Trump perde tentativa de adiar julgamento de suborno até análise da Suprema Corte
Por Luc Cohen
NOVA YORK (Reuters) - Um juiz de Nova York negou nesta quarta-feira a tentativa de Donald Trump de adiar seu julgamento em 15 de abril por acusações relacionadas ao pagamento pelo silêncio de uma estrela pornô até que a Suprema Corte analise sua alegação de imunidade presidencial em outro caso criminal.
A Suprema Corte ouvirá em 25 de abril os argumentos do ex-presidente dos EUA de que ele está imune a processos federais por ter tentado reverter a derrota eleitoral de 2020 para o presidente democrata Joe Biden.
Seus advogados de defesa no caso de Nova York pediram em março que o juiz Juan Merchan adiasse o julgamento até que aquela análise estivesse completa, argumentando que ela é relevante porque os promotores pretendem apresentar evidências de declarações feitas por Trump quando ele era presidente, entre 2017 e 2021.
Em uma decisão judicial nesta quarta-feira, Merchan afirmou que Trump demorou demais para levantar a questão.
“O réu teve uma série de oportunidades de apresentar a alegação de imunidade presidencial muito antes de 7 de março de 2024”, escreveu Merchan.
Todd Blanche, um advogado de Trump, se recusou a comentar.
Trump, o candidato republicano que desafiará Biden na eleição de 5 de novembro, se declarou inocente em todos os seus quatro indiciamentos criminais.
O caso de Nova York pode ser o único a ir a julgamento antes da eleição.
Ele é acusado de ter falsificado registros comerciais para acobertar o pagamento de 130.000 dólares feito pelo seu ex-advogado Michael Cohen para a estrela pornô Stormy Daniels pelo seu silêncio antes da eleição de 2016, sobre um encontro sexual que ela afirma ter tido com Trump em 2006.
Trump nega ter tido um encontro do tipo com Daniels, cujo nome verdadeiro é Stephanie Clifford.
Trump também está tentando um adiamento argumentando que uma enxurrada de notícias sobre o caso levou possíveis jurados a acreditarem que ele já é culpado. Merchan ainda não decidiu sobre esse pedido.
Promotores do gabinete do procurador distrital de Manhattan, Alvin Bragg, que denunciou Trump em 2023, se opuseram à solicitação em um documento judicial divulgado ao público nesta quarta-feira.
Eles argumentaram que foi o próprio Trump quem gerou boa parte da cobertura noticiosa e que eles serão capazes de filtrar jurados tendenciosos pelo processo de seleção de júri.
A decisão da Suprema Corte de aceitar o recurso de Trump no caso de interferência eleitoral federal foi uma grande vitória para ele, atrasando o início do julgamento em meses, pelo menos.
Ele também enfrenta um processo estadual na Geórgia sobre os seus esforços para reverter os resultados das eleições de 2020, bem como um processo federal na Flórida sobre o seu tratamento de documentos governamentais sensíveis após deixar o cargo em 2021. Esses casos também não têm datas de julgamento firmes.
(Reportagem de Luc Cohen em Nova York)