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Adeus, carro elétrico? Tesla e outras fabricantes indicam mudança de rumo

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do UOL

Julio Cabral

Colaboração para o UOL

17/04/2024 08h00

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Os carros elétricos são vistos como parte fundamental do movimento de eletrificação total de veículos. Antes vistos como a maior solução para a mobilidade limpa, os veículos a baterias têm visto uma mudança no entusiasmo.

Afetados por baixas vendas, algumas fabricantes estão dispensando funcionários, enquanto outras estão revendo o investimento total previamente anunciado em automóveis "verdes". O que está acontecendo?

É um grande conjunto de fatores. Um deles é que as previsões de vendas desse tipo de veículo feitas por muitas montadoras não se concretizaram. Devido ao custo elevado da transição para a eletrificação total e à adesão relativamente baixa dos consumidores, a União Europeia já pensa em flexibilizar as datas de proibição da produção de carros equipados com propulsores a combustão.

Tesla faz demissões em massa

As notícias mais recentes talvez preocupem os ambientalistas. A Tesla dispensou 10% da sua força de trabalho, medida tomada diante da queda no número de vendas. Em relação ao mesmo período do ano passado, a queda na comercialização de veículos da marca norte-americana foi de nada desprezíveis 8,5%.

A decisão foi tomada também em razão da forte concorrência de preços contra os temidos fabricantes chineses de carros elétricos, inseridos em um mercado em que modelos do tipo só crescem em volume de vendas, não apenas no mercado local. Estamos falando de um significativo corte dos cerca de 140 mil funcionários da companhia com sede na Califórnia.

Se antes somente os altos valores dos elétricos e a carência de matérias-primas e estrutura eram as principais preocupações, agora, depois da expansão global dos chineses, a empolgação sobre os eletrificados parece que está diminuindo aos poucos. Não chega ao ponto da desistência, mas as ações apontam para uma cautela maior, evitando a ruptura por completo.

Nesse contexto, vale destacar uma provável mudança nos planos iniciais do presidente norte-americano, Joe Biden. Uma das plataformas do seu governo é eletrificar metade dos carros novos americanos até 2030. É uma medida ousada para a terra dos motores V8.

A General Motors se tornou um dos símbolos dos carros elétricos ao anunciar que só produziria automóveis sem propulsores a combustão a partir de 2035.

Meta ousada, que foi reavaliada. Como noticiado em fevereiro, o grupo automotivo afirmou que híbridos plug-in não serão descartados. Para refrescar a memória, são modelos que contam com um motor a combustão convencional, combinado com um ou mais propulsores elétricos, e trazem baterias de maior capacidade, permitindo rodar o maior tempo possível na eletricidade.

A conterrânea Ford também segurou um pouco os seus investimentos anunciados de US$ 50 bilhões para a fabricação de veículos elétricos, postergando o gasto de US$ 12 bilhões desse total.

É importante ressaltar que as vendas de elétricos puros cresceram em 2023 no país, chegando a mais de 1,2 milhão de unidades. Já se fala em 1,9 milhão de carros em 2024, quando pode chegar a quase 1/5 do total do mercado.

Só que a previsão esbarra em fatores como o acúmulo de estoques e redução na demanda geral.

'Queima de estoque' na Europa

Os bons números de produção e vendas de carros elétricos observados globalmente em 2023 não se repetem em outros grandes mercados, como, por exemplo, a Alemanha.

Lá, o Grupo Volkswagen reportou queda de 24% na venda de elétricos na Europa. Modelos como o ID.3 estão sendo vendidos na promoção. Não deixa de surpreender o fato de que o sucesso na China é diferente. Por lá, o grupo alemão registrou um aumento de 91% na comercialização de elétricos.

Vale citar que o declínio contrasta com os 34,2% de ampliação na venda de elétricos registrada pelo conglomerado na Europa no ano passado.

O comportamento dos consumidores em relação aos veículos de emissão zero também parece dividido, aponta pesquisa da consultoria J.D. Power, segundo a qual cerca de 39% dos compradores recentes de carros elétricos afirmam que comprariam um híbrido ou um modelo a combustão. Quando questionados sobre o desejo de passar do elétrico para um automóvel híbrido plug-in, 48% afirmaram pensar nisso.

Problemas com rede de carregamento, valores mais elevados de compras e falta de incentivos maiores podem responder por essa mudança de demanda e maior busca de híbridos, veículos que dispensam carregadores em suas opções convencionais, ou, se forem plug-in, podem rodar apenas a combustão. Ou seja, são vistos como opções mais versáteis.

Parece que a Toyota tinha total razão quando apostou nos híbridos convencionais e plug-in com as principais saídas no movimento de eletrificação, destacando-se também por ter lançado o primeiro automóvel comercial movido a hidrogênio, o ousado Mirai.

De acordo com os planos da fabricante japonesa, devem ser lançados 55 modelos eletrificados até o ano que vem e dez totalmente elétricos, que devem responder por 50% da oferta somente em 2030.

Impulsionada pela liderança da Alemanha e de outros países, a União Europeia decidiu flexibilizar a meta do banimento de automóveis a combustão até 2035. Curiosamente, a exceção serão os modelos abastecidos com combustível sintético, tecnologia anunciada pela Porsche. Em pouco tempo, a oferta da alternativa deve baratear.

Seja como for, o mundo automotivo pode chegar a um ponto de mudança de planos em relação aos elétricos. Porém, não parece ser um movimento global, dado que os chineses estão mais entusiasmados.

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