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Austrália oferece cidadania para francês que tentou impedir ataque em shopping em Sydney

Grupo reza diante de flores oferecidas a vítimas de ataque em shopping de Sydney - DAVID GRAY / AFP
Grupo reza diante de flores oferecidas a vítimas de ataque em shopping de Sydney Imagem: DAVID GRAY / AFP

16/04/2024 13h56

Dois franceses que enfrentaram o autor de um ataque à faca que deixou pelo menos seis mortos no sábado (13) em um centro comercial de Sydney, na Austrália, foram considerados "verdadeiros heróis" pelo presidente Emmanuel Macron. Um deles, cujo visto de moradia estava prestes a expirar, foi convidado a permanecer no país e receber cidadania australiana.

Através da rede social X (antigo Twitter), o presidente Emmanuel Macron elogiou nesta terça-feira o papel dos dois franceses que intervieram contra o agressor durante o ataque que deixou seis vítimas num shopping center. O primeiro é residente permanente na Austrália, o outro se chama Damien Guenot e deveria a deixar o país em alguns meses, já que seu visto expirará em breve. Porém, o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, não apenas elogiou a coragem do francês, como também lhe ofereceu a cidadania australiana.

"Ele é bem-vindo aqui e pode ficar quanto tempo quiser", disse o premiê ao homenagear o francês. "É uma pessoa que acolheremos com prazer como cidadão australiano", completou o chefe do governo.

O ataque ocorreu à tarde no centro comercial de Westfield Bondi Junction, em Sydney, quando o local estava cheio de clientes. A imprensa australiana difundiu imagens de câmeras de vigilância que mostram um homem com uma faca grande no centro comercial, e pessoas feridas no chão. Testemunhas locais que deram conta de um clima de terror relatam que várias pessoas fugiram a refugiaram-se num supermercado, onde permaneceram durante cerca de uma hora.

A polícia australiana identificou um homem de 40 anos com problemas de saúde mental como o autor do ataque, que além dos seis mortos deixou vários feridos em estado crítico. Desempregado, o homem não era casado, nem tinha filhos, e há meses havia adotado um estilo de vida itinerante, vivendo em um veículo e se mudando frequentemente de cidade até chegar a Sydney, em março. A polícia também indicou que o homem enviava mensagens à mãe para avisar onde estava.

Ataque a faca em igreja na Austrália foi ato terrorista

Dois dias depois, os australianos se surpreenderam com um novo ataque a faca, mas desta vez a pista terrorista foi confirmada. A polícia do país anunciou nesta terça-feira (16) que o ataque a faca em uma igreja assíria de Sydney, no sábado (13) foi um ato "terrorista" com motivação religiosa.

"Depois de analisar todo o material, declarei que se tratou de um incidente terrorista", disse em entrevista coletiva a comissária de polícia do estado de Nova Gales do Sul, Karen Webb, acrescentando que o ocorrido foi um ato de extremismo com motivação religiosa e que as vítimas "têm sorte de estarem vivas".

O agressor, de 16 anos, era conhecido da polícia, mas não estava em nenhuma lista de vigilância terrorista. O suspeito foi dominado por fiéis enfurecidos antes de ser detido por policiais. O ataque terminou com cinco feridos: um bispo, o agressor e três paroquianos.

O ataque aconteceu durante uma missa em uma igreja assíria na zona oeste da cidade, e foi transmitido ao vivo. As imagens mostraram um homem se aproximando do altar, com uma faca erguida, e atacando o padre, o que provocou pânico entre os presentes. É possível ver várias pessoas correndo para ajudar o religioso. Tudo aconteceu na paróquia do Cristo Bom Pastor, no bairro de Wakeley, no oeste de Sydney, que abriga uma pequena comunidade cristã assíria, composta em grande parte por pessoas que fugiram da perseguição e da guerra no Iraque e na Síria.

O bispo, esfaqueado na cabeça e no abdômen, está em situação estável e sua saúde está "melhorando", informou a igreja nesta terça-feira.

O chefe da principal agência de inteligência da Austrália, Mike Burgess, ressaltou que o suspeito parece ter agido por conta própria e que não há motivo para elevar o nível de ameaça terrorista. "Neste ponto, parece que foi ação de um indivíduo", afirmou o diretor da Organização Australiana de Inteligência de Segurança. "Nada indica que mais alguém esteja envolvido, mas a investigação continua aberta", acrescentou.

Após o ataque, mais de 500 manifestantes tentaram entrar na igreja para agredir o adolescente detido, mas foram impedidas pelo batalhão de choque. As pessoas usaram tijolos, garrafas e outros objetos contra a polícia. Viaturas e algumas casas foram danificadas. A situação ficou mais calma durante a noite, mas a polícia enviou patrulhas adicionais ao bairro para proteger os edifícios religiosos.

O chefe de Governo de Nova Gales do Sul, Chris Minns, fez um apelo de calma em um comunicado conjunto com autoridades cristãs e muçulmanas. "Pedimos a todos que atuem com bondade e respeito ao próximo", escreveram. "Este é o momento de mostrar que somos fortes e que estamos unidos", concluiu.

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