dois dos títulos das fotografias em cartaz que poderiam dar nome às muitas das imagens captadas por Sebastião Salgado nos últimos cinquenta anos, o grande homenageado da premiação internacional de fotografia - Sony World Photography Awards. 

Mas os dois títulos são de fotos de finalistas desta competição que também trataram de temas globais como a catástrofe climática, mineração, migração e destruição das práticas ancestrais de povos Indígenas já retratados por Salgado em seu meio século de carreira como fotógrafo profissional.

Nesta 17ª edição, o juri selecionou cerca de 200 obras entre 395 mil imagens de 220 países, um recorde da competição de fotografia profissional. Os selecionados disputaram prêmios em dez categorias entre arquitetura, meio ambiente, criatividade, retratos, estudantes e jovens, entre outras.

O prêmio de fotógrafo do ano foi dado à francesa Juliette Pavy que expôs uma série de fotografias documentais sobre as vítimas de uma política forçada de controle de natalidade na Groenlândia entre 1966 e 1975 contra quatro mil e quinhentas mulheres Inuit, povo originário do Ártico. A investigação ainda está em curso.

Na mesma categoria de fotojornalismo, e em uma das salas mais cheias da exposição no dia da abertura para imprensa, estão as fotos do brasileiro Raphael Alves. Ele é um dos finalistas da premiação com seu trabalho em Roraima sobre a crise no território Yanomami com retratos fortes de Indígenas desnutridos e rios contaminadas pelo mercúrio com avanço da mineração ilegal na Amazônia.

O verão mais quente da história, em 2023, inspirou muitos dos fotógrafos a retratarem as consequências da emergência climática global com imagens artísticas e impactantes das recentes queimadas no Canadá, a extinção de borboletas na Alemanha, a insegurança alimentar causada pelo clima extremo em boa parte do sul global. 

Temas como o preconceito enfrentado pela comunidade LGBTQ+ da NASA, que bane astronautas não-héteros nas missões, até as histórias de refugiados trans de Uganda que migraram para o Quênia, onde podem ser o que quem quiserem, também foram contemplados.

Exposição das obras de Salgado

Na última sala da exposição estão as obras em preto e branco selecionadas pelo próprio Sebastião Salgado, reconhecido pela sua contribuição à linguagem visual da fotografia. 

São fotos já vistas no Brasil e no mundo como as imagens dos trabalhadores em Serra Pelada e algumas fotos de exposições mais recentes como Genesis e Amazônia.

Aos 80 anos, Sebastião Salgado frequentemente ouve das pessoas que depois de tamanha experiência, ele deveria escrever um livro. A resposta dele está em um texto da exposição:

"Eu já venho escrevendo com fotografias, é minha forma de expressão, minha linguagem. Fotografia é minha vida."

 

A exposição fica em cartaz na Somerset House em Londres até o dia 6 de maio.

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