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Julgamento de Donald Trump em Nova York está pronto para começar

19/04/2024 16h53

O histórico julgamento de Donald Trump entrará na semana que vem em uma nova fase com a apresentação de argumentos acusatórios e o desfile das testemunhas, após a seleção do júri, que decidirá o destino do ex-presidente republicano, ter sido concluída nesta sexta-feira (19).

Enquanto o juiz Juan Merchan concluía a formação do júri, com 12 titulares e seis suplentes, um homem ateou fogo a si mesmo em frente ao Tribunal Supremo de Manhattan, onde está em andamento o processo contra Trump, apesar da forte presença policial e das dezenas de câmeras de televisão que esperavam sua saída para o intervalo do almoço.

O incidente não parecia estar relacionado ao julgamento do ex-presidente republicano. As autoridades disseram que o homem, que antes de se imolar havia lançado panfletos com teorias conspiratórias, estava em estado crítico no hospital.

Uma testemunha, que se identificou como Dave, de 73 anos, contou à AFP, visivelmente abalado, que viu o homem abrir um recipiente, derramar o conteúdo sobre o corpo e se incendiar com um isqueiro.

- Pressão -

Trump, aos 77 anos, se declarou inocente das 34 acusações contra ele por supostamente comprar o silêncio de uma ex-atriz pornô com quem teria tido um caso extraconjugal, para que isso não interferisse em sua campanha para as eleições presidenciais de 2016, nas quais derrotou a democrata Hillary Clinton.

O juiz demorou quatro dias para selecionar, entre cerca de 200 candidatos, o júri que terá a responsabilidade e pressão de julgar ao longo de seis semanas o primeiro ex-presidente na história dos Estados Unidos a se sentar no banco dos réus.

Além disso, Trump é candidato a voltar à Casa Branca nas eleições de 5 de novembro.

Duas mulheres que haviam sido pré-selecionadas começaram a chorar no interrogatório final. "Desculpe. Eu pensei que poderia fazer isso", disse uma que foi rapidamente descartada pelo juiz. "Isso é muito mais estressante do que eu pensei", confessou.

O último obstáculo que a maioria teve que superar foi o questionário minucioso da defesa sobre suas postagens nas redes sociais e sua opinião sobre o ex-magnata, que estava muito atento às respostas.

Na próxima segunda-feira, a promotoria e a defesa apresentarão o caso ao júri, antes que a primeira testemunha de acusação suba ao púlpito, cujo nome não foi revelado por medo de que Trump o publique nas redes sociais.

O promotor Joshua Steinglass negou novamente nesta sexta-feira essa "cortesia" habitual à defesa do ex-presidente. Somente no domingo, disse ele, comunicará a identidade de uma das testemunhas e, se o magnata não a tuitar, talvez reconsidere sua posição, advertiu.

Ao chegar ao tribunal nesta sexta-feira, Trump criticou a ordem que o impede de atacar testemunhas, promotores e familiares de funcionários do tribunal, o que ele chamou de "muito injusto". Na terça-feira haverá uma audiência sobre o assunto.

- 'Aceitem minhas decisões' -

Mas o juiz deixou claro à defesa do magnata que há um "momento" em que eles têm que "aceitar" suas decisões.

"O juiz tem que retirar essa ordem de mordaça", disse Trump, que tem um longo histórico, mesmo quando era presidente, de ameaçar e insultar oponentes públicos e privados.

Na saída, ele novamente rotulou o julgamento de uma "caça às bruxas gigantesca", orquestrada, segundo ele, pelos democratas que querem impedi-lo de voltar à Casa Branca.

Nas últimas pesquisas eleitorais, Trump está empatado com o presidente democrata Joe Biden para as eleições de novembro.

O julgamento, no qual ele tem que estar presente, interrompeu sua campanha, mas Trump tentou aproveitar a cobertura da imprensa para transmitir sua afirmação de ser vítima de um "engano". No sábado, ele fará um comício na Carolina do Norte.

O magnata republicano enfrenta outros três processos na Justiça Penal, entre eles por acusações muito mais graves de tentativa de anular sua derrota eleitoral de 2020 para Biden, mas que foram adiados repetidamente e é pouco provável que agora tenham seus julgamentos realizados antes das eleições.

Se for declarado culpado, poderia ser enviado para a prisão, mas o mais provável é que seja apenas multado. O veredicto do júri tem que ser unânime.

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© Agence France-Presse

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