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Justiça manda devolver passaporte de Cariani, réu por tráfico de drogas

O influenciador fitness Renato Cariani - Reprodução / Instagram
O influenciador fitness Renato Cariani Imagem: Reprodução / Instagram
do UOL

Do UOL, em São Paulo

16/04/2024 21h34Atualizada em 16/04/2024 21h49

A Justiça de São Paulo determinou a devolução do passaporte do influenciador fitness Renato Cariani, que havia sido apreendido. Em fevereiro, ele e outras quatro pessoas se tornaram réus por tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro.

O que aconteceu

Com a decisão, Cariani poderá fazer viagens a trabalho ao exterior. Porém, a autorização da 6ª Câmara de Direito Criminal prevê que o influenciador deverá comunicar a Justiça sobre todas as viagens que pretende fazer para fora do Brasil com antecedência mínima de 15 dias. A decisão foi proferida na segunda-feira (15) com a relatoria de Marcos Correa, e presença dos desembargadores Farto Salles (presidente sem voto), Machado de Andrade e Zorzi Rocha.

O influenciador também deverá encaminhar as passagens de ida e de volta ao Judiciário quando viajar para o exterior. A decisão foi proferida após pedido solicitado pela defesa. A 6ª Câmara determinou que a decisão fosse encaminhada, com urgência, à Polícia Federal. Quando virou réu, em fevereiro, Cariani e os outros envolvidos precisaram entregar seus passaportes em até 24 horas e ficaram proibidos de sair do Brasil.

Defesa de Cariani argumentou que ele foi vítima de "constrangimento ilegal" pelo juízo da Comarca de Diadema, em São Paulo. Os advogados do influenciador ainda apontaram que ele está sendo colaborativo com as investigações e afirmaram que ele depende de viagens internacionais para participar de eventos, um deles previsto para o dia 20 de abril, e a não liberação do passaporte implicaria em quebras de contrato e pagamento de multas.

Relator apontou que pedido da defesa para a retomada do passaporte não era infundada. Correa afirmou que a retenção do documento interfere "de maneira diferenciada" na liberdade de Cariani e "compromete de modo significativo" seu modo de obter renda. "O que além de comprometer sua subsistência, em último caso, pode, ainda, inviabilizar o pagamento de eventual pena pecuniária que lhe venha a ser aplicada em caso de condenação", acrescentou.

Influenciador virou réu

Em fevereiro, Cariani e outras quatro pessoas viraram réus por suspeita de tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro. A Justiça de Diadema aceitou a denúncia do MPSP (Ministério Público de São Paulo) contra os cinco. Além de Cariani, Roseli Dorth, Fabio Spinola Mota, Andreia Domingues Ferreira e Rodrigo Gomes Pereira viraram réus.

O grupo teria desviado produtos químicos para produção de drogas. Segundo operação do MPSP e da Receita Federal, os casos ocorreram entre os anos de 2014 e 2020.

"Foram identificadas sessenta transações dissimuladas vinculadas à atuação desta associação para o tráfico, totalizando, aproximadamente, doze toneladas de produtos químicos (fenacetina, acetona, éter etilico, ácido clorídrico, manitol e acetato de etila), o que corresponde a mais de quinze toneladas de cocaína e crack prontas para consumo", segundo o MP.

O grupo também teria ocultado e dissimulado procedência do dinheiro. "Os valores provenientes dos crimes de tráfico de drogas acima noticiados, por meio de depósitos em espécie realizados por interpostas pessoas, convertendo em ativo lícito o montante aproximado de R$ 2.407.216,00 (dois milhões, quatrocentos e sete mil e duzentos e dezesseis reais)", diz a denúncia do MP.

Procurada pelo UOL, a defesa de Fabio Spinola Mota disse que reafirma que "ele é inocente das imputações, o que será devidamente esclarecido e comprovado ao longo da instrução processual".

O UOL tentou localizar a defesa dos outros acusados, mas não encontrou. O espaço fica aberto para manifestações.

Entenda a operação

Segundo a PF, o esquema abrangia a emissão fraudulenta de notas fiscais por empresas licenciadas a vender produtos químicos em São Paulo, usando "laranjas" para depósitos em espécie, como se fossem funcionários de grandes multinacionais.

A Anidrol, empresa em que Renato Cariani é sócio, foi alvo de busca e apreensão de policiais federais. A indústria farmacêutica é sediada em Diadema, na região metropolitana de São Paulo.

No total, foram identificadas 60 transações dissimuladas vinculadas à atuação da organização criminosa. São aproximadamente 12 toneladas de produtos químicos (fenacetina, acetona, éter etílico, ácido clorídrico, manitol e acetato de etila), o que corresponde a mais de 19 toneladas de cocaína e crack prontas para consumo, segundo a PF.

Após a operação, Renato Cariani se posicionou e se disse "surpreso". "Para mim, para a minha sócia e para todas as pessoas, foi uma surpresa", afirmou Cariani em um vídeo publicado no Instagram.

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