Moscou: França e Rússia expressaram 'disposição de dialogar'; Paris nega
O ministro da Defesa da França, Sébastien Lecornu, e seu colega russo, Sergei Shoigu, mostraram-se nesta quarta-feira (3), durante um telefonema, "dispostos a dialogar" sobre o conflito na Ucrânia, informou o ministro russo, uma informação negada pelo governo francês.
A chamada inesperada, que segundo Moscou foi iniciada pela França, marca um raro caso de contato de alto nível entre os dois países, cuja relação tem sido afetada pela guerra de dois anos na Ucrânia.
"Notou-se uma disposição de dialogar sobre a Ucrânia. O ponto de partida poderia ser a 'Iniciativa de Istambul pela Paz'. A realização de uma reunião em Genebra sem a participação da Rússia não faz nenhum sentido", observou o ministério russo.
Uma fonte do governo francês negou que na conversa tivesse se discutido um eventual "diálogo" entre Paris e Moscou sobre a Ucrânia. "A França não aceitou nem propôs nada" nesse sentido, afirmou o entorno do ministro francês, desmentindo o governo russo.
O ministério russo referiu-se às propostas recentes da Turquia de lançar novas negociações sobre o conflito na Ucrânia. Segundo Paris, durante o telefonema, Lecornu "lembrou a disponibilidade da França" de fazer "intercâmbios maiores" com a Rússia na luta contra o terrorismo, após o atentado ocorrido perto de Moscou no mês passado, cuja autoria foi reivindicada pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI).
Após o telefonema entre Shoigu e Lecornu, o Ministério da Defesa russo disse esperar que "o serviço secreto da França" não tenha tido envolvimento no atentado.
O Kremlin indicou após o ataque que ele havia sido organizado por "islamitas radicais", mas denunciou um envolvimento da Ucrânia, coordenado por ocidentais.
- Iniciativa turca -
"O regime de Kiev não faz nada sem o aval de seus supervisores ocidentais. Esperamos que, nesse caso, o serviço secreto francês não tenha estado por trás disso", expressou Sergei Shoigu no comunicado de seu ministério.
Por outro lado, a Turquia anunciou em março sua disposição de organizar uma cúpula pela paz entre as duas partes do conflito, mas Kiev descartou uma negociação direta com Moscou.
Ancara já havia organizado um diálogo de paz nas semanas após a invasão russa de fevereiro de 2022.
Desde então, tem sido raro o contato entre autoridades russas próximas ao presidente Vladimir Putin e ministros de alguma potência europeia.
Por outro lado, Shoigu criticou seu colega francês pela sugestão da França de enviar soldados ocidentais à Ucrânia, e apontou que "criaria problemas para a França", segundo o ministério russo.
Por sua vez, Lecornu lembrou a seu colega russo que "a França continuará apoiando a Ucrânia" em sua guerra contra a Rússia.
O presidente francês, Emmanuel Macron, endureceu nos últimos meses sua postura em relação à Rússia e não descartou enviar tropas à Ucrânia.
bur/ib/jvb/nn/lb/am
© Agence France-Presse
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