Ao criticar Jair Bolsonaro e dizer que ele "está tentando escapar do risco de ser preso", Lula quer ajudar a impulsionar o ato convocado por setores de esquerda no fim deste mês, afirmou o colunista Leonardo Sakamoto no UOL News desta terça (6).
Essa fala do Lula deve ser entendida dentro de um contexto maior. Falei com pessoas do Palácio do Planalto sobre o que Lula vai fazer. Ele foi convidado [ao ato] e não sabe se vai. Mas uma coisa é saber se ele participará e outra é ele ajudar a bombar o ato, com a crítica ao 25 de fevereiro [data do ato de Bolsonaro na Paulista] para dar aquele empurrãozinho aos movimentos.
Lula não faz isso porque teve um arroubo, mas para fomentar os atos anti-Bolsonaro no final do mês, cujos pontos principais são o combate à tentativa de anistia por parte do ex-presidente e aliados aos atos golpistas e a crítica ao golpismo de uma maneira geral. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Para Sakamoto, seria um erro Lula ir à manifestação. O colunista conversou com pessoas do governo federal, que avaliam o ato como uma forma de marcar território para as eleições municipais deste ano.
Lula não deveria ir por conta de uma série de complicações que isso traria. Na atual conjuntura, seria um erro participar de um ato como esse. Não por sua legitimidade, ele é mais do que legítimo. Mas, em determinado momento, alguém pode pedir a prisão do Bolsonaro e ficaria uma situação esquisita para Lula, que tem a Polícia Federal sob seu comando.
Isso não significa que ele não atue de outras formas para bombar o ato. Em parte, é uma forma de fincar o pé para outubro de 2024. Há uma leitura de que Bolsonaro usou o ato de 25/2 para tentar se promover e manter acesa a chama de sua militância a fim de eleger a maior quantidade de prefeitos e vereadores. É a esquerda e o PT devolvendo na mesma moeda. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Josias: Bolsonaro frequentará palanques em 2024 como indiciado ou réu
Considerado como um "cabo eleitoral de luxo" do PL, Jair Bolsonaro deve participar das eleições municipais deste ano na condição de indiciado ou até de réu, afirmou Josias de Souza. Para o colunista, o STF deve impor uma pena pesada ao ex-presidente, sob risco de sair desmoralizado.
A Polícia Federal opera Bolsonaro com muito método. Podemos dizer que ele frequentará os palanques de 2024 na condição de indiciado ou de réu. Este é o cabo eleitoral do PL de Valdemar Costa Neto e remunerado com verbas do contribuinte brasileiro. Confirmando-se a denúncia, restará ao Supremo duas possibilidades: condenar Bolsonaro ou condenar Bolsonaro. Josias de Souza, colunista do UOL
Anistia não se enquadraria no caso de Bolsonaro, diz advogada
A advogada e pesquisadora da USP Amarilis Costa explicou que um eventual pedido de anistia a Jair Bolsonaro e a aliados não se enquadraria devido às fortes evidências de que houve uma tentativa de aplicar um golpe de Estado.
Do ponto de vista da condução jurídica dos fatos que foram desenhados no 8/1, é muito difícil a aplicação de uma anistia. Falamos de atos lesivos à democracia e ao Estado Democrático de Direito. O instrumento da anistia não se enquadraria dentro da estrutura e do que é esperado enquanto ação com lisura e mais lídima do exercício da Justiça pelo Estado. Amarilis Costa, advogada, pesquisadora e doutoranda em Direitos Humanos pela USP
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