As informações de que o Irã iniciou um ataque de drones a Israel, neste sábado (13) ainda são vagas e imprecisas. Mais vagas e imprecisas ainda são as possíveis consequências econômicas de um eventual conflito armado no Oriente Médio.
O que pode acontecer?
Pode-se, porém, especular sobre essas eventuais consequências, com base em suposições e hipóteses que levam em conta outros episódios que ameaçaram aprofundar hostilidades na região. Essas consequências incluem:
- Elevação das cotações do petróleo, levando de arrastão outras commodities alimentícias e metálicas;
- Caso esses aumentos se confirmem, as economias ao redor do mundo serão impactadas por pressões inflacionárias;
- Dependendo do grau dessas pressões, a reação dos bancos centrais tende a ser a de elevação das taxas de juros, com potencial para levar as economias a perder impulso de crescimento ou mesmo entrar em zona de risco para recessão;
- Uma alta dos juros, principalmente nos Estados Unidos, fortaleceria o dólar em relação às demais moedas. Essa possível tendência seria reforçada pelo "efeito manada" de um "voo para qualidade" dos capitais que circulam pelo mundo para o mercado americano;
E para o Brasil?
Em relação ao Brasil, os impactos negativos previsíveis, caso se confirme a escalada da guerra no Oriente Médio, seriam, basicamente, os seguintes:
- As cotações do dólar tenderiam a subir, não se sabendo até que nível. Dólar em alta significa pressão inflacionária nos países da zona de influência da moeda americana, caso do Brasil;
- O possível efeito negativo de uma alta do dólar, combinado com juros mais elevados, principalmente nos Estados Unidos, faria com que o Banco Central brasileiro tivesse de revisar e endurecer a política de juros. Juros mais altos são trava ao crescimento;
O lado positivo
Mas, para Brasil, exportador líquido de petróleo e de commodities, os efeitos podem, no balanço de riscos, não ser tão negativos. Por exemplo:
- Efeitos da cotação do dólar podem ser mitigados pelo ingresso de recursos com origem numa possível aceleração dos saldos comerciais, a partir da elevação dos preços internacionais de commodities, sobretudo petróleo;
- O Brasil está longe, geográfica e politicamente, do conflito, apesar do envolvimento diplomático do governo Lula na questão do conflito em Gaza.
Pior no curto prazo
O potencial dos impactos descritos depende, obviamente, do desenrolar do conflito, sua extensão e amplitude. Além disso, alguns desses efeitos podem configurar um tipo de consequências a curto prazo e outros a médio prazo.
As perspectivas mais negativas tendem a ocorrer mais a curto prazo, também no caso do Brasil. A médio prazo, o país apresenta melhores condições de sofrer efeitos mitigados da crise.